Tag: Oscar 2020

Judy: Muito Além do Arco-Íris

Show emocionante de Renée Zellweger que entrega uma interpretação intensa e faz jus à Judy Garland

Judy: Muito Além do Arco-Íris (Judy), drama que mostra o final da vida da atriz e cantora Judy Garland, uma das mais talentosas e importantes da chamada “Era de Ouro” de Hollywood.
Ícone absoluto do cinema desde o sucesso, ainda adolescente, no clássico O Mágico de Oz.


O foco do longa está em sua decadência, quando teve que partir rumo a Londres para uma série de shows por não conseguir meios para se sustentar nos Estados Unidos, mesmo que isso lhe custe a falta dos dois filhos menores que não puderam acompanhá-la. 

Judy Garland foi cria de Hollywood, para o bem e para o mal, e isto lhe custou um preço alto no âmbito pessoal.
Foi submetida a anos de abuso emocional e até físico. O principal nome associado à dependência de remédios que a artista desenvolveu foi de Louis Mayer, uma das grandes figuras da indústria do cinema, que a obrigava  a tomar anfetaminas e barbitúricos para agüentar as intermináveis e violentas horas de gravação de “O Mágico de Oz. Foi entupida de remédios também para emagrecimento, longas horas de jejum e uma opressão que lhe custou seu sono, sua saúde mental – e toda sua fortuna.

Judy Garland viveu seus poucos anos finais como quem sofreu de tudo um pouco. Do estrelato mirim ela foi à falência e para a falta de oportunidades profissionais. 

Em “Judy”,esse tumultuado quadro é trazido pelas telonas, como se a própria atriz quisesse desabafar com o público – os únicos que foram realmente fiéis a ela.
Para contar essa história, o diretor Rupert Goold fez uma escolha certeira e surpreendente: Renée Zellweger não só por sua qualidade vocal, mas devido à transformação física sofrida pela atriz nos últimos anos, que lhe rendeu anos de afastamento de vida pública. É impossível iniciar “Judy” sem ver em Renée a personificação da decadência, o impacto de sua caracterização é tamanho que até mesmo difícil de se lembrar que na tela está um personagem, e não a própria atriz. Renée consegue transmitir um vazio no olhar que impressiona. Entretanto é no palco que a atriz e personagem se transformam: com sua potência vocal, Renée traz para si a dramaticidade do momento da vida de Judy Garland, e o seu também. “Judy” é sua grande volta por cima, a chance de provar que ain da é uma grande atriz.

A hipnotizante atuação de Renée absorve com maestria a essência de Judy Garland. Do franzir dos lábios ao pescoço espichado que formava uma pequena corcunda, e com sua voz autêntica ela mesmo reinterpreta alguns dos hinos mais conhecidos de Garland, traduzindo naturalidade e uma semelhança admirável ao timbre da emblemática atriz.

Judy Garland buscou a vida inteira ser amada, ela digladiou até o fim com a sensação de abandono que a perseguia, enlameada pelos vícios em anti-depressivos, cigarro e álcool – todos vindos de uma vida absolutamente privada de suas próprias escolhas. A jornada da protagonista rumo ao fracasso é desoladora e consegue manter uma conexão de empatia com o espectador, mesmo que seja um período curto da vida de Garland a ser explorado.

O figurino traz uma releitura do guarda-roupa de Judy Garland, e Zellweger cria uma versão própria do ícone. A sua “Judy” é idealizada sem se tornar uma imitação. 

Outro grande detalhe aqui é a direção de arte impecável, colorida e viva. A extravagância da fama e os luxuosos ambientes dos estúdios são trabalhados minuciosamente pela produção, até 
mesmo reconstruindo cenários de alguns filmes clássicos da atriz.

O final é belíssimo com a extraordinária cena ao som de ” Somewhere Over The Rainbow” e uma inesquecível interpretação passional de  Zellweger que nos emociona e faz chorar!

Bravo Renée Zellweger que merecidamente foi premiada com o Oscar 2020 de Melhor Atriz.

O filme é “dela”! Renée Zellweger arrasou!!!

Vale uma ida ao cinema pela interpretação espetacular dessa atriz que provou que seu grande esforço e empenho valeram muito a pena! 

1 Comentário
  1. Elzinha, vc viu a entrevista da Liza, que se negou a auxiliar os produtores contando histórias da mãe e se negou também , a assistir o filme? Será que ela mesma queria fazer esse papel?

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Parasita mostra quadro dramático da Coréia do Sul com visão moderna de luta de classes

O filme Parasita, premiado com a Palma de Ouro em Cannes e pré-selecionado ao Oscar 2020 como representante da Coreia do Sul, está cotado pela crítica como o melhor filme do ano. O longa é de Bong Joon-ho, renomado autor do cinema sul-coreano.

A nova obra do cineasta trata da família de Ki-woo que está desempregada, morando em um sórdido porão na parte mais pobre de Seul. Min-hyuk, amigo próximo de Ki-woo, está se preparando para morar no exterior, e indica o amigo para um trabalho como professor particular de inglês de uma jovem garota da abastada família Park.

O jovem vê uma oportunidade ali e bola um plano para que todo seu clã comece a trabalhar para a família Park. Porém, não imaginam os segredos que se escondem dentro da mansão dos Park e o quanto serão afetados por estes.

O diretor parte para uma visão assumidamente caricatural das classes sociais, cuja desigualdade é representada pela estrutura literal das casas – a mansão dos ricos, o meio-andar dos pobres e um porão ainda mais precário que desempenhará um papel importante na trama.

Enquanto a riqueza dos Park os torna ingênuos e ignorantes sem curiosidade devido ao comodismo de suas posses, a pobreza dos protagonistas motiva  a malandragem, a habilidade de criar as artimanhas para ascenderem socialmente.

Diferença de classes

Os ricos são marcados aqui por viverem alienados num mundo particular em que até mesmo a existência dos pobres é ignorada. Os pobres são relegados a subempregos e condenados a viver em pardieiros, passando dificuldades de todos os tipos.

Entre muitos picos de thriller psicológico e um humor que passa por todas as fases, Parasita é uma experiência única. Surpreende a um nível que poucas obras modernas fizeram.

Desde sua estréia em longas-metragens, o diretor Bong Joong-ho apresenta características de críticas e sátiras sociais aliadas a uma comédia de toques cruéis, cenas de violência e uma abordagem direta sobre como o meio social (em situações normais e extremas) influencia os indivíduos de diversas maneiras.

Dialogos afiados

Os diálogos afiados e deliciosamente orgânicos mais a atuação excepcional de todo o elenco torna essa jornada de pseudo-escalada da pirâmide social cativante desde o início, da qual não conseguimos tirar os olhos (é fato que as 2h10 do filme passam desapercebidas).

O diretor provoca dor aguda ao retratar um mundo reduzido onde todas as camadas sociais são impactadas, revelando o abismo social existente entre nós. 

Um país que passou pelo subdesenvolvimento a um invejável avanço tecnológico e cultural, o progresso parece ter deixado rastros de seu ritmo vertiginoso nas relações entre as pessoas e classes sociais. 

A obra do cineasta busca uma reflexão clara no meio de toda a brutalidade: iluminar – no sentido figurado – o parasitismo, intensificando o ressentimento de agonia das classes mais baixas, além da batalha sangrenta entre os mesmos pelas migalhas dos mais abastados. Simplesmente desolador.

Parasita é de longe um dos grandes filmes desse ano carregado de bons filmes!

Amei!

Parabéns Bong Joon-ho! 

Bravo!!!!

Assista o trailer

Selecionados Oscar 2020

A Odisséia dos Tontos

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História de um Casamento – com atuações precisas de Scarlett Johansoon e Adam Driver, Noah Baumbach mostra como o amor é complicado

História de um Casamento, dirigido pelo diretor americano, Noah Baumbach é uma produção original Netflix, provável candidato ao Oscar em diversas categorias.

O longa já lidera o número de indicações do Globo de Ouro nas categorias de melhor filme dramático e melhor atriz e ator para Scarlett Johansson e Adam Driver. Laura Dern concorrente como atriz coadjuvante, além de além de melhor roteiro e melhor trilha sonora original.

O filme foca num casamento por meio de um retrovisor, à medida que os dois parceiros, um diretor de teatro de Nova York e uma atriz com um passado e um potencial futuro em Hollywood, seguem em direções opostas. Sua veracidade inspirou comparações com seu próprio casamento com a atriz nascida em Los Angeles, Jennifer Janson Leigh, da qual ele se divorciou em 2013.

Como tantas histórias infelizes, esta também começa por algo que passa por felicidade, começando com declarações de amor. No entanto, logo o espectador será forçado a se desfazer de ilusões e encarar o que tem pela frente – um casal em crise. 

Do casamento ao divórcio

Enquanto o lado racional de Nicole e Charlie pedia uma separação amigável, a realidade é outra. Se um casamento exige comprometimento, um divórcio é a sua negação.

No entanto, uma característica bem norte-americana surge com a entrada dos advogados em cena, transformando o que seria uma separação amigável numa batalha campal.

Franco e apaixonante, o filme nos leva a picos emocionais inimagináveis. Sensível, ele relata com precisão os desgostos de duas pessoas que decidiram separar suas vidas terminantemente.

Esse é um filme que vale a pena ser discutido não só pela sua qualidade, com um roteiro extremamente sensível, bem atuado e precisamente captado pelo diretor de fotografia. Mas pela perspicácia com que trata o tema escolhido.

E nesse contexto, Scarlett e Driver cativam nossos olhares, fascinando-os com sua densidade e entrega dos personagens. Vivendo os dramas e dissabores de Nicole e Charlie, ambos se tornam a combinação perfeita na telona. Eles têm uma química que extrapola, invadindo a mente do espectador que atento observa duas pessoas ideais se perderem de si mesmas.

Um show de interpretação

Scarlett está brilhante em passagens admiráveis (o relato dela no primeiro encontro com a advogada é primoroso). Mas o fato é que a câmera de Baumbach está mais interessada nas reações dele, e menos dela. Assim Adam Driver acaba descobrindo um terreno fértil para mergulhar de cabeça, hipnotizando o púbico de tanta emoção. Prepare o coração, e muitos lençinhos.

Laura Dern dá um show particular com toda a sua excelência, brilhante no papel da advogada Nora, maquiavélica e belicosa, ainda que a composição que oferece não esteja muito distante daquela vista na série Big Little Lies. 

Para enfrentar essa fera, Charlie contrata um velho profissional humanista (Alan Alda), mas depois se vê obrigado a substituí-lo pelo igualmente sanguinário (Ray Liotta), único capaz de nivelar-se a terrível Nora.

História de um Casamento é o passaporte da Netflix rumo ao Oscar, prometendo uma linda jornada que pode e deve render indicações a Scarlett Johansson e Adam Driver.

Belo! Belíssimo! Eu amei!

Assista o trailer

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Concorrentes Oscar 2020

A Odisséia dos Tontos

Parasita

1 Comentário
  1. Um soco no estômago…Amei esse filme. Uma história comum a tantos casais retratada se uma maneira sensível e ao mesmo tempo perturbadora. Vale muito a pena assistir.

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A Odisséia dos Tontos – uma ode aos que passaram a vida injustiçados

Já nos cinemas brasileiros, o representante da Argentina na corrida do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2020, A Odisséia dos Tontos (La Odisea de los Giles, no original) é uma obra recente a centrar sua atenção em heróis perdedores. Conversa muito bem com o público latino-americano, incluindo o brasileiro. É uma produção que diverte e emociona.

Dirigido por Sebastián Borensztein (Um Conto Chinês), o filme tem momentos bem tocantes, mostrando bem o drama dos personagens e o impacto da crise no país, mas também diverte ao abraçar a loucura de seguir uma história de vingança/golpe.

Recorte histórico da crise econômica, como o Corralito (congelamento das contas bancárias) que abateu o país em 2001, afetou diretamente a vida cotidiana de sua população. Foram sonhos obstruídos e planos incertos.

A busca pelo dinheiro e o golpe para tomá-lo de volta dos trambiqueiros que lhes roubaram em um país desesperado é envolvente, algo feito com maestria pelo diretor. Aliás, feito com o toque de humor tão característico que as grandes obras do recente cinema argentino demonstrou dominar tão bem.

Projeto único e divertido

Apesar de ser vendido como comédia, A Odisséia dos Tontos, não se encaixa somente nesse gênero. Suspense, ação, drama e thriller se misturam em um projeto único e divertido.

Em uma narrativa relativamente simples, o cineasta possui o mérito de comandar uma série de personagens humildes e atrapalhados, mas muito humanos. Tal humildade gera uma aproximação fundamental por parte do público.

Encabeçado por Ricardo Darín, espetacular como sempre, divide a telona ao lado de seu filho Chino Darín, e o elenco todo se mostra forte com uma excelente química entre si.

Outro destaque para o filme é a sua trilha sonora muito boa que constantemente marca a transição das cenas dramáticas, incluindo muitas melodias clássicas enquanto mostra as pessoas tentando recuperar o dinheiro que lhes foi roubado.

A comédia dramática tem um sarcasmo sofisticado, ótimos diálogos e um roteiro bem amarrado. Além de divertir, propõe uma reflexão séria sobre os tempos atuais na Argentina, também vivendo hoje uma grave crise. 

A Odisséia dos Tontos é um filme que mostra os valores dos laços familiares e das amizades.

A comédia é garantida pelo que os atores fazem em tela, sem jamais soar piegas, o longa se preocupa em mostrar a vida como ela é.

Sucesso absoluto de bilheteria na Argentina, eu também particularmente amei!

Adoro o cinema argentino!!!

Assista o trailer

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