Tag: Festival Varilux

Quem Você Pensa Que Sou – forte drama psicológico faz estudo da complexa personagem e da maturidade

Hoje minha dica é assistir o ótimo filme “Quem Você Pensa Que Sou”, mas no cinema. A junção de Binoche em ótima forma, com surpreendente expressividade, um diretor empolgado e um roteiro interessantíssimo faz com que o longa seja um dos melhores filmes franceses da safra recente. Exibido no último Festival Varilux de Cinema Francês 2019.

Em seus 50 anos, Claire (Juliette Binoche) é uma professora de literatura, bem-sucedida, divorciada, desprezada pelo jovem namorado Ludo. Claire então decide criar um perfil falso em uma rede social para atingir o ex-namorado. Lá atende por Clara, uma linda garota muito mais jovem.

Alex, colega do ex acaba se apaixonando por Clara, e Claire, por trás das telas também. Apesar de tudo rolar no mundo virtual, as emoções ocorridas são bastante reais, e podem trazer complicações para todos. É o início de uma relação complicada, e tumultuada repleta de mentiras, revelações, reviravoltas e momentos muito tensos.

Esta é a trama do excelente drama psicológico Quem Você Pensa Que Sou dirigido pelo francês Safy Nebbou. No longa há a escuta terapêutica, as sessões de psicanálise em que Claire relata os motivos recentes de sua amargura dilacerante.

As ambiguidades de uma mulher de mais de 50 anos

O cineasta Safy Nebbou apresenta com sensibilidade as ambigüidades da protagonista, por exemplo, intercalando as aulas em que ela menciona exemplos femininos fortes tais como Marguerite Duras, com as demonstrações de fraqueza na intimidade.

Claire freqüentemente se apresenta em frangalhos diante da terapeuta , a quem confronta, questionando métodos, como que testando sua elasticidade ética a fim de sentir-se segura para desabafar por completo.

A trama é construída com cuidado, focada no entrelaçamento perigoso das personas real e imaginária que Claire queria indistinguível a fim de não perder de vista seu novo amor.

Quem Você Pensa Que Sou, num nível simbólico, fala de questões como a angústia sentida por algumas mulheres na casa dos 50 anos, a imersão na mentira como artifício para suportar as dores da realidade e a “irresponsabilidade” emocional.

Eu tive uma paixão imediata por esse drama que aborda com muita exatidão e requinte assuntos como envelhecimento, o medo do abandono e da rejeição, a paixão amorosa, o domínio, a obsessão e o desejo de não cumprir as regras.

Não perca!

Sem dúvida vale uma ida ao cinema.

Você vai adorar!

Assista o trailer

Outro filme com a protagonista

Mil Vezes Boa Noite


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Agnus Dei – Les Innocentes

Uma história finalmente contada.

Les Innocents exibido no Festival Varilux de Cinema Francês em 2016, chegou por aqui com o nome de Agnus Dei. Baseado em fatos reais, filmado na Polônia e França, conta uma história de violência contra mulheres ao final da Segunda Guerra Mundial, em um vilarejo polonês.

Durante uma missão da Cruz Vermelha, a jovem médica francesa, Mathilde (Lou de Laâge), trata de sobreviventes franceses antes de serem repatriados. Mathilde descobre que freiras de um convento vizinho foram estupradas por soldados russos. Muitas delas estão grávidas. Apesar da ordem de prestar socorro apenas aos franceses, a médica começa a tratar secretamente de todas as freiras e madres e enfrenta os julgamentos das próprias pacientes que se sentem culpadas por terem violado o voto de castidade que se recusam a ter o corpo tocado por quem quer que seja até mesmo uma freira.

A talentosa diretora e roteirista Anne Fontaine ficou profundamente tocada com essa história sobre maternidade e questionamento da fé, e faz de “Agnus Dei”, um filme forte, denso e que provoca inúmeras reflexões.

O roteiro não tem como foco discutir a guerra em si, trata com atenção as consequências dos atos brutais dentro do convento e de como as freiras grávidas lidam com essa provação.

O longa é essencialmente de mulheres, mas alguns de homens aparecem em cena – especialmente no cotidiano de Mathilde, cercada de homens no hospital militar.

Um desses homens tem destaque na produção: o médico Samuel (Vincent Macaigne). Ele aparece, para reforçar a leitura da personagem de Mathilde e para ajudar a contrastar a vida dela com a das freiras do convento.

Conhecemos duas realidades diferentes: a das mulheres enclausuradas que acabam tendo suas vidas invadidas e agredidas de forma covarde, sem possibilidade de defesa em contraste com a vida independente de uma médica que fez a escolha de dedicar a vida para ajudar as pessoas na Cruz Vermelha.

Mathilde é solteira, possuí uma profissão, sai com o homem que quer, fuma, tem origem familiar comunista, e faz o que acha certo. Em contrapartida as freiras que ela encontra em situação de vergonha e medo devem seguir hierarquia com o propósito ter obediência, e dedicar todo tempo a Deus.

Essas duas realidades não se chocam, mas é difícil para Mathilde se colocar no lugar daquelas jovens mulheres, até que em certa uma noite, ela passa por uma situação semelhante.

”Les Innocents” nos conta uma história terrível e convida o espectador a conhecer mais uma das chagas pouco comentadas que foram deixadas pela Segunda Guerra Mundial.

O longa convida as mulheres a fazerem um exercício de empatia que é duro, porém é necessário.

Bem construído e com ótimo elenco, “Agnus Dei” fala de humanidade e compaixão. Independe de religião, de visão política, ou lado da guerra.

Anne Fontaine empresta sua assinatura a esse magnífico filme sobre transgressão e amparo. O emocionante encontro entre a médica francesa e a irmã Maria (Agata Buzek), dividida entre seus votos e a vontade de aceitar a vida.

 Acima de tudo é uma belíssima homenagem às mulheres vítimas tão esquecidas – e tão silenciadas – de todas as guerras.

Um filme, belo, sensível, tocante e acrescenta-se também, que nos faz refletir sobre dogmas e comportamentos humanos durante a guerra. Nos faz notar que a humanidade é capaz de triunfar diante de tantos absurdos e perversidades que o ser humano é capaz de cometer em nome do poder, do prazer e até mesmo de Deus.

Importante mencionar dois aspectos: a trilha sonora emocionante, e a fotografia com  belíssimas imagens com potencial de serem emolduradas.

Confira o Trailer:

https://youtu.be/Gr6w-22dOEk

Veja também:

https://dominique.com.br/beleza-americana/

https://dominique.com.br/lore/

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Festival Varilux de Cinema Francês 2018 – Para os cinéfilos de plantão

Dominique - Festival
Chegou o Festival Varilux de Cinema Francês!  2018 . Acontece de 07  até o dia 20 de junho. Levará ao público de todo o Brasil uma seleção com vinte filmes, da nova safra francesa, inéditos no país.

O Amante Duplo, último longa de François Ozon, um suspense erótico que traz Marine Vatch e Jérémie Rénier nos papéis principais, casal que serviu de inspiração para o cartaz oficial do festival.

O homenageado do Festival Varilux é o diretor Costa Gavras com o seu clássico “Z”, filme que completa 50 anos e será exibido em cópia restaurada.

O público assistirá  aos mais novos trabalhos de cineastas, de atores e atrizes já consagrados.   Premiados jovens talentos que imprimem diversidade e originalidade ao cinema francês marcam presença.

A delegação francesa desembarcou na cidade nesta quarta-feira para debater sobre os filmes “O Poder de Diane”, “Carnívoras”, “Marvin” e “Primavera em Casablanca”.

“O Poder de Diane”, de Fabien Gorgeart (Diane a Les Épaules), conta a história de uma mulher que aceita ser barriga de aluguel de seus melhores amigos, abordando com humor e ternura a temática dos novos modelos familiares.

“Carnívoras”, dirigido pelo estreante Jérémie Renier, ao lado do irmão Yannick, fala de duas irmãs que querem ser atrizes.

“Marvin”, de Anne Fontaine (Agnus Dei), premiado em Veneza, com Isabelle Huppert, sobre um garoto que foge de seu vilarejo.

“Primavera em Casablanca”, de Nabil Ayouch, cinco histórias que se encontram nas ruas da cidade marroquina.

Entre as produções destacam-se três filmes da nova geração francesa de cineastas, designado várias vezes pela crítica de “nouvelle garde”.

“Custódia” (Jusqu` à la Garde), de Xavier Legrand, que acompanha a disputa entre um casal pela guarda do filho. O longa foi vencedor do prêmio de Melhor Direção e Melhor Primeiro Filme, no Festival de Veneza.

“A Excêntrica Família de Gaspar” (Gaspar va au Marriage), de Antony Cordier, comédia maluca e melancólica sobre o adeus a infância, desejo e tempo.

E também, o já citado, “O Poder de Diane”.

Destacam-se também dois filmes pelo gênero pouco comum na França.  O longa  “A Noite Devorou o Mundo” (La Nuit a Devoré le Monde), é uma sátira social e um filme de zumbis.  Filme de Dominique Rocher mostra a cidade invadida pelas criaturas, com um único ser humano tentando sobreviver.  Na mesma veia, “O Último Suspiro” (Dans la Brume), do quebequense Daniel Roby, mostra uma família tentando se salvar após uma contaminação química. Com Romain Duris no papel principal.

Na seleção da mostra, há ainda “Gauguin-Viagem ao Taiti”, com Vincent Cassel, como o pintor, “A Busca do Chef Ducasse”, e “Nos Vemos no Paraíso”, vencedor de cinco prêmios César.

O festival ainda conta com filmes e workshop de realidade virtual e uma seleção de curtas metragens.

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=NBfwvJz72mo&feature=youtu.be[/fve]

Logo mais, comentarei aqui para você, os melhores dessa seleção. Para os cinéfilos, realmente esse festival é imperdível!!!

Leia Mais:

Uma Janela para o Amor – Uma celebração do amor
Match Point – A importância da sorte na vida, disponível na Netflix

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Um Instante de Amor retrata a figura feminina na sociedade

Adaptado do best-seller da italiana Milena Agus, Um Instante de Amor instiga o público a discutir a emancipação feminina, em especial naquilo que tange a sua sexualidade.

Gabrielle (Marion Cotillard, esplêndida no papel) é uma mulher bela e solitária que não sabe lidar com seus impulsos sexuais. Preocupada com a sanidade mental da filha, cada vez mais perturbada, sua mãe arma o casamento dela com o pedreiro José (o excelente ator espanhol Alex Brendemiahl). Após sofrer um aborto e descobrir que tem pedras renais, Gabrielle vai se tratar numa clínica e lá encontra a paixão que jamais teve pelo marido, um tenente à beira da morte ( o bonitão Louis Garrel).

Interessante a ideia de utilizar a doença renal de Gabrielle como metáfora para seu desejo reprimido. O filme resgata um conceito muito bem definido pela medicina grega – o de que os órgãos específicos adoeciam como causa e consequência de determinadas emoções em desequilíbrio. Os cálculos renais da protagonista estariam intimamente ligados ao sentimento do medo, natural para uma mulher da década de 50, que vivia o conflito de ter que domar o feminino dentro de si mesma. Embora o filme de Garcia se dedique ao feminino ela dá aos personagens masculinos um tratamento complexo, generoso, de muita sensibilidade.

É no desempenho do elenco que Um Instante de Amor certamente irá agradar ao público. A personagem Marion Cotillard é construída com muito empenho por uma atriz que se entrega de forma absoluta. Ela é sem dúvida uma das grandes intérpretes de nossa geração. Seu par romântico, Louis Garrel, se distancia cada vez mais do estigma de símbolo sexual. Com uma atuação surpreendente, Garrel se despe de qualquer vaidade para a composição de seu personagem, que aparece pouco, mas é fundamental para o desenrolar da trama. A dupla definitivamente é o maior atrativo de Um Instante de Amor.

O longa conta com uma bela e charmosa fotografia assinada por Christophe Beaucarne.

A trilha sonora com realce especial à Barcarola de Tchaikovsky é discreta e elegante.

O filme de Nicole Garcia não desperdiça sua força cinematográfica, pelo contrário, consegue traduzir o íntimo de seus personagens através de imagens e da essência de seu texto.

Dominiques, aqui fica minha dica da semana.

Bom programa!

Aproveitem!

[fve]https://youtu.be/AYA370PuTzc[/fve]

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