Tag: Viajar

Você toparia fazer uma viagem sozinha?

Sempre amei viajar! Conhecer novas culturas, línguas, credos e, por ironia do destino, acabei trabalhando em agência de viagem.  O que, cá entre nós, foi providencial. Consegui unir uma paixão com o meu trabalho, quer melhor do que isso? 

Mas nem tudo são flores. O dia a dia de quem trabalha com turismo é bem agitado. Lidar com o público requer paciência e dedicação. Mas nesses anos, tive muitas oportunidades de conhecer lugares.

No entanto, quando eu podia viajar, a maioria das pessoas não podia ir comigo. Os filhos cresceram e nem sempre as amigas podem nos acompanhar. Então… sempre tive duas opções: perdia a chance de viajar ou viajava sozinha mesmo. Fiquei com a segunda opção, obviamente. 

No começo, algumas situações me deixavam pouco à vontade como jantar sozinha em um restaurante ou dividir passeios com pessoas que nunca tinha visto na vida. Mas como já escrevi em vários textos, vamos nos adaptando a tudo e comecei a me organizar cada vez mais e fazer do meu celular e tablet os meus melhores companheiros de viagem.

Com a ajuda deles, eu me organizava, me localizava e por mais longe que estivesse, poderia me conectar quando batia aquela saudade. Hoje eu já viajo tranquilamente sem problema algum. Viajo muito com minhas amigas também. É verdade, mas há tempos viajar sozinha deixou de ser um problema. Claro que escolho lugares seguros, normalmente com muitos turistas e pessoas a quem posso recorrer em caso de necessidade.

Mais mulheres pelo mundo

Tenho lido muitas pesquisas em turismo no nicho dos viajantes desacompanhados e praticamente 80% das reservas são feitas por mulheres. Pesquisas recentes nos EUA mostram que 72% das mulheres já viajaram sozinhas. Em muitos casos, essa opção se deve por simplesmente poderem ficar sozinhas, melhorarem sua confiança, ter liberdade e independência e, principalmente, desafiarem a si mesmas. 

Muitas tem parceiros, mas muitas vezes o destino de viagem escolhido não é interessante para eles ou não podem ir por problemas profissionais, motivo pelo qual elas vão sozinhas. Quando se fala do público solteiro, uma pesquisa indicou que as reservas das mulheres superaram quase duas vezes a dos homens (67% mulheres e 37% homens).

Advinha qual foi a faixa etária que mais cresceu ao longo desse anos? O grupo das mulheres com mais de 50 anos. Nas gerações anteriores, as mulheres relutavam em viajar sozinhas. Porém hoje, as solteiras, divorciadas, viúvas estão mais empoderadas, confiantes e  independentes financeiramente. 

Deixando as estatísticas de lado, se você quer começar a viajar sozinha, escolha períodos de curtos de tempo e lugares onde tenha mais facilidade com o idioma. Dê preferência a lugares mais movimentados, com boas opções culturais, onde certamente você se sentirá mais segura.

Além do mais, lugares muito quietos e primitivos podem dar vazão a sentimentos de solidão, insegurança, tristeza…. melhor não arriscar na sua primeira viagem, não acha? Em outro texto, falaremos de itens que vão ajudá-la a organizar a sua viagem !

E ai, se animou?

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Maria Mazza

Amo viajar e amo conhecer lugares. Sou administradora de empresas, agente de viagens na Engenhotur e Dominique claro.

10 Comentários
  1. Sozinha nunca fui, mas já tive que ficar 2 dias por perder a conexão de um voo depois de uma viagem com amigas em que voltava separada em um outro voo .
    Confesso que fiquei assustada por estar sem meus pertences pessoais ( malas ficaram para ser embarcada no próximo voo) e sozinha sem ter organizado nada , mas após várias dicas de amigas e família pude curtir a cidade : conheci museus , jantei sozinha , bati perna por lugares que nunca tinha ido e após essa experiência me aventuraria sem dúvida a viajar sozinha .

  2. Muito interessante e animador para quem está com dúvidas de vale a pena viajar sozinha ou não.
    Eu na verdade não tenho problema de ir restaurantes, cinema, shows sem companhia. Mas talvez uma viagem eu prefiro com marido, amigas.
    Claro iria sozinha se fosse minha última opção.
    Mas tenho visto exatamente como vc disse a demanda de mulheres viajando cresceu muito.
    O importante é ir viajar e se divertir muito.

    1. O ideal para primeira vez é fazer uma viagem curta, assim podemos avaliar como ficamos sem alguém ao nosso lado! Caso fiquemos bem aos poucos se aumentam os dias! Obrigada por comentar!

  3. Fui 3 vezes para Uruguai (meu test drive!), NY, Miami e Portugal! E por último, pra nossa bela Natal ❤️

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E agora, como vamos viajar?

Estamos  vivendo em um período que – além de milhares de fatos e sentimentos novos surgindo a cada dia – testa nossa paciência.

Paciência em nos isolar, paciência em realizar os trabalhos rotineiros, paciência na rotina diária, enfim, não vou me aprofundar nesse assunto pois muito já se falou.

Para quem tem trabalha com viagens e tem a alma inquieta como a minha, ter uma limitação (sem prazo para terminar) em viajar é algo no mínimo muito frustrante.

Mesmo em quarentena, meu dia é cheio de afazeres domésticos e alguns profissionais que me deixam ocupada e o dia passa sem eu percerber.

Mas em muitos momentos me vem aquele comichão, uma vontade de sentar e programar a próxima viagem.

Sim, agora é o momento de pesquisar, escolher roteiros, ler milhares de postagens de inúmeros lugares já publicados. Tive vontade de escrever sobre isso pois vale para todo mundo .

Agora é o momento pois temos muito tempo para ler  as mais variadas matérias sobre turismo. E porque não conversar com seu agente de viagens e discutir possíveis lugares para visitar?

Acredito que iremos passar por esse período e nos tornaremos melhores e mais conscientes. Daremos muito mais valor a todos os nossos dias. As nossas viagens vão ter esse tom.

Veremos um mundo diferente. Nosso olhar irá mudar. Então porque já não desenhar e ousar conhecer novos lugares? Nossas vivências serão totalmente diferentes. Mais preciosas.

E as possibilidades são imensas, desde um lugar onde a cultura parece ter parado no tempo, como aquela praia paradisíaca que você vê em nos cartões-postais.  E porque não um safari na Africa?

Sento e começo a me inspirar, rabiscar intenções. Um desejo de mudança aparece!

Podemos e devemos sonhar ! Arriscar em ter experiencias que darão colorido a nossa alma !

Boa viagem !

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Maria Mazza

Amo viajar e amo conhecer lugares. Sou administradora de empresas, agente de viagens na Engenhotur e Dominique claro.

5 Comentários
  1. A viagem começa qdo começamos a programa la e a sonhar com os lugares que iremos conhecer !
    Isso pode sim Maria , começar ja !!!
    E sonhar é de graça !!! E as chances de acerto das escolhas serao melhores ainda !!! Boa Viagem Amiga !!!
    Vamos juntas !!!

  2. Verdade Mary….. viajar e uma das maravilhas de nossas vidas… e na quarentena ..sim planejar com calma…pesquisar… é uma deliciaaaa e o início de tudo…..fica super bem vinda!!!!

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Descobrindo os imensos prazeres de viajar sozinha

Banner_Viajar SozinhaViajar sozinha é algo que estou fazendo há alguns anos, pois quando podia viajar ou tinha a oportunidade, estava sem companhia. Adoro viajar com mais pessoas, porém viajar sozinha tornou-se para mim algo muito especial e vou explicar por quê.

O fato de poder ir aos lugares que queremos conhecer, previamente anotados, torna-se real.

Ou seja, posso fazer o roteiro todo, com os lugares que quero conhecer, no meu ritmo. Seja rápido ou devagar, dependendo da disponibilidade de tempo, faço à minha maneira.

Se estou em um museu e determinada ala não me chama muito atenção simplesmente mudo e vou para outra que me interessa mais, sem discutir.

E se um determinado lugar realmente me fascina, posso ficar bem mais do que imaginado, pois só devo satisfação à mim.

Posso comer o que quero e na hora que quero.

Tem algo mais legal que parar para comer quando se está com fome, sem ficar preso a horários? Posso escolher o restaurante conforme meu gosto e  “bolso” pessoal, comer rápido ou devagar, conforme minha vontade.

Posso dormir e acordar a hora que quero.

Idem à alimentação. O banheiro e quarto são meus. Ponto.

Bem, parece maravilhoso, mas obviamente tudo tem o lado oposto que é, muitas vezes, viajar sozinha não é tão bom quando, por exemplo, vê-se uma paisagem deslumbrante e não tem ninguém ao lado para dizer:

– Olha isso!

Ou quando você se vê diante de uma situação de conflito ou medo….

Para que isso não ocorra é preciso tomar uma série de cuidados.

Vou mencionar alguns itens que acho importante ressaltar e serve como uma lista para quem vai começar a viajar sozinha, principalmente sendo mulher.

Escolha um destino próximo

Para fazer sua estreia viajando sozinha, escolha  uma cidade no seu próprio país ou onde a língua seja a mesma ou parecida, pois você precisará pedir informações a todo instante, então  ficará menos envergonhada se falar e entender corretamente o que estão dizendo.

Além do mais, se tudo der errado e você odiar a experiência, fica mais fácil voltar.

Escolha um período de tempo razoável

Não pense em viajar sozinha por um mês se nunca fez isso. Por mais que goste de sua própria companhia, pode estranhar ficar sempre sozinha ou mesmo ter que conversar com pessoas estranhas o tempo todo.

Escolha o período  de 1 semana a 10 dias, acho um bom termômetro. Se a experiência for boa, vá aumentando à medida que se acostuma.

Não carregue mais coisas do que suas duas mãos podem segurar

Nada pior do que ver aquelas cenas das pessoas sozinhas carregando malas, sacolas e ter que ficar parando a todo instante para descansar. Nada disso. Viajar sozinha tem que ser algo prazeroso, você não foi  pagar promessa.

Algumas pessoas que cruzarem seu caminho podem ser gentis, mas a maioria, já tem suas próprias bagagens para carregar. Então não vacile.

Escolha lugares alegres, históricos ou cosmopolitas para uma primeira vez

Minha opinião é que para uma primeira vez, absolutamente sozinha, é prudente você escolher opções mais leves do que ir a um templo no Nepal, alguma cidade sagrada da Índia ou visitar uma aldeia de crianças na África.

Lembre-se que ao viajar sozinha podem aparecer sentimentos muito variados em contato com culturas muito diferentes ou muito mais “pobres” do que está acostumada.

Melhor ir a lugares onde, em alguns momentos, você possa se “misturar” com outras pessoas, às vezes, sentando ao lado num restaurante ou começando uma conversa numa fila de atração,etc… fica menos penoso para uma primeira vez.

Banner_Viajar SozinhaSeu companheiro será seu celular ou laptop

Sim, esses itens serão seus companheiros para viajar sozinha. Por isso, escolher bem o lugar é fundamental, pois sem wi-fi ficará muito mais difícil, tanto para pesquisar informações bem como se “conectar” com familiares ou amigos. Isso faz toda a diferença em uma viagem. Melhor deixar para escalar algum monte quando estiver mais segura em viajar sem companhia.

Itens femininos

Preciso mencionar que em determinados lugares que visitamos, itens para nós básicos, como absorventes, OB, etc…. não são muito fáceis, então leve sem hesitar caso necessite usar durante o tempo de viagem.

Quanto a alisadores de cabelo, chapinhas etc…. escolha um deles, pois peso é algo imprescindível como já mencionamos.

Armário

Suas roupas devem ser versáteis, leves e fáceis de lavar, caso seja necessário. Mesmo que você viaje para Tailândia ou África você não precisa se vestir como Indiana Jones.

Use suas roupas confortáveis, porém pesquise o lugar para onde vai viajar e respeite também os costumes locais, veja se é necessário cobrir ombros e pernas (locais religiosos) e coloque um xale ou casaquinho para esses fins.

Idem para locais muito quentes, não esqueça de um chapéu para não se expor demais ao sol e depois ficar o restante da viagem parecendo um frango assado.

Da mesma maneira, apesar de você ser uma mulher corajosa, usar roupas condizentes com o local é também não se expor a situações “provocantes “ usando roupas “abusivas” em territórios mais masculinos. Isso chama-se precaução.

Interna_Viajar Sozinha 2Locomoção dentro das cidades

Planejar sua viagem é além de tudo, se antecipar aos detalhes. Se locomover sozinha dentro de determinados lugares merece cuidado.

Quando for abordar um taxista e não gostar muito da fala dele, dê desculpa e não pegue esse táxi. Melhor do que ficar depois todo o trajeto preocupada ou achando que ele a está levando para outro caminho.

Dentro de um táxi ou ônibus, ao conversar com estranhos, não fique falando muito da sua viagem e mesmo que você pareça absolutamente uma estrangeira, sempre mencione uma prima que mora na cidade, pois intimida um pouco.

Fique sempre próxima a outros grupos de turistas, caso esteja em um ônibus ou mesmo visitando às atrações locais. Dá uma certa segurança.

Mas basicamente planeje antes de ir, atenção com os horários de abertura e fechamento das atrações, pois assim você pode traçar previamente o roteiro evitando chegar em locais já fechando ou que não abriram ainda.

Em locais que o metrô seja um pouco assustador tente ficar perto de grupos de mais turistas, pois mesclando-se você se torna menos vulnerável.

Paciência acima de tudo

Você deve ter em mente que em que algumas situações sua paciência será testada, algumas discussões acontecerão e você se sentirá sendo enganada algumas vezes…porém  quando está em um país que não é o seu, deve-se ter calma e paciência. Você se sentirá provocada, mas tente sempre manter a calma e não entre em discussões desnecessárias.

Acho que com essas dicas você pode começar a esboçar sua primeira viagem by yourself. Logo iremos publicar em outro post mais dicas valiosas de viagem!

E não esqueça de nos contar como está a sua preparação! Queremos saber de tuuuuuuuudooooo.

Leia mais:

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A Rússia por uma Dominique! O País da Copa do Mundo – Capítulo I

Maria Mazza

Amo viajar e amo conhecer lugares. Sou administradora de empresas, agente de viagens na Engenhotur e Dominique claro.

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Você sabe o que são Tiny Houses?

Você já ouviu falar do Movimento Tiny Houses ou Micro Casas? Ainda é novidade por aqui, mas como tudo acontece tão rápido, daqui a pouco será trivial. Antes de dar detalhes sobre as Tiny Houses, é preciso contextualizar. A escolha em ter uma casa muito pequena não é motivada apenas por questões econômicas. É uma mudança comportamental.   

Já faz tempo que estamos descobrindo um jeito diferente de viver. Primeiro veio o reciclar, depois o reaproveitar e, em seguida, o reduzir. Até pouco tempo atrás imperava exatamente o contrário. Valia ter e comprar muito, vários, do melhor ou do maior. Fez sentido naquele momento de prosperidade econômica e de necessidade de segurança. 

Mas foi justamente um excesso que direcionou essa mudança de comportamento. Entrou em cena a preocupação com o meio ambiente e com o consumo exagerado. As pessoas estão aprendendo o que é a economia compartilhada com o Uber ou o Airbnb. Praticar o desapego ganhou um novo significado: não é mais sobre falta de apego ou de interesse. É sobre abrir mão do supérfluo, deixar ir. 

É nesse novo mundo que entram as micro casas. O Movimento Tiny Houses nasceu nos Estados Unidos e prega um novo estilo de viver na arquitetura e na atitude. O boom do mercado imobiliário deu um empurrãozinho. Com a vida dinâmica, mas cheia de incertezas, não fazia mais sentido comprometer-se com um financiamento imobiliário de longo prazo. 

As Tiny Houses são casas muito pequenas, com menos de 40 metros quadrados, mas projetadas para serem um lar. São mais altas que os tradicionais trailers, algumas têm até mezanino. É possível ter (quase!) tudo o que se tem em uma casa, mas é preciso planejar certinho. Elas podem ser construídas sobre rodas ou numa fundação fixa. 

Morar onde quiser

Aí está a vantagem para as Dominiques que estão quase ou já se aposentaram. É uma opção também para quem trabalha remoto. Você pode morar literalmente onde quiser. Claro que há regras, nesse post do Pés Descalsos você descobre mais informações sobre onde estacionar a micro casa. O site é mantido pelo casal Robson e Isabel, que moram numa micro casa com o filhinho. 

Além de poder levar a sua casa para viajar, ainda há outras vantagens tentadoras. Com a redução do espaço, o custo de vida também cai bastante. Isso não ocorre apenas nos custos fixos, como aluguel, água ou luz. Pela questão do espaço, é preciso planejar a compra do mês. Conta menor no supermercado e pouco desperdício de alimentos.

Mas tem uma vantagem ainda melhor: o trabalho para cuidar da casa também diminui proporcionalmente. Isso, sim, é um luxo. Como a micro casa é menor e projetada com menos itens é muito mais prática e funcional para limpar. Uma vantagem que é uma grande contribuição com a sustentabilidade. 

Claro que viver num espaço menor apresenta alguns desafios. A área de circulação é menor e há pouca privacidade. Pra quem se animar com a ideia, vale a pena primeiro experimentar esse novo estilo de vida. E se isso acontecer, compartilhe depois aqui. Vou adorar saber mais sobre essa experiência. 

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Vou mudar de país e agora terei o mundo para chamar de meu

Dominique - Mundo
De repente, aquela inquietação e ansiedade, quase incontroláveis, estavam de volta mais fortes do que nunca. Uma necessidade maluca de buscar respostas como nos meus 16 anos.

Não, não foi um surto! Mas um processo.

Cheguei aos cinquenta e, finalmente, entendi que já passei da metade da vida. E, agora, ao invés de planejar um futuro colorido e distante como na adolescência, a questão passa a ser outra: O que fazer para tornar mais digna a vida que me resta?

Como para 100% da população do planeta, a vida foi me dando rasteiras. Uma, duas, várias. Uma após a outra. Quando dei por mim, percebi que na realidade, tinha dado início a um percurso sofrido para responder a uma só questão. O que a minha Alma quer de verdade?

Bem, diferenciar o que a Alma quer (sim, Alma com A maiúsculo) e não o que preenche o Ego, velho companheiro, tem sido uma das tarefas mais complexas da minha vida.

Passei a viver uma estranha bipolaridade. Enquanto parte de mim precisa desesperadamente de estabilidade e conforto, a outra, quer ir pra longe e correr o mundo buscando não sei o quê, não sei onde…. Ou será que sei?

O processo é mais ou menos assim: você lê tudo sobre dietas e tratamentos de beleza, mas consome seus dias comprando e colecionando incríveis livros de receita. Aqueles cujas fotos fazem a gente sentir o gosto e o cheiro das calorias.

Já exausta de tanto cair de bunda e levantar pra cair de novo, resolvi finalmente deixar a Alma falar. E ela gritou: desapega e vai para o mundo ver o que não viu!

O sonho adolescente voltou maduro e apoiado nas tecnologias, nas redes sociais, no desejo cada vez maior de aprender coisas novas, de buscar um jeito mais simples de viver. Ganhou roteiro, formato, cor e, principalmente, pressa, muita pressa.

Uma odisseia que ainda não terminou. Reorganizar a vida, fechar ciclos, deixar ir, pensar e repensar. Superar os piores pesadelos e os melhores sonhos, desapegar do cheiro dos livros, do jeito do colchão, dos 1355 enfeites e recordações, do álbum de fotos da família, do quadro que teima em ficar torto na mesma parede todo santo dia e, é claro, das pessoas. O maior de todos os bens dessa primeira metade da vida e que incluem mãe, filhos, marido e amigos preciosos. Um exercício contínuo e difícil de fazer.

Mas o fato é que o “BRAZIL ZIL ZIL” também deu seu empurrãozinho. Como quase todas as pessoas por aqui, tive meu tsunami profissional. Fruto das mazelas políticas e econômicas e de ter acreditado em mais um “vôo de galinha” que fez, a todos nós, cair de cara no chão. O meu país – sem perspectiva, perdido em seus valores e sua história – fez brotar a semente de coragem para que eu me transformasse oficialmente numa estrangeira.

Por duas vezes, precisei adiar a partida para o velho mundo por motivos diversos. Mas a cada adiamento em que a dificuldade aumenta, a vontade de partir dobra. Pensar, planejar, pensar de novo. Juntar dinheiro, desfazer de bens da vida inteira, ajustar contratos, preparar documentação, pesquisar, pesquisar e pesquisar.

Em meio a todo esse processo tive uma das maiores surpresas. Minha filha, cujo primeiro posto agora é ser a mãe do meu neto, simplesmente comunicou em tom solene:

– Mãe, a Família Adams vai para Portugal!

– O que? Como? Mas essa ideia é minha, respondi.

Um estranho frio na espinha. Uma mistura de alegria pela coragem dela fazer o caminho de volta com sua pequena família, e, ao mesmo tempo, de medo pelo que pode vir pela frente nas rotas que ela estabeleceu e é claro, não são as que tracei pra mim.

Como num piscar de olhos, enquanto eu continuo catando meus pedaços e me reconstruo aprendendo a desapegar e criar novos valores, ela já fez o que precisava e está pronta para partir bem antes que eu… E vai me esperar por lá.

É óbvio que pensar que ter por perto o sorriso do meu neto me conforta e estimula mais do que nunca a fazer tudo o que precisa ser feito, e o quanto antes.

Tudo ganhou mais cor e faz mais sentido. A cada dia vou percebendo o que realmente importa. Preciso de bem menos do que sempre tive para viver: menos bens, menos objetos, menos roupas, sapatos, perfumes, panelas, mimimis.

Mas nunca, jamais, de menos afeto!

E quando perguntam o que vou fazer por lá é a Alma quem responde: vou reaprender a viver.

Meu personagem para os próximos anos? Talvez uma avó mochileira colecionadora de histórias e de gente, a buscar novas experiências para ser útil.

Ainda sinto pulsar forte em mim o sonho de lecionar e, principalmente, ser aluna em uma universidade europeia. Aos poucos, vou desenhando uma nova jornada cuja única bagagem que pretendo deixar crescer é a da espiritualidade e do conhecimento.

Hoje, só sei o que não sei. E me sinto liberta para o fim e o recomeço.

Agora, finalmente, terei o mundo pra chamar de meu. Namastê.

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25 Comentários
  1. Olá, me identifiquei muito com você. A diferença é que faço 60 e não tenho netos, mas vivo entre Brasil e Portugal. Porém está chegando o tempo que não viverei mais no Brasil e sim em Lisboa. Apesar de ter já vivido em Cascais por 5 anos de 91 a 96, hoje Portugal é outro país, bem diferente da época que vivi lá. Se tenho medo da mudança? Tenho e muito porque terei menos futuro e no Basil está todo o meu passado.
    Beijos!

  2. Me tocou muito seu texto, adorei!!!! Vá e viva tudo que puder!!!
    A nossa Alma fala conosco e a sua está falando contigo.
    Boa sorte, torcendo muito por você!!!

  3. Acabo de me aposentar e meu principal projeto é tornar a minha vida melhor e mais agradável. Aprendendo coisas novas, viajando e praticando muito o desapego. Alem disso procurando me cercar de coisas e pessoas agradáveis e principalmente buscando mais a minha espiritualidade e o amor ao próximo.

    1. Que legal Hilda. Acho que somos uma geração de mulheres realmente diferenciada!!! E quantas possibilidades temos hoje! A internet facilita tudo!Olha fiz curso até de brigadeiro gourmet, tarot, acupuntura energética, florais de bach, um monte de coisa que não tem a ver com minha área de trabalho, mas quem sabe posso utilizar no futuro…ou não ..tudo vale… aprender é uma delícia!
      beijos
      Cris

  4. Nem mesmo a liberdade, tão almejada, faz sentido se vc olhar em volta e não tiver com quem compartilhar! Vale filhos, amigos, companheiro.Felicidade é um estado de espírito completo onde quer que esteja!

    1. Concordo plenamente Vera .Mas o bom da maturidade é esse processo todo para entendermos o caminho, seja ele qual for. !beijão

  5. Adorei ! Sinto exatamente assim , que preciso de menos coisas materiais para ser feliz mas que preciso mais que nunca realizar todos meus sonhos , rápido sem perder um minuto
    Atuar fortemente em buscas de meus desejos como uma menina cheia de sonhos !!!!
    Estou curtindo muito 50 e poucos anos

    1. É isso aí…ainda somos meninas cheias de sonhos e isso é vitamina pra viver!

      50 e poucos anos é tudo de bom!!!Em alguns momentos damos algumas balançadas mas faz parte do processo.Bora viver!

  6. Meninas, a decisão não foi e nem tem sido fácil não. Vou escrever mais contando essa saga. Fico imensamente feliz com o incentivo e a identificação de todas vocês.Não tinha ideia que a minha história pudesse impactar dessa forma.Muita gratidão e um beijo a cada uma de vocês.

    Cris Bighetti

  7. Adoravel c sempre Dominique!!! Delicia acordar lendo suas histórias, q sempre cabemos em algum pedacinjo delas!!! Bom dia

  8. Nossa que texto forte…..essa é a nossa cara nao tem como fugir desse momento que chega querendo chegar finalmente……

    1. Neide, saiu do fundo do coração. Forte eu não sei, mas verdadeiro pode ter certeza.Nem eu esperava que impactasse tanta gente.Agora quero compartilhar tudo com vocês, cada passo!
      beijos

  9. Estou nesse dilema. O que é mais difícil deixar para trás não são coisas, mas as pessoas… n acha?

    1. Ana, não é fácil.Mas como dizia minha avó, pior que a morte é a agonia. O mais difícil é tomar a decisão e aos poucos, passo a passo ir tomando providências, atitudes e criando estrutura. Com cinquenenta e tantos anos temos o direito de decidir, voltar atrás, repensar, decidir de novo e mudar tudo. O que é bom pra uma mulher não quer dizer que seja o ideal pra outras.Penso que o autoconhecimento , esse sim, é nosso cúmplice.
      beijão
      Cris

  10. No seu texto, apenas dois pontos temos diferente, já passei dos 50 (tenho 55) e não tenho um neto. Ler o que você escreveu (tão bem por sinal), foi como se eu estivesse escrevendo, cada ponto e cada vírgula, até o sonho de cursar uma faculdade na Europa, temos em comum.Tenho pensado nisto todos os dias, só me resta agora, “planejar, pensar de novo. Juntar dinheiro,preparar documentação, pesquisar, pesquisar e pesquisar” e ter coragem.

    Gostaria muito de agradecer por ter colocado neste texto, tudo que eu sinto e não tive a coragem de escrever e por me ajudar a fortalecer a minha decisão.
    Muito sucesso em novo caminho, que Deus te abençoe. Abs

    1. Josy, eu que agradeço seu carinho. Também passei dos 50. Mas esse foi um processo que começou quando cheguei lá e não parou mais…nem sei se pára algum dia, espero que não.
      Boa sorte pra você! coragem!
      Cris

  11. Cris, uma amigamada me marcou no seu depoimento: ela me viu ali. E eu me reconheci nas suas palavras, na sua inquietude, no seu encontro com sua Alma. Estou em processo – mas ainda me falta coragem. Ainda não me sinto liberta para o fim, apesar de ansiar o recomeço. Mas suas palavras alimentaram um pouco mais meu desejo. Que seu novo caminho seja lindo, seja leve, seja pleno.

    1. Oi Cida! Que bom que se identificou.O mais importante é a gente escutar o nosso interior pois nem sempre é preciso voar para tão longe, mas para dentro da gente. beijão

  12. Identifiquei-me em grande parte com vc. Não cheguei aos cinquenta, já passei; estou chegando aos setenta.
    Torno minha sua pergunta: o que fazer para tornar mais digna e gratificante a vida que me resta?
    Pensar, pensar, pensar.Muita inquietude. Começar a planejar, juntar dinheiro, desapegar.Pesquisar, pesquisar, pesquisar.
    E mais: CORAGEM.

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