Tag: Drama

Madame Bovary em bela adaptação do livro para o cinema

Hoje eu comento o filme Madame Bovary, obra adaptada do romance de Gustave Flaubert, um clássico da literatura francesa, publicado em 1857. O longa conta a história de Emma, uma mulher sonhadora, criada no campo e cheia de influências religiosas em sua formação. Emma aprendeu a ver a vida através da literatura sentimental.

Bonita e requintada para os padrões provincianos, casa-se com Charles Bovary, um médico do interior tão apaixonado pela esposa quanto entediante. Emma, cada vez mais angustiada e frustrada, ao sentir-se presa, busca no adultério uma forma de encontrar a liberdade e a felicidade. Apesar da intensa procura de uma vida plena, não consegue sentir-se satisfeita com o que é e o que tem, travando uma luta constante contra a melancolia. 

A mulher no século XIX

O livro foi lançado em uma França altamente tradicionalista, conservadora e de pensamentos políticos radicais. Uma mulher que cometesse adultério era considerada uma marginal. Recebia o castigo do isolamento e não tinha direito a nada. O escritor foi julgado por violar preceitos morais, religiosos e públicos.

Algumas versões dessa obra já foram produzidas com muito sucesso, porém nessa versão de 2015, a diretora Sophie Barthes destaca as partes mais importantes do livro e se aprofunda neles.

Madame Bovary é o terceiro filme de Sophie, que também produziu e fez a adaptação do roteiro com muita propriedade e domínio da transição da linguagem literária para a cinematográfica.

Sophie nos mostra uma Bovary humanizada, mais de acordo com os devaneios românticos em que ela vivia. Emma era uma leitora compulsiva das obras do romantismo onde os autores retratavam amores trágicos, as paixões e as emoções intensas.

Belíssimo o figurino que associa o guarda-roupa ao estado de espírito e ambições da protagonista, como também de extremo requinte direção de arte e fotografia.

Madame Bovary é sem dúvida um belo retrato do caos que o tédio pode causar em uma pessoa que desde cedo foi consumida pelo perigo da ingenuidade e ilusão.

O longa merece ser visto pela beleza do conjunto da obra. Mesmo para quem não leu o livro pode se comover com essa adaptação.

Aqui fica a dica.

Depois conta para mim o que achou.

Assista o trailer

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Mary Shelley: com direção sensível, longa conta a história da aclamada escritora que deu vida ao personagem Frankenstein

A cineasta Haifaa Al-Mansour, a primeira saudita a filmar em Hollywood, recriou o contexto histórico e um importante período da vida de uma das grandes escritoras britânicas da história, a criadora do clássico Frankenstein, Mary Shelley, que dá nome ao filme que escolhi para comentar hoje.

Mary Shelley teve um importante valor na literatura ao publicar um livro de tanto sucesso, uma vez que o gênero (e em muitos casos a própria escrita) era restrito aos homens. 

O longa nos apresenta a Mary Godwin (Elle Faning), uma jovem de dezesseis anos que escapa de suas tarefas domésticas para ler livros de terror. Por divergências com a madrasta, ela é enviada à Escócia, onde conhece o jovem e interessante poeta Percy Shelley (Douglas Booth), por quem se apaixona. Não demora muito até Mary descobrir que Percy já era casado e tinha uma filha, mas isso não a impede de seguir seus ideais de liberdade e paixão pelo poeta.

O sentimento de abandono é constantemente presente na vida de Mary, reforçado pelos descasos do poeta, o fato de ela não ter conhecido a mãe, que morreu poucos dias após seu nascimento, a vergonha do pai quando ela fugiu com o futuro marido.

A criação de Frankenstein

A diretora mostra detalhadamente como suas alegrias, dúvidas e angústias serviram para a criação de seu Frankenstein. E mostra também a luta de uma mulher contra o preconceito de uma sociedade que não apenas se recusava a reconhecê-la como autora, mas também se escandalizava diante de suas idéias muito a frente de seu tempo.

Todas essas variáveis, além de outros personagens que apareceram na vida de Mary, influenciaram a escritora a explorar suas emoções, escrevendo sem medo sobre a solidão e os monstros que enfrenta. Seus medos viram personagens, sua defesa são suas palavras. 

Um dos pontos fortes do filme é, sem dúvida, a ótima atuação de sua protagonista, Elle Faning. A Mary interpretada por ela retrata muito bem uma rebeldia contida através de um semblante sério e ações racionais, mesmo diante da loucura que seu mundo se tornou. E com muita delicadeza mostra a coragem, marca maior dessa mulher que chocou sua época.

Belo!

Muito bom!

Trailer

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Instigante, série belga Tabula Rasa trabalha um poderoso jogo de memória

Com clima carregado e sombrio, a série belga Tabula Rasa pode ser uma ótima surpresa do catálogo da Netflix.

Tabula Rasa inova por mesclar suspense, drama e terror psicológico de forma contundente e por ter, acima de tudo, um protagonista que se sobressai aos seus personagens: a mente, ou mais especificamente, a amnésia. Uma vez que você não é capaz de confiar em seu cérebro, como distinguir o que é real da fantasia?

Esse é o grande ponto de Tabula Rasa, que leva o espectador pelos caminhos tortuosos da mente da personagem principal, alterando entre o momento presente, flashbacks, alucinações e pesadelos. E, principalmente, fazendo com que a confusão proposital entre estes momentos torne sua trama pouco previsível.

A trama mostra a vida de Mie que é todo o dia uma página em branco desde que sofreu um acidente de carro e perdeu parte da memória. Como se isso já não fosse difícil o bastante, ela acaba internada em uma instituição psiquiátrica por ser a principal suspeita no desaparecimento de um homem. Mie foi a última pessoa a ser vista com ele, mas ela não tem a menor idéia de quem seja.

A história vai sendo narrada em dois tempos.

Ao mesmo tempo em que vemos Mie no hospital psiquiátrico nos dias de hoje, também temos flashbacks dos últimos quatro meses de sua vida: a relação com o marido, o dia a dia com a filha, as dificuldades causadas pela perda de memória, e principalmente, sua rotina desde a mudança para a casa de seu avô – perfeita casa mal assombrada de filme de terror.

Barulhos estranhos à noite, objetos caindo, portas batendo. Não dá para saber se isso acontece por algum motivo sobrenatural ou se tudo é da cabeça da protagonista.

A cada episódio surpresas são lançadas na tela e cada informação funciona como uma peça desse intrigante quebra-cabeça. E cada reviravolta contribui para o crescimento da empatia pela protagonista e do interesse pela série, que jamais permite que alguém consiga antecipar muitos dos seus mistérios.

Em atmosfera de tensão os primeiros episódios são bem confusos, nos deixando na dúvida o tempo todo. Mas é na metade da série que uma revelação fundamental para o entendimento das coisas acontece. Não dá para imaginar o que está por vir.

A atmosfera sombria e a fotografia predominantemente escura dão todo o clima de apreensão que comanda a série.

As atuações também são ótimas, dando vida aos personagens perturbados e imperfeitos, com destaque também para Benoit, o marido da excelente Mie, e sua mãe Rita.

A série mostra uma produção excepcional, com um roteiro cheio de reviravoltas e revelações que prometem colocar à prova os nervos de quem a assiste.

Tabula Rasa, sucesso entre o público na TV Belga, busca chocar e fazer o espectador maratonar os seus nove episódios rapidamente.

Preparada para tudo isso?

Se estiver ótimo programa para você.

Aqui fica a dica.

Trailer

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Mademoiselle Vingança – A vingança é um prato que se come frio

Hoje comento o filme “Mademoiselle Vingança”, uma produção original da Netflix. Adaptado pelo diretor Emmanuel Mouret, que escreveu o roteiro, do romance de Denis Diderot de 1784, “Jacques le Fataliste et son Maître.

O longa se passa no século XVIII, França 1750. 

Depois de um tempo resistindo às investidas do sedutor Marquês de Arcis, madame de La Pommeray, uma viúva reclusa, decide assumir um relacionamento entre eles. Passados dois anos juntos, o marquês se sente entediado e acaba o romance de uma maneira amigável. Madame, loucamente apaixonada e terrivelmente machucada, decide se vingar dele com a cumplicidade de Mademoiselle de Joncquières e sua mãe.

“Mademoiselle Vingança” é um drama romance de época como poucos. 

O diretor desenrola um elaborado plano para vingar a imperiosa madame do sofrimento causado pelo libertino marques, que não se cansa de cortejar e de descartar mulheres de respeito e ou nem tanto. Em um cenário bucólico, há certo prazer em ver pessoas manipulando pessoas, até que Madame de La Pommeray quebre o silêncio e torne o terceiro ato a parte mais interessante do longa. “Mademoiselle Vingança” é bom porque traz lições para um e outro lado.

O filme funciona muito bem por dois fatores: atuação e roteiro. Cécile de France e Edouard Baes estão excelentes em seus papéis de protagonistas. Cécile consegue imprimir em seu trabalho uma sutileza exemplar, apesar da história parecer um melodrama comum, ela mostra nuances da madame principalmente a partir da metade do filme, quando ela executa seu plano. Baer encarna o marquês com uma naturalidade absoluta. Seu personagem é tipicamente do homem que supostamente protege as mulheres para conquistá-las e depois quando se cansa simplesmente as deixa.

O roteiro vai te prender do começo ao fim.

Filme autoral de época, o drama romance conta com um vocabulário pomposo da aristocracia francesa – conseguindo extrair ao máximo, o humor dos cortejos expressados pelo marques, assim como a rigidez gestual nas respostas de madame.

O rigor formal dos planos dão unidade ao longa. Um pouco romance, um pouco drama cheio de reviravoltas vai desde uma abordagem mais romanesca entre o marquês e a madame, até uma história de vingança.

Os cenários maravilhosos na França do século XVIII chegam a deslumbrar com seus bosques, jardins e castelos, como também os cenários de interiores para lá de suntuosos.

A música clássica de época, belíssima, sem falar do figurino que vai deixar você embasbacada.

Este filme foge da regra dos filmes franceses, pois não é lento nem arrastado, é redondo e bem costurado e com um final surpreendente!

Um excelente entretenimento.

Um filme lindo e muito agradável de se ver!

Aqui fica minha dica.

Adorei!

Mais filmes franceses:

Jovem e Bela

O diário de uma camareira

2 Comentários

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Gloria Bell – Drama-comédia sobre amor e solidão com a intensidade de Julianne Moore

Hoje minha dica é o filme Gloria Bell, já nos cinemas, feito para você Dominique de carteirinha.

Sebastián Lelio, grande diretor chileno revisita o projeto, que dirigiu em 2013, chamado “Gloria”, para fazer um remake americano mais sofisticado e com potencial de atingir premiações. “Gloria Bell” trata-se de uma refilmagem plano-a-plano do original. Vale o ingresso por mais uma atuação comovente de Julianne Moore. Filme com intenções simples, despojadas, mas que se diferencia pelo esmero da execução.

Na história, Gloria é uma divorciada que está no auge de sua meia-idade e, apesar das limitações, tem espírito livre, vontade de viver e ser feliz.

Gosta de dançar e se sente uma jovem em plena descoberta do mundo, no entanto quando Arnold (John Turturro) entra em sua vida, o amor, a solidão e o desespero colidem enquanto ela precisa aprender a viver consigo mesma, o que faz render a trama por toda uma jornada de autoconhecimento da protagonista.

O trabalho excepcional da direção utiliza planos fechados, closes e detalhes para mergulhar no íntimo da sua protagonista como se a câmera não existisse. Essa busca pelo realismo é alcançada com êxito e destaca o filme dos demais.

Julianne Moore distingui-se pela sua expressão corporal e olhares penetrantes, por uma atuação segura de si e divertida, cativante, reflexo de uma carreira brilhante. Claramente a atriz se identifica com a personagem e abraça todas suas qualidades e defeitos.

A escolha da atriz é perfeita, e sua representação da personagem é o que permanece do filme original.

O roteiro se sustenta no trabalho de Moore, que vai do sorriso às lágrimas de maneira natural e graciosa. A trilha sonora transcende e se insere dentro dos diálogos da protagonista, que fala pouco, mas que expressa seus pensamentos através das canções que escuta no rádio.

Realmente é um dos pontos mais altos do filme, deixando a vontade de escutarmos em looping eterno os hits dos anos 80. Quando você menos espera já está cantando ou batucando dentro do cinema.

A direção de arte faz um trabalho excelente na composição dos ambientes e dos lugares escolhidos para representar o filme.

“Gloria Bell” conta uma história banal, sobre uma mulher comum, que precisa lidar com o fato de estar envelhecendo ao mesmo tempo em que vê o amor idealizado se perder em sua juventude.

“Gloria Bell” traz uma divertida, melancólica e poderosa reflexão, já que fala da busca desenfreada pela felicidade ao lado de outra pessoa, quando a primeira grande lição da vida é aprender a amar a si mesmo.

Você vai se emocionar, se identificar e dar muitas risadas!
Adorei!!!
Aqui fica a dica.

Confira outro remake:

Perfeitos Desconhecidos

2 Comentários
  1. Adorei seu comentário! Vou acompanhá-la pra não perder nenhuma dica sua. Após ler suas resenhas observaremos o filme com olhar apurado sem perder nenhum detalhe importante ❣️

    1. Dorothy! Que bom, isso me deixa muito feliz! Eh muito importante ter esse retorno! Obrigada querida

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