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Alicia Vikander é a alma de Pássaro do Oriente, thriller psicológico sobre traumas e culpas

Filme que entrou recentemente para o catálogo da Netflix, “Pássaro do Oriente” é instigante, conta com elenco competente e entrega um bom suspense.

Baseado no livro “Delito sem Provas”, escrito por Susana Jones, o longa se passa na Tóquio de 1989 e acompanhamos Lucy Fly (Alicia Vikander), uma tradutora vivendo no Japão para fugir do passado.

A protagonista conhece a garçonete Lily (Riley Keough) e o fotógrafo Teiji (Naoki Kobayashi), iniciando um estranho relacionamento com o rapaz e se sentindo, ao mesmo tempo, atraída e incomodada por Lily. Tudo vira de cabeça para baixo quando sua nova amiga desaparece e ela se torna suspeita de um suposto assassinato. 

A relação da protagonista com Lily e Teiji também cria um interessante jogo de mistério e sedução. Inicialmente uma amizade, os personagens de Vikander e Kobayashi desenvolvem uma tensão sexual crescente, apenas com poucos diálogos e troca de olhares. Não apenas a beleza dele a atrai, como também, a sinceridade e a aparente falta de timidez, tão tradicional nos jovens japoneses, a conquistam.

É incrível como uma história com 106 minutos de seqüências lentas, que se desenvolvem de maneira subjetiva, ou seja, de difícil entendimento consiga passar tão rápido. O espectador não se cansa.

Embora o roteiro seja pausado e complexo, as cenas constantemente voltam a acontecimentos passados da história, de modo a torná-las cada vez mais explicadas. Assim pode-se acompanhar o desenvolvimento da narrativa.

Além da maturidade artística, “Pássaro do Oriente” é a mais incitante e hipnotizante produção, do conceituado cineasta, diretor e roteirista inglês, Wash Westmoreland.

Além do suspense do clima sexy oitentista, o filme é visualmente atraente.

Vencedora do Oscar por “A Garota Dinamarquesa”, a sueca Alicia Vikander se destaca ao transmitir toda a personalidade disciplinada da tradutora através de pequenos atos, por exemplo, como ela se arruma e como ela amarra o cabelo. Vikander impressiona com seu domínio do idioma japonês.

A atriz é quem apresenta emoções que mais se aproximam da sobriedade, enquanto o galã japonês (Kobayachi) se impõe com sua presença física e voz profunda, sempre acompanhada de um sorriso sutil e olhar penetrante.

Riley Keough – na vida real neta do roqueiro Elvis Presley – é a força solar em “Pássaro do Oriente”, sensual e radiante, servindo como contraponto, tanto para Lucy quanto para Teiji. 

A fotografia é assombrosa de tão elegante, realmente magnética, especialmente nas cenas noturnas. Com takes ricamente construídos e bem centralizados – se passando na cidade de Tóquio, a cidade é quase uma personagem por si só.

A trilha sonora é primorosamente orquestrada, evocando emoções do que aquilo que está na tela merece.

Envolvente e bem construído, “Pássaro do Oriente” acaba por ser uma excelente surpresa no catálogo da Netflix.

Aqui fica a dica de um filme que adorei! 

Vale a pena conferir!

Confira o trailer

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Assunto de Família – Real significado de uma família

Ganhador da Palma de Ouro de Cannes em 2018, Assunto de Família deixa claro: lida com tema muito caro para o diretor e roteirista japonês Hirokazu Koreeda. Aqui, ele tenta observar e estudar o que é exatamente uma família, como ela se forma e como ela se mantém unida, com uma esperada abordagem lírica para uma história simples.

Em Assunto de Família, somos introduzidos ao lar de uma empobrecida família japonesa da periferia de um centro urbano contemporâneo, Tóquio. Mãe, pai, tia, avó, duas crianças não compartilham laços de sangue, mas vivem juntos, dividindo refeições, a cama onde dormem e, sobretudo, frutos de pequenos furtos em mercados e lojas de roupa. Sobrevivem e, quando possível, se divertem, amam, gargalham, celebram.

Apesar de uma aparente conveniência – afinal, torna-se mais fácil sobreviver em grupo do que sozinho – as relações humanas entre os membros da família vão muito além disso. A comunicação se revela sempre íntima e direta, sobretudo quando eles precisam surrupiar roupas e frutas.

Desde a seqüência inicial até meados do filme somos chamados a testemunhar uma situação controversa que nos instala em uma desconfortável ambigüidade moral: a família vive de pequenos furtos, para os quais o menino Shota (Jyo kairi) é devidamente treinado, até fraudes e outros expedientes obscuros que vão progressivamente se acentuando. Por outro lado, os laços de fraternidade, companheirismo, apoio e afetos mútuos brilham na tela de modo cativante, apelando ao que há de mais profundamente humano em nossa capacidade de empatia e de compaixão.

Conflitos morais

Para nossa surpresa, o principal conflito diz respeito ao senso moral dos próprios personagens, quando um deles começa a questionar este modo de vida. Antes da transformação do drama ao suspense policial, a narrativa nos prepara com pequenos conflitos psicológicos. A ruína viria de dentro de cada um, e não do mundo exterior.

Koreeda sempre foi um diretor de histórias de famílias, com relatos apegados a sentimentos diversos, das dores às alegrias. Assunto que repete sua já conhecida discrição e naturalidade – ao tratar de cada personagem. É aí que o elenco brilha mais do que a direção singela do autor.

Assunto de Família desenvolve a motivação e desejo de seis personagens fascinantes, criando belos instantes de interação entre eles. É muito difícil atingir uma dinâmica tão fluida, simples e realista quanto esta.

Assunto de família mescla doçura e amargor na medida ideal – transitando facilmente entre a inocência do olhar infantil, com a sobriedade prejudicial de quando sabemos que nossos atos interferem diretamente com o bem estar do próximo.

Muito bom!

Aqui fica a dica!

Assista o trailer

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1 Comentário
  1. Adoro os seus post, vc consegue falar do filme sem spoiler mas colhendo o significado mai profundo. Obrigada Elza ! Acompanho os seus conselhos e nunca me arrependo. Parabéns! Continue

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