Tag: Cultura

A menopausa pode representar uma fase de reposicionamento pessoal

Dominique - Menopausa

Todas as mulheres que alcançam a idade entre 45 e 55 anos, se tudo der certo, vivenciarão a menopausa,  o fim dos ciclos menstruais. É o evento mais marcante da fase de transição do período reprodutivo para o não reprodutivo.

Há uma enorme variação das vivências femininas em relação à menopausa, indicando que não é apenas a queda na produção dos hormônios ovarianos a causa de tantas mudanças. Diferenças culturais, sociais, psicológicas e biológicas influenciam imensamente como essa experiência será vivida, tornando-a única.

Vivemos numa sociedade que idolatra a juventude como se fosse uma qualidade e espreme as mulheres em padrões estritos de beleza. Esse padrão cultural é excludente e perverso. Há beleza longe das capas de revista.

A experiência das mulheres da família e de outras mulheres próximas tem papel importante ao moldar nossas expectativas antes da chegada da menopausa. Damos muita atenção ao discurso recheado de sintomas pavorosos, sem humor, um monstro que nos causa medo.

Existe uma medicalização dessa fase, como se fosse doença a ser tratada. Até mesmo o nível socioeconômico, o acesso à informação, a troca de ideias é capaz de alterar a percepção dessa fase, aprofundando aspectos negativos e perdas, sem enxergar outros aspectos.

A menopausa pode representar uma fase de reposicionamento pessoal. Época de rever papéis, valores fundamentais, refutar escolhas anteriores, acolher seus erros e fraquezas. Ficar confortável consigo mesma.

Estivemos ocupadas durante anos estudando, trabalhando, cuidando de filhos, correndo atrás de objetivos profissionais, financeiros, amorosos… Agora vamos continuar fazendo tudo isso, se quisermos, mas em paz.

A possibilidade de um mergulho interno vai ajudar a compreender que os sintomas estão de passagem, que envelhecer é inexorável, que começa quando nascemos e que podemos sim nos tornar uma mulher mais confiante, mais interessante, mais feliz. Por que não?

Somos muito mais que hormônios, não acha?
Doutora Cynthia M. A. Brandão

Endocrinologista, 58 anos.

6 Comentários
  1. Aos 52 anos, confesso que tenho um certo temor da famigerada “MENO”… acho até que já sinto uma brisa dela por aqui… ressecamento (que um gelzinho maravilhoso resolve), queda de libido (que um parceiro maravilhoso entende e resolve, por que quando acontece, é bom e nos satisfaz… embora as acrobacias de antes já exijam um Torsilax…. kkkk), alguma irritação, principalmente com louça na pia e sapatos espalhados (que a bagunça com o neto e um sorvete resolvem), calores (bem… eu vivo em Manaus, então não dá pra saber o que é clima e o que é climatério…. kkkkk).

    De resto, tento não me preocupar muito e embora tendo a família constituída e esteja feliz com isso, penso que o fato de não menstruar vai me trazer uma certa impotência… enfim, sigo trabalhando e fazendo o que sempre fiz, apesar das rugas, da barriguinha saliente, do cansaço nas pernas.

    Só o tempo dirá o que a “MENO” fará comigo. Por enquanto, estamos em harmonia e temos um pacto: ela não me maltrata e eu não falo mal dela. Simples assim….

    Espero! 😉

    1. Ana, é isso ai, lidar com bom humor, sempre, sempre. Não é parar de se cuidar, mas não viver em função disso e curtir as novas possibilidades, que são muitas. beijo

      1. Saber aproveitar as oportunidades é tudo!
        Há umas três semanas, me peguei fazendo algo que eu não fazia há quase 20 anos: andar de bicicleta. A oportunidade da vez se chama “NETO” e eu quero estar bem pra aguentar o pique dele…
        Inclusive, voltei a estudar (uma nova especialização) e estou alicerçando um mestrado… quem sabe fora do País?!
        A menopausa vai ter que correr muito atrás de mim…. ela vai chegar, é certo…. mas não vai me encontrar parada!

  2. Adorei o Texto, concordo que essa fase é para rever o que realmente importa e sermos feliz !

  3. Acho . Sinceramente estou passando muito bem .Sempre trabalhei muito Levei uma vida super agitada e a menopausa veio para mim como se fosse um slow down , hora de ir diminuindo , colher os frutos , aproveitar mais , pensar mais em mim . Estou curtindo De verdade !Por essa razão eu adorei o texto !!
    Minhas filhas estão preocupadas q eu era super Patricinha e estou virando alternativa kkkk

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Z – A Cidade Perdida, uma aventura real e humana

Dominiques, hoje a minha dica vai para o exuberante Z – A Cidade Perdida, um filme de aventura, mas nada a ver com uma nova versão dos filmes do Indiana Jones.
Baseado no best-seller de não-ficção de David Grann, o longa conta com poucas cenas de ação.
A proposta é reproduzir as sensações de filme de aventura de décadas atrás.
A história remete aos grandes clássicos do gênero.

A produção gira em torno do explorador Percy Fawcett (Charlie Hunnam), que no início do século XX fez expedições para a Amazônia com Henry Costin (Robert Pattinson) e com seu filho Jack Fawcett (Tom Holland).
Ele queria provar a todos a existência de uma civilização perdida entre a Bolívia e o Brasil, onde hoje é o Acre.
No caminho, enfrentou a fúria dos índios e, depois de uma série de viagens ao local, desapareceu.

O diretor James Gray dá à aventura amazônica do coronel Fawcett um tom intimista e metafísico.
Na verdade, Z retrata a busca da cidade perdida como um caso de obsessão.
Fawcett é visto como alguém que precisa “resgatar o seu nome” e construir um prestígio a ser legado às próximas gerações.
Destemido, implacável e ambicioso, Fawcett não vê limites diante de si.

Esteticamente, o longa é quase uma obra-prima.
Gray deu um certeiro longo espaço à fotografia grandiosa de Darius Khondji, que fez um trabalho brilhante de captação das cores e luzes da selva.
O longa conta com efeitos especiais e tratamento de imagens prodigiosos.
Sem dúvida, um deleite para os fãs das modernidades visuais da sétima arte.

Os atores brilham em suas atuações.
O carisma de Hunnam (Fawcett) é inegável.
Quem se dá bem igualmente é Pattinson, irreconhecível atrás da pesada barba de Costin, o fiel escudeiro.
Sienna Miller abrilhanta o elenco no papel de Nina, a fiel esposa de Fawcett, que nunca deixou de honrar, além de carregar o peso do mundo sem ser reconhecida por isso.

Z traz de volta valores primordiais para o homem, perdidos há muito tempo, e levanta questões como o feminismo e o lugar da mulher por meio de fervorosos diálogos entre o protagonista e a esposa Nina, mostrando acima de tudo que tais dilemas não são novidade.

A direção de Gray é luxuosa sem ser chamativa. Z – A Cidade Perdida flui de forma eficaz, garantido o apreço dos aficionados pela história e amantes nostálgicos de uma era mais calma para o cinema.
Dominiques bom programa!!!

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Pitanga é uma homenagem ao ator e ao cinema brasileiro

Dominiques, hoje é dia de Pitanga.
Fruta?
Não…
Pitanga – o filme. Dirigido por Beto Brant e Camila Pitanga, o filme-documentário é uma homenagem ao espírito inquieto de Antônio Pitanga , pai de Camila.
O longa alegre e feliz como seu protagonista mostra com muito bom humor quem é essa figura central do cinema nacional nos anos 60 e 70.
O ator Antonio Pitanga foi figura constante nas obras de Glauber Rocha, Cacá Diegues e Walter Lima Jr.

Pitanga ganha agora um documentário sobre sua vida e obra, contado por ele através de um papo divertido com seus amigos, familiares e companheiros de profissão.
Como Pitanga é o narrador nada fica exagerado nas histórias bem engraçadas contadas por ele.
Nelas podemos relembrar a fama de conquistador, a entrega no trabalho e a busca por direitos iguais para negros e brancos.
As perdas e as superações pessoais, tudo vai surgindo naturalmente através do papo de comadres e compadres e nos divertindo junto com eles.

Os casos e os enroscos de Pitanga respondem pelos momentos mais divertidos.
Mesmo já setentão, o ator arranca suspiros e saudade das ex-namoradas como Bethânia, Ítala Nandi e Tamara Taxman.
O documentário começa e termina com o ator cercado pela família.
Pitanga foi pai e mãe dos dois filhos desde cedo, após a separação de Vera Manhâes, lindíssima, que passava por tratamento psiquiátrico e cedeu a guarda dos meninos.
Pitanga é um ótimo documentário por levar a tela um projeto familiar tão especial e por dimensionar bem a importância de Antônio Pitanga para a cultura brasileira.
O grande achado do longa é a descontração obtida pelas lentes de Brant e (Camila) Pitanga. Belo filme!
Bom programa!
Dominiques, divirtam-se!

 

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Com boa atuação de Adam Driver, filme de Jim Jarmusch celebra a vida simples

Para as Dominiques sensíveis, zens e poéticas, sugiro Paterson o delicado, belo e original filme do mais cult e cool cineasta norte-americano Jim Jarmusch.
E o que torna Paterson tão especial?
A sensibilidade de Jarmusch no seu roteiro e a objetividade de sua câmera.

Na trama, Paterson é um pacato motorista de ônibus na cidade de… Paterson (New Jersey).
Essa redundância é o primeiro achado poético do filme.
Depois de maneira inesperada, Paterson acaba por escrever poemas (inspirado em William Carlos Williams) e, mais, vive poeticamente. Ou seja, tem contato com as coisas, na contramão da maneira distanciada e voltada para si que passa por normalidade em nossos dias.

Paterson vive sua rotina, mora com sua bela esposa, Laura (Golshifiteh Farahani) e Marvin, um simpático buldogue.
Laura está em busca de seus sonhos, mas na dúvida faz cupcakes ou toca música country.
A cidade é pequena, os moradores se conhecem pelo nome, a rotina é bem determinada. Vidas pequenas, como todas.
O protagonista fala sobre a recorrência da repetição dos dias e da rotina, mas isso visto e catalisado enquanto poesia.

Paterson deixa claro que é um homem simples e que ama isso. Ao contrário de muitas pessoas, como também de sua esposa, que estão sempre atrás da próxima conquista ou de realizar mais um sonho.

Ator de rosto marcante, bem expressivo, Adam Driver é de uma entrega apaixonante em cena.
Contido nas falas, gestos e nas emoções intimistas se envolve de tal maneira, construindo personagem de grandeza impar.

No final, prestem atenção ao poema que diz Você preferiria ser um peixe? Inspirado na canção “Swinging on A Star”, não fala sobre estarmos presos numa existência, mas nas possibilidades de conseguirmos transcender a ela.

Com belas imagens e uma narrativa comovente, Jarmusch reverbera o existencialismo no seu mais delicado trabalho.
A poética do simples é um bonito antídoto aos excessos alienantes do mundo contemporâneo.

Dominiques de plantão, vale a pena conferir!!!

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Amigo da escola não pode!

História enviada por Lily K.

Faço parte de uma cultura milenar de mais de 7.000 anos e de onde vieram os fenícios, grandes navegadores…
Minha adolescência foi muito influenciada por tudo isso. Você vai ver.
Estudei em colégio de freiras a minha vida toda: do jardim até o terceiro colegial.
Minha mãe, super linha-dura que era, não me deixava frequentar as turmas e as festinhas da escola.
Para ela, o único ambiente que servia era o do clube da comunidade árabe da cidade, de onde éramos sócios.

Festa do colégio!!!!!
Nem pensar. Eram todas “brasilies”, um termo relativamente pejorativo que nossos pais e avós usavam para se referir a todos que não fossem descendentes de sírios ou libaneses.
Agora, vamos pensar com lógica.
Se eu só podia frequentar o clube, e os outros ambientes não serviam, minhas chances de encontrar um namorado eram reduzidas, né???? Chances zero.
Bom, lá naquele clube, eu encontrei um único namoradinho nos moldes que a minha mãe queria.
Só unzinho! E adivinha? Não durou…

Quando fiz 18 anos minha vida mudou!
Meu pai faliu comercialmente e eu “tive” que entrar numa faculdade pública. Fiz USP.
Fui trabalhar na prefeitura como recepcionista bilíngue, num posto de informações para turistas.
Lá as minhas chances de namorar cresceram exponencialmente e foi o que aconteceu.
Descobri a vida out-of-home e fiquei maravilhada!
Quando me formei fui trabalhar numa agência de propaganda. Que revolução!
Lá, conheci meu marido, também publicitário, com quem tive duas filhas.
Duas filhas maravilhosas e diferentes. Anti-tudo o que fosse comum. Minhas meninas.

Após toda essa introdução eu queria dizer que, por mais que a gente não queira repetir os modelos dos pais, a gente acaba repetindo ou querendo repetir inconscientemente. Está tudo enraizado.
Aí é que entra a moral da história!
Como foi entender que as minhas filhas poderiam ter uma vida diferente da minha e, ainda assim, serem felizes!
Eu – como guardiã das tradições da minha cultura milenar – queria repetir tudo aquilo que a minha mãe tinha ensinado que era o melhor para elas!!!!
Ledo engano…
Começaram as crises e as negociações.

Como é que justo eu, que tinha ensinado para elas que ler era o melhor, que mulher tinha que ter uma profissão, que estudar na USP era o melhor, poderia querer agora que elas estudassem em alguma faculdade mais “light”?
Jura, mãe????
Casar?
Não, mãe, não quero me casar.
Casar com gente do clube????
Muito menos com gente do clube!! Que horror!!! Tá louca, mãe? Aqueles turcos, coxinhas!
Foi muita discussão. Dias e noites.
Como não casar? E mesmo sem casar ser feliz? Como??? Sem filhos?
E eu? Não vou ter netos????

Depois de muitas noites sem dormir eu fui ao psicólogo das duas.
Achei que elas não fossem dar consentimento ou que ele não fosse me aceitar como paciente. Sim, sim… as duas fazem terapia com o mesmo terapeuta.
Mas não! Incrivelmente deu tudo certo e as nuvens que escureciam minha consciência se dissiparam.
Ele nos viu como um todo, uma família procurando sua evolução espiritual, uma paz, com muita clareza.
Ele me fez ver que esse modelo de procurar o moço mais badalado, o bom partido, planejar o lindo casamento, dar uma festa, ter uma linda casa, ter filhos, largar a profissão é um modelo que foi o meu modelo.
Talvez não seja o modelo de uma parte desta moçadinha.
Alguns correm atrás disso porque é o que de melhor a “sociedade recomenda”, mas não o que o coração delas quer e pedem.

Muitas vezes, passada a euforia da festa, da montagem da casa, dos filhos, o que sobra?
Uma ressaca de ver que nada daquilo a fez realmente ser feliz.
Aí começam a desmoronar as relações.
Separou? Por que? Acabou casando com o casamento ou com o sonho de alguém, né?
Não era isso que eu queria, eu queria algo mais simples….
Queria simplesmente Ser Feliz!
Hoje, não sou nem sogra e nem avó como a maioria das minhas amigas, mas sou uma feliz espectadora de dois seres que buscam a felicidade sem cessar.
Não desistem facilmente e não fazem qualquer negociação com seus valores!
O importante é que eu sei e sinto que elas são muito felizes. Do jeito delas.

Dominique

Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!

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