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O Mestre dos Gênios – os tormentos da alma do artista

Muitas, inúmeras vezes o cinema prestou homenagem à literatura, a arte das palavras. A co-produção EUA-Inglaterra de 2016, O Mestre dos Gênios (Genius) é uma entre várias.

Baseado na fascinante biografia escrita por A. Scott Berg, “O Mestre dos Gênios” conta a história do relacionamento entre Max Perkins (Colin Firth) e Thomas Wolf (Jude Law), desde o momento em que se conhecem na época da Grande Recessão de 1929.

Max já era um editor renomado e Wolfe um ambicioso aspirante a escritor. Por conta de sua personalidade exagerada e sua vaidade exacerbada, Wolfe tinha dificuldades em lidar com quase todo mundo, incluindo sua esposa Aline Bernstein (Nicole Kidman), outros colegas como F. Scott Fitzgerald e até mesmo com a esposa de Max.

Um olhar sobre a vida do escritor

O roteiro faz questão de enfatizar os traços negativos de Wolfe, quase sempre enfatizando o contraste com o jeito pacato de Max, única pessoa que consegue ter algum controle sobre o escritor. Alguns dos melhores momentos do longa ocorrem quando os dois estão discutindo a formatação e conteúdo dos livros, o que cortar e o que manter.

O diretor se atém à construção de um romance de época, ainda que a relação dos protagonistas esteja mais próxima daquela entre pai e filho: Wolfe tem em Perkins um substituto para uma figura paterna perdida, enquanto o editor, pai de cinco meninas, enxerga em seu protegido o filho homem que nunca teve.

A interação da dupla não deixa de ter seu apelo, gerando momentos que traduzem um sentimento genuíno de amizade e admiração – como quando contemplam a cidade de New York do alto de um edifício, celebrando o sucesso da parceria.  

A fama de Perkins veio de sua persistência em transformar escritores talentosos como Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway e Thomas Wolf em romancistas icônicos.

O que “O Mestre dos Gênios” tem de brilho mesmo é o reconhecimento que dá a Max Perkins e a quem tem como trabalho a generosa tarefa de tornar as obras passíveis de comunicação com o público.

O diretor Michael Grandage em seu primeiro trabalho valoriza, sobretudo o desempenho dos atores e pode proporcionar a Colin Firth e a Jude Law indicações ao Oscar. 

Como o filme se passa em um dos momentos mais problemáticos da economia americana, a fotografia, figurino e direção de arte estão de acordo com a pobreza e a total falta de esperança presentes no contexto.

A trilha sonora acrescenta uma certa profundidade dos protagonistas, pois retrata seu estado interior.

Um filme de narrativa sólida, firme, madura, sem invencionices, e um elenco de grandes atores em admiráveis atuações, todos sem exceção.

Para qualquer pessoa que goste de bom cinema é um belo filme. Para quem tem ligação com a literatura, é um filme obrigatório, uma pérola especial.

Eu gostei muito!!!

Aqui fica a dica!

Filmes com o mesmo elenco

Mama Mia

Big Little Lies

Dominique

Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!

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Jogo de mentiras conduz a trama sensual de Um Crime Perfeito, na Netflix

Um Crime Perfeito revela-se uma versão muito interessante do filme Disque M Para Matar, clássico inesquecível do grande mestre do suspense Alfred Hitchcock. 

Refilmar uma história cuja versão original foi dirigida por Hitchcock não é um trabalho fácil.  Levando-se em conta que a comparação pode ser inevitável, é preciso muita coragem para encarar um projeto desses. Um filme tenso, inteligente e que envolve dinheiro, crueldade e assassinato. Cheio de reviravoltas que, é lógico não podem ser reveladas aqui, conta com tensão do início ao fim e ótimos diálogos.

O longa nos apresenta ao milionário Steven Taylor (Michael Douglas), um acionista da bolsa de valores que descobre que sua esposa Emily (Gwyneth Paltrow) está tendo um caso com um artista chamado David (Viggo Mortensen). Após descobrir o passado do rapaz, Steven decide fazer uma proposta milionária para o amante de sua mulher. 

Apesar do bom roteiro, o que se sobressai são as atuações.

Michael Douglas impõe respeito com sua voz firme e sua postura sempre agressiva, criando um Steven inescrupuloso, cruel, ameaçador. Mas não há como negar sua inteligência e seu sangue frio.

Convincente também é a atuação de Gwyneth Paltrow, que surge apaixonada e até mesmo inocente, tornando-se sofredora e assustada depois de ser atacada, sempre linda de morrer, muito chique, e eu particularmente torci muito por ela.

Apesar de muito jovem Viggo Mortensem cria um David, amante sedutor e misterioso, numa composição totalmente coerente com o histórico do personagem. Demonstrando talento nos diálogos eloqüentes com Douglas, Mortensen estabelece o equilíbrio de forças entre os integrantes do triângulo amoroso, essencial para que a narrativa funcione tão bem.

Desta forma, os três personagens demonstram forças e fraquezas suficientes para que nenhum pareça se sobressair, o que cria uma atmosfera de incerteza e tensão ideal.

Um bom filme policial é aquele no qual, a partir de certo ponto da trama, é impossível ter certeza se os personagens estão ou não dizendo a verdade.  Um Crime Perfeito, de 1998, se encaixa perfeitamente nessa definição do diretor John Huston.

A trilha sonora, sombria, pontua todas as cenas de suspense, com tensão realçada na apresentação do bagunçado e obscuro apartamento de Steven que cria logo de cara um clima assustador.  

A direção de Andrew Davis é segura e aproveita o potencial da história. A cena do assassinato é particularmente bem dirigida.

Um filme intrigante e bem resolvido.

Um Crime Perfeito, sem dúvida, é um achado na Netflix.

Bom programa!!!

Mais filmes com Hitchcock

Maratona Hitchcock


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Gloria Bell – Drama-comédia sobre amor e solidão com a intensidade de Julianne Moore

Hoje minha dica é o filme Gloria Bell, já nos cinemas, feito para você Dominique de carteirinha.

Sebastián Lelio, grande diretor chileno revisita o projeto, que dirigiu em 2013, chamado “Gloria”, para fazer um remake americano mais sofisticado e com potencial de atingir premiações. “Gloria Bell” trata-se de uma refilmagem plano-a-plano do original. Vale o ingresso por mais uma atuação comovente de Julianne Moore. Filme com intenções simples, despojadas, mas que se diferencia pelo esmero da execução.

Na história, Gloria é uma divorciada que está no auge de sua meia-idade e, apesar das limitações, tem espírito livre, vontade de viver e ser feliz.

Gosta de dançar e se sente uma jovem em plena descoberta do mundo, no entanto quando Arnold (John Turturro) entra em sua vida, o amor, a solidão e o desespero colidem enquanto ela precisa aprender a viver consigo mesma, o que faz render a trama por toda uma jornada de autoconhecimento da protagonista.

O trabalho excepcional da direção utiliza planos fechados, closes e detalhes para mergulhar no íntimo da sua protagonista como se a câmera não existisse. Essa busca pelo realismo é alcançada com êxito e destaca o filme dos demais.

Julianne Moore distingui-se pela sua expressão corporal e olhares penetrantes, por uma atuação segura de si e divertida, cativante, reflexo de uma carreira brilhante. Claramente a atriz se identifica com a personagem e abraça todas suas qualidades e defeitos.

A escolha da atriz é perfeita, e sua representação da personagem é o que permanece do filme original.

O roteiro se sustenta no trabalho de Moore, que vai do sorriso às lágrimas de maneira natural e graciosa. A trilha sonora transcende e se insere dentro dos diálogos da protagonista, que fala pouco, mas que expressa seus pensamentos através das canções que escuta no rádio.

Realmente é um dos pontos mais altos do filme, deixando a vontade de escutarmos em looping eterno os hits dos anos 80. Quando você menos espera já está cantando ou batucando dentro do cinema.

A direção de arte faz um trabalho excelente na composição dos ambientes e dos lugares escolhidos para representar o filme.

“Gloria Bell” conta uma história banal, sobre uma mulher comum, que precisa lidar com o fato de estar envelhecendo ao mesmo tempo em que vê o amor idealizado se perder em sua juventude.

“Gloria Bell” traz uma divertida, melancólica e poderosa reflexão, já que fala da busca desenfreada pela felicidade ao lado de outra pessoa, quando a primeira grande lição da vida é aprender a amar a si mesmo.

Você vai se emocionar, se identificar e dar muitas risadas!
Adorei!!!
Aqui fica a dica.

Confira outro remake:

Perfeitos Desconhecidos

2 Comentários
  1. Adorei seu comentário! Vou acompanhá-la pra não perder nenhuma dica sua. Após ler suas resenhas observaremos o filme com olhar apurado sem perder nenhum detalhe importante ❣️

    1. Dorothy! Que bom, isso me deixa muito feliz! Eh muito importante ter esse retorno! Obrigada querida

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Série Coisa Mais Linda conta com temas atuais na era da Bossa Nova

A Netflix acaba de lançar Coisa Mais Linda, sua nova série original brasileira, aliás, de encher os olhos, situada entre o final da década de 50 e o começo dos anos 60. É uma época mágica, quando o Samba e a Bossa Nova começam a tomar forma, mas também uma época difícil para alguns grupos da sociedade, principalmente o das mulheres.

Contamos com as histórias pessoais de Malu (Maria Casadevall), Adélia (Pathy Dejesus), Lígia (Fernanda Vasconcelos) e Thereza (Mel Lisboa), tratando de assuntos íntimos e profissionais, que se interligam em determinado ponto da trama. Expõe várias problematizações vividas por mulheres da época (e nos dias atuais), como por exemplo, a falta de credibilidade e apoio no ambiente profissional, preconceito racial, abuso físico e psicológico, violência doméstica, aborto, maternidade, etc.

Rio de Janeiro e Bossa Nova

Apesar dos assuntos sérios citados acima, a Bossa Nova, as belas paisagens do Rio de Janeiro, a fé, a coragem e o bom humor das personagens trazem uma leveza essencial para a série.

O drama romance é dividido em sete episódios de em média 50 minutos cada um e nos traz uma perspectiva sobre o papel da mulher na sociedade nas décadas de 50 e 60. Porém trata de temas bem atuais e nos leva a refletir sobre o caminho percorrido até aqui e no que ainda devemos evoluir.

Cada uma das quatro protagonistas da série sai do padrão esperado para mulheres “comportadas” da época e trilham um caminho de transgressões durante os sete episódios. O melhor é ver como cada uma dessas personagens se esforça para se descolar de suas realidades, cada uma no seu tempo e da sua maneira.

As realidades muito diferentes e a tentativa de uni-las pelas dores femininas cria um ambiente de sororidade interessante e  a história que a série tem para contar é envolvente, reflexiva e até intrigante. Apesar de não serem as temáticas principais, o roteiro brilha mesmo ao trazer cenas interessantes que apontam para um racismo institucionalizado da sociedade, a forma como a imposição da masculinidade desestabiliza pessoas e a posição da mulher no ambiente corporativo. Todas essas discussões ganham força ao encarar feridas que mostram a pouca evolução que tivemos nessas linhas nos últimos cinqüenta anos. 

Elenco impecável

O elenco feminino está simplesmente maravilhoso! Capiteneando o barco, Maria Casadevall, arrasa ao construir uma Malu consistente e apaixonante. As demais atrizes também exibem um trabalho perfeito, ajudadas por um texto que se desenvolve com muita competência. O elenco masculino também faz sua parte, com destaque para Ícaro Silva, o Capitão, e Gustavo Vaz, o violento Augusto Soares. Homens tão diferentes um do outro quanto reais.

A parte técnica e a visual de Coisa Mais Linda beira o impecável. A fotografia com cores quentes ameniza e ambienta o Rio de Janeiro do seriado com um aspecto nostálgico. Já as cenas situadas no bar contam com uma iluminação rica em contrastes, que dão bastante destaque para as apresentações musicais e deixam as reações da platéia com um aspecto mais sombrio.

Coisa Mais Linda entrega uma primeira temporada de tirar o fôlego com um final inquietante, mas que nos agrada em gênero, número e grau!

Coisa Mais Linda é daquelas séries que dão orgulho da qualidade!

Muito bem feita, muito boa!

Imperdível!

Amei!!! 

Filmes com mulheres fortes:

Jovem e Bela

A Livraria

A Favorita


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A Educação é a maior das soluções

Em sua primeira experiência na direção de um longa-metragem, Chiwetel Ejiofor esbanja sensibilidade no drama “O Menino Que Descobriu o Vento”, filme original produzido pela Netflix. O ator, que também é roteirista e um dos protagonistas do filme, ganhou notoriedade atuando em “12 Anos de Escravidão”.

Com roteiro adaptado do livro homônimo escrito em 2009 por William KamKwamba, o longa narra a história real ocorrida em 2001 com a família do próprio William (interpretado por Maxwel Simba, em seu primeiro filme).

William, um garoto nascido em um vilarejo no Malawi, cresceu vendo os pais e vizinhos trabalhando como agricultores para sobreviverem. Seus pais, apesar da vida pobre, lutavam para custear os estudos dos filhos para que William e a irmã Annie pudessem ter um futuro melhor.

Mas esse cenário muda quando o governo começa a comprar terrenos próximos e derrubar árvores, em função do desenvolvimento industrial, o que influencia nas mudanças climáticas na região, fazendo com que tenham chuva em excesso e também longos períodos de seca.  

A história mostra todas as questões que levaram o povo do vilarejo à miséria, e esse se torna o ponto alto do filme.

Assim como a fome, a educação é outro tema base do roteiro. William é uma representação perfeita de que o comprometimento é o melhor companheiro que a educação pode ter.

“O Menino Que Descobriu o Vento” é um daqueles filmes de cortar o coração em que não há nada que esteja ruim que não possa ficar pior e que, ainda assim, nos mostra como aos olhos sonhadores de uma criança ainda há esperança para a humanidade.

As atuações, todas de extrema importância em seus papéis. Destaco Maxwel Simba, que nos traz um William curioso, inteligente e emotivo, mostrando com clareza os sentimentos e nos arrancando lágrimas e sorrisos. Ele tem um daqueles rostos adoráveis que nos faz querer acompanhar cada expressão.

Ejiofor também brilhante como Trywell KamKuamba, dando emoção para algumas das cenas mais fortes do filme. Ainda, no papel de Agnes KamKuamba, mãe de William, a atriz franco-senegaleza Aïssa Maïga traz a visão importantíssima da mulher num mundo duro, dominado pelos homens e suas mesquinharias e merece aplausos pela sua atuação.

Os cenários são muito bem feitos e nos transportam para o próprio vilarejo de Malawi, com suas casas rústicas e estradas de terra. O diretor de fotografia utiliza a desolação das secas nas paisagens em meio à narrativa com planos abertos mostrando toda a aridez ao redor da aldeia. São pouquíssimas cenas noturnas, dado que o importante aqui é capturar, com a claridade da luz do sol, cada traço de emoção genuína do elenco.

Outros filmes na Netflix:

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