Tag: Relacionamento

Sobre vínculos, o que entendemos que seja o amor ao longo do tempo

Dominique - Amor
Quando estamos apaixonados, vivemos um período de muitos sentimentos deliciosos, frio na barriga, vontade de ficar junto, fazer planos e curtir a pessoa amada. E como um movimento natural, nos casamos. E pode ter vários formatos, morar junto, morar separado, ter filho, ter cachorro. Não precisa ser aquele casamento de vestido de noiva, igreja, festa. Sim aquele comprometimento significativo com alguém com quem queremos compartilhar a vida e aprofundar a intimidade.

Mesmo com sentimentos intensos, diante do cotidiano e da convivência, os relacionamentos mais longos são postos à prova. As paixões se tornam mais amenas com a convivência. Passamos então a desenvolver um sentimento mais tranquilo de afinidade e parceira, que ao meu entender é o amor. E do mesmo jeito que as pessoas mudam, os relacionamentos também mudam. Até porque refazemos nossos projetos, mudamos nossos pontos de vista e isso inevitavelmente irá refletir nas relações que estabelecemos.

Naturalmente, as relações passam por fases boas, ruins, enfrentam desafios desgastantes que muitas vezes não dependem do casal Como perdas, mortes, mudanças repentinas e involuntárias. Tudo isso é vivido pelas pessoas com efeitos diferentes; cada um vive e sente o relacionamento à sua maneira, de acordo com sua história de vida e seus recursos.

As pessoas podem desanimar quando percebem que o relacionamento já não tem aquela magia de tempos atrás. Quando a expectativa é de ter frio na barriga e coração disparado ao ver o(a) nosso(a) parceiro(a), nos frustramos. Essas sensações são próprias da paixão ou da saudade. Não fazem parte do cotidiano de um relacionamento mais longo, com pessoas que trabalham, pagam contas, dividem as tarefas domésticas, se cansam, discutem, fazem as pazes, enfim, levam uma vida real.

O amor tem várias formas. Não só manifestações mais evidentes como flores, jantares e presentes. Atitudes do dia-a-dia são formas de demonstrar o amor e o cuidado…. E há de se ter olhos para ver e valorizar os pequenos gestos amorosos. Podem passar despercebidos quando temos um protocolo exato de como ele deve ser demonstrado. Esperamos o buquê de rosas e nem percebemos que as flores do nosso pequeno jardim da varanda estão sendo regadas todos dos dias pelo(a) companheiro(a)! Quanto deixamos de perceber por conta das exigências!

Se as pessoas conseguem ressignificar expectativas, tornando-as mais reais, entendendo o que esperar do outro e em quais situações, tudo se torna menos desgastante. Relacionar-se envolve perceber a si mesmo, os próprios comportamentos, o que eu causo no outro e o que o outro me causa. Saber ouvir e ampliar o canal da comunicação entre duas pessoas ajuda a diminuir significativamente os conflitos e abre caminhos para que as pessoas se respeitem e se unam.

Com o passar do tempo, o amor pode se tornar menos intenso, mas se torna também mais profundo. Algumas coisas mudam, porém mudanças não são ruins. Só tornam as coisas diferentes, mas não piores.

É preciso conciliar constantemente as divergências, respeitar as opiniões e pensamentos e debater as escolhas, o que em muitos momentos pode revelar impossibilidades de continuarem juntos. Mas quando o casal decide ficar junto e enfrentar tais mudanças juntos, o relacionamento se fortalece. Quando se aprofunda, o amor cria importantes raízes como lealdade, confiança, companheirismo, carinho e cuidado. Elementos valiosos da convivência entre as pessoas que são construídos com dedicação e respeito.

E se perguntar, o que sustenta esse amor? Mesmo sem tanto brilho como nos primeiros anos de relacionamento, o que faz com que eu queira caminhar ao lado dessa pessoa? As respostas para essas questões indicam a qualidade do vínculo amoroso. Servem como um termômetro do compromisso e do desejo de permanecerem juntas.

Estou falando de relacionamentos que não são perfeitos e nem o tempo todo felizes, mas que simbolizam uma gratificante parceria de pessoas imperfeitas….. Que quando comparam prós e contras, percebem que valeu a pena persistir.

E para você? O que é o amor e como ele é demonstrado?

Leia Mais:

Recordar é viver? Nem sempre o passado foi tão bom assim
Amiga pra valer é tão gostoso quanto café com leite

Alcione Aparecida Messa

Psicóloga, Professora Universitária e Mediadora de Conflitos. Doutora em Ciências. Curiosa desde sempre, interessada na beleza e na dor do ser humano. E-mail: [email protected]

10 Comentários
  1. Amor e paixão são sentimentos diferentes.Paixao tem pavio curto,apaga logo ou se transforma em amor!
    As prioridades mudam,as alegrias e preocupações com filhos e netos,o respeito a admiração e o cuidado diário substituem as borboletas no estômago!

    1. Neusa, concordo com você! A convivência, os altos e baixos, podem fortalecer os laços e aprimorar mais ainda o amor. A paixão é uma coisa, amor é outra. Como a Rita Lee interpreta tão bem em sua canção!

  2. Depois de 25 anos casada eu ainda sentia ilusão, amor, é muita dedicação e companherismo.Um mês após as bodas de prata ele teve um avc e faleceu.
    Perdi o chão.
    Mas tivemos cinco filhos maravilhosos. Eles me ajudam até hoje ter uma vida mais confortável.

  3. Amor para mim após 40 anos, é um respeitar o outro, ter cuidados especiais no dia a dia,conversar sempre, dizer diariamente estamos juntos.e nos abraçamos todas as manhã e dizer bom dia!!!!

  4. Amor pra mim depois de 39 anos juntos, é sentir a ausência do outro sentir-se triste quando ele não está perto.O carinho o cuidado.

  5. O amor com o passar do tempo é companheirismo, parceria, compreender e aceitar que as mudanças ocorreram nos parceiros, mas também em nós,mudança física e emocional! A relação se sustenta com respeito pelo outro!

  6. Amor para mim entre um casal é parceria e respeito um pelo o outro.
    Depois de um casamento de 38 anos fracassado , fiquei por 6 anos sozinha com medo de amar novamente.
    Hoje conheci um amor ;parceiro , amigo e que me respeita.
    Um amigo Amor.

  7. O Amor sem dúvida é sensato, é cheio de significados duradouros, cheio de maturidade, de tal forma que mesmo em momentos turbulentos as prioridades permanecem.

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Relato de uma Mulher Apaixonada. Sem perder o TOM

Dominique - Mulher
That´s ma’man.
My kind of man.
Sabe como?
Tem tudo que eu gosto.
Ou gosto de tudo que ele é. Não sei.
Claro que temos muito em comum.
Gosta de praia. Ama o mar sua serenidade, suas correntezassuas ondas e sua misteriosa profundidade.

Sente a necessidade de sempre estar perto da praia, do sol, do mato, da chuva, do verde, de seus Sabiás, pois só assim se sente próximo às divindades.
Para ele, Deus está na natureza. Deus é a natureza.

Apaixonado. Sempre apaixonado pela mulher.
A mulher que com ele estiver no momento. Ou a próxima.

Ciumento? Não… Acho que não. Ciumento mesmo é quem está a seu lado.
Eu por exemplo, morrroooo de ciúmes de sua última esposa!
Da primeira nem tanto. Vai entender…

Gato. Gatíssimo.
Elegante com um jeitinho meio canalha. Calma. Canalha de uma maneira supercarinhosa.

Porque casar, casou mesmo só com duas mulheres: Teresa, da Praia, e Ana. Mas cantou muitas. Cantou Angela, Lígia, Luiza, Isabella, Bebel, Gabriela, Luciana, Maria da Graça… Mas a mim, não. Nunca cantou Dominique. Nem Lili. Ok, tudo bem.

Agora, Vou Te Contar uma coisa.
Pra quem você acha que ele sussura Querida?
Simmmmm darling, para mim… E sabe por que?
Porque ele diz o tempo todo que sou tão Bonita
E pode até ser uma grande Insensatez de minha parte, mas acredito.
Acredito e me arrepio cada vez que ele me diz  Se Todas Fossem Iguais a Você….
Aliás, poderia passar uma vida Falando de Amor com ele. Ah, Quem Me Dera!
Ah! Quem me dera nós tivéssemos tido nossos Caminhos Cruzados, meu amado Tom.

Mas chega! Chega de Saudade!!

A verdade é que meu amor por você é um Amor Sem Adeus.

Podem vir as Águas de Março, fechar o verão. Pode vir a Derradeira Primavera. Mas enquanto seu afinado Desafinado tocar neste piano, não haverá Solidão.

Eu Te Amo Tom Jobim!

Afinal, que mulher não ama Tom Jobim?

Leia Mais:

Passeando com o passado
Ei-la aqui. Rita Lee. A Dominique das Dominiques.

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

8 Comentários
  1. Perfeito!!!!Lindíssima homenagem Dominik. Emocionante. Tb tenho um lindo e amado Tom. Antônio Carlos.❤❤❤

  2. Que incrível. A cada frase que li, não era neste Tom que eu pensava. Mas no meu Tom, que não se chama Tom. Mas que foi retratado com tamanha lucidez neste texto. Incrível, como não amar o meu Tom, que não se chama Tom e que também não é meu! É do mundo! É de todas !!!

  3. Que lindo…cresci escutando esse homem
    Sempre adorei ele! Universal, plural, Internacional…sua sensibilidade abraça,está em todos os cantos a todas as horas
    Adoro ele ainda mais agora, Dominique

  4. Adorei! que bela homenagem! foi um homen gatissimo, super charmoso e talentoso. Eu tambem gostaria de ter sido uma de suas mulheres.

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Conversei com Roberto Leone, namorido da Consuelo Blocker

Dominique - Roberto
Roberto Leone, mais conhecido como Roby, tem 61 anos, é fotógrafo e namorido da Consuelo Blocker.

Como um italiano genuíno, tem orgulho de ser florentino! Tudo nele espelha isso
através de seu olhar mágico com reverência à luz e aos vários planos que se tem no
vale, onde nasce a cidade de Florença, berço do renascimento.

Fotógrafo elegante de porte e comportamento. Consuelo se declara apaixonada por
ele há 8 anos e afirma que a intensidade não muda, graças ao jeito espetacular que
Roberto tem perante a vida, sempre vendo o copo meio cheio.

Fizemos uma entrevista com ele que num bate-papo delicioso revela sua visão sobre Dominiques e seu relacionamento maduro com a Consuelo Blocker, a Dominique da
sua vida.

A Consuelo pousou de lingerie aos 49 anos. E estava uma delícia. Você foi o fotógrafo.
Foi exigência ou coincidência? Você deixaria outro fotografá-la?

Ambos ficamos surpresos com a tarefa, mas a ideia por trás disso foi excelente e o
desafio foi muito intrigante.

Pensávamos que seria melhor se eu fosse o fotógrafo, porque também sou seu
companheiro, uma pessoa que a conhece bem e a quem confia.

Claro que também sou italiano e não vejo por que alguém deveria fotografá-la em
lingerie! 😉 Estou brincando (parcialmente), pois acho que, além das habilidades
técnicas necessárias, tenho uma sensibilidade e uma cumplicidade com ela que são
definitivamente uma vantagem sobre qualquer fotógrafo designado.

Um relacionamento nem sempre é fácil. Para duas pessoas já com experiência de
casamentos anteriores o desafio é maior ainda. Sendo de países e culturas diferentes,
com filhos, deve ser mais complicado. Como foi?

Os casamentos anteriores falhados são, de fato, experiências que deixam cicatrizes em
nossa alma e podem dificultar os relacionamentos. Mas também devemos olhar para
essas experiências como estágios de aprendizagem que nos levaram a amadurecer e
nos ajudaram a melhorar a nós mesmos e, portanto, o relacionamento com um novo
parceiro.

Pessoalmente, aprendi a ouvir mais e me colocar no lugar da outra pessoa, antes de
julgar unilateralmente ou comportar-me de forma egoísta. Antes que essa palavra se
tornasse uma palavra elegante, percebi que a empatia é a chave para melhores
relacionamentos, com parceiros e pessoas em geral também.

Diferentes contextos culturais são obstáculos apenas quando temos uma mente
fechada. Quando abrimos para diferentes culturas, nos introduzimos em novos
mundos e isso é emocionante e não é algo que tenho medo!

Crianças de casamentos anteriores são, na verdade, o aspecto mais difícil de novos
relacionamentos. Isso requer extrema cautela e sensibilidade. Tanto quanto as
crianças poderiam ser doces e fabulosas (como são os filhos da Consuelo), é inegável
que não são nosso sangue e o vínculo inexplicável que nos faz aceitar qualquer coisa
de nossos próprios filhos, não funciona da mesma maneira para “adquirido” ” crianças.
E exatamente o mesmo se aplica a essas crianças, então, ao entrar em um novo relacionamento, o novo parceiro deve sempre lembrar que ele/ela não é o pai natural.
Ganhe e dê respeito e carinho, pois não vem naturalmente através do vínculo
sanguíneo.

We all know that menopausa is a bitch! Como é viver ao lado de uma mulher que está
passando por esta revolução hormonal?

A menopausa is a bitch? Mesmo?! Não notei 😉
Brincadeira à parte, a experiência requer nervos de aço e a paciência de um monge
zen! Eu comparo isso a navegar uma bela embarcação por uma tempestade. Difícil,
mas a viagem vale a pena!

O que faz você voltar pra casa (para o relacionamento) todo dia?

Pode parecer ruim, mas quando você tem alguém que é ao mesmo tempo o seu
verdadeiro amor, sua melhor amiga e seu sonho mais sexy, por que não devo querer
voltar para ela?

Você é um fotografo de extrema sensibilidade, vide a foto PB da Consuelo que
captou um momento único. Como você faz para isso se transpor em trabalhos
comerciais?

Esses tipos de imagens são fruto do vínculo especial e íntimo que temos. Adoro o que
vejo e quero tatuá-lo em minha mente com uma foto. Penso honestamente que eu
poderia reproduzir a cena, mas não a espontaneidade disso. O trabalho comercial é
mais aparência do que sentimentos…

Roberto, o homem também tem algum tipo de problema com o envelhecer? Você vem
sentindo algo diferente e como vem lidando com isso?

O envelhecimento não é divertido, mesmo para os homens! A maioria de nós
“meninos” tende a negar isso, mas não acredite nisso, como todos, nós sofremos ao
ver os sinais de tempo em nosso corpo. Há, naturalmente, momentos em que sinto
falta do meu corpo mais jovem e, especialmente, dos cabelos cheios, mas, como
Consuelo muitas vezes aponta, felizmente tenho um enorme ego e ainda me acho
muito legal! 😉

O verdadeiro segredo para lidar com esse processo de envelhecimento realmente
irritante, no entanto, é ser feliz com o que você é e se tornou e aproveitá-lo. Claro,
devemos nos cuidar bem: comer e beber com sensatez e praticar alguma atividade
física regularmente. E nunca, nunca, comparando-nos a um espécime mais jovem e
apto!

No Brasil, a maioria dos homens não encara bem o envelhecimento feminino. Celulites
e cabelos brancos são pecado. Como você encara isso?

Há homens que pensam assim também na Itália, mas, felizmente, são uma minoria
imatura. Sinto muito por eles, pois eles não sabem o que eles estão perdendo!

Claro, do ponto de vista puramente estético, a juventude é atraente. Mas, pessoalmente, acredito que o velho ditado “envelhecido como um bom vinho” é absolutamente verdadeiro e representa perfeitamente o conceito.

Quando você é jovem, seu gosto não é realmente desenvolvido, e uma cerveja “estupidamente gelada” parece ser a única coisa que deseja.

As pessoas que tentam desmantelar minha teoria apontam que uma cerveja é sempre
agradável, ainda mais tarde na vida. Isso pode ser verdade, se você está comendo pizza
(você tem uma vida/mente simples). Se, por outro lado, você aprimorou seu gosto e
começou a desfrutar de comidas mais complexas, você nunca teria uma deliciosa
refeição de alta gastronomia bebendo cerveja! Você gostaria de uma boa garrafa de
vinho, saborear e apreciá-la por suas múltiplas facetas e sensações durante todo o
menu (vida).

Traduzido para uma imagem menos poética, devemos apreciar todo o apelo de um
bom vinho, em vez de adorar qualquer coisa com um conteúdo de álcool!

Eu não preciso dizer às minhas amigas quão interessante e atraente uma mulher se
torna com a idade! Talvez com um pouco de celulite e cabelos grisalhos, mas com uma
mente mais ampla, vida cumprida e plena consciência de sua própria feminilidade e
sexualidade. E eu acho isso irresistivelmente sexy …

Leia mais:

Final do ano – tempo de reflexão pessoal e balanço da vida!
O dia em que percebi o primeiro último dia da minha vida

6 Comentários
  1. Amo o casal, são belíssimos, são inspiradores! um belo exemplo de felicidade na maturidade, transmitem afinidade, simplicidade, elegancia, charme, sensualidade..tudo de bom! Vida longa aos apaxonados!

  2. Adoro a Consuelo, elegante e espontânea e vejo que o Robbie e ela são pessoas maduras que sabem usar seu lado criança para dar aquele toque de alegria no relacionamento.
    Vida longa aos dois apaixonados!

  3. Quanta sensatez num homem só. Infelizmente o homem brasileiro não tem essa maturidade. Parabéns à todos envolvidos na entrevista.

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Infarto na hora H – Curiosidade tem limite, falta de juízo não!

Dominique - Infarto
Tenho uma amiga, muito, mas muito querida, que se meteu numa encrenca monstro por pura falta de experiência, ingenuidade e um tico de Alice no País das Maravilhas.

Casada por 25 anos com o mesmo homem, primeiro e único. Infelizmente, uma série de mal entendidos e infortúnios ao longo dos últimos 5 anos, levou o casal a pedir o divórcio.

O impacto da solidão a assombrou. Preferia ficar num casamento já destruído a enfrentar a vida sozinha. O terror de se ver só fez com que o juízo que lhe restava escoasse pelo ralo.

No afã de encontrar um companheiro, parceiro, namorado ou algo do gênero, cadastrou-se em um destes aplicativos de relacionamento. Isso há 12 anos, quando não se falava muito sobre encontros através da internet.

Entra no aplicativo, preenche o perfil tomada por um medo surreal, mas sincera em todas as respostas. Absolutamente franca, aberta, clara, até demais da conta.

Sem noção, marca um encontro com um cara, aparentemente bonitão, que morava no interior. Graças ao bom e santo Deus foi num shopping de São Paulo o que na história não refrescou muito.

O furor uterino era tanto que, sem mais delongas, topou ir a um motel. Aquela vontade insana, ovários em polvorosa, adormecidos há anos, não permitiram nenhum traço de bom senso.

Sem julgamento ou rótulos, OK? Quem nunca entrou numa fria por falta de juízo? Pode até não ter sido neste tema, mas quem nunca errou que atire a primeira pedra, não é não?

Bem, chegam no motel que ela não ia há anos, o ambiente convidativo, uma bebidinha, anos na seca, começa o rala e rola. O que acontece? Não, não é o que você imagina! O infeliz sofre um infarto! Isso mesmo, ataque do coração antes de consumar o ato…se ainda tivesse sido depois, vá lá que seja!

Ela abre a carteira do dito cujo, não tem carteirinha de convênio, nem cartão de débito, nem de crédito e apenas uma cédula de R$ 50,00. Ops, pega o celular dele, afinal tem que chamar alguém da família. Aparelho travado.

Um corre-corre danado, ela em desespero, chama ambulância e leva para onde? O pai dela havia falecido há cerca de 10 anos e ela conhecia bem o Hospital Santa Cruz, relativamente perto de onde estavam.

Entra a ambulância fazendo o maior alvoroço no estabelecimento do prazer – deve ter atrapalhado a performance de vários casais – temos que convir que é algo inusitado uma sirene dentro de um motel.

Ela vai com o cara para o hospital. Infarto, cateterismo, angioplastia, UTI. Quando enfim conseguiu ver o acamado, descobre que ele não tem família, não tem dinheiro, nem lenço, nem documento.

Dias depois, ao receber alta, o médico chama minha amiga, a “suposta” esposa e dá orientações bem claras. Ele não pode viajar por quinze dias. Repouso absoluto. Como assim? Aonde fica? Na casa dela com os filhos adolescentes, claro! Até hoje não consegui concatenar as ideias e entender o que ela explicou aos pimpolhos.

Pois é. Levou a criatura para casa que ficou durante uma longa e interminável quinzena. Ele se recuperando deitado em sua cama de casal e ela no sofá da sala. Ele com direito a café da manhã, almoço e jantar.

Se a história já é um capítulo à parte no conto dos absurdos, resta uma questão de extrema importância: se o ser humano não tinha convênio, não tinha dinheiro, nem cartões de crédito, quem pagou a conta do hospital? Quem quase teve um infarto fui eu quando ela revela o ápice da surrealidade, seu ex-marido bancou as despesas hospitalares!

O infartado jurou que iria devolver o dinheiro. Faz 12 anos, 4 meses e 28 dias.

Infarto no motel? É o cúmulo do azar, concorda?

Leia mais:

Churchill: as 96 horas que antecedem o importante “Dia D”
O dia em que percebi o primeiro último dia da minha vida

Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

2 Comentários
  1. Não sei se é um conto. Mas é uma situação muito plausível e fácil de acontecer, não com um desfecho tão dramático e inusitado! Todo cuidado é pouco!

  2. Ótima história é ótimo texto Marot!!! Proponho uma campanha de Dominiques para irmos atrás dele!!!

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Ei-la aqui. Rita Lee. A Dominique das Dominiques.

Rita Lee – 70 anos

Não há em minha geração quem não tenha dançado uma música de Rita Lee.
Você pode não saber o que é Loki. E não tem importância!! Sério!!
Você pode não conhecer bem os Mutantes. E muito menos saber que foi Ronnie Von que batizou o conjunto. Tudo bem.
Também não deve saber que Rita estudou na mesma classe que Regina Duarte.

Mas você sabe cantar Mania de Você de trás pra frente.

Dominique Rita Lee
Rita Lee anos 80

Ovelha Negra te despertou para a possibilidade de haver um mundo além da família “margarina” da casa da vizinha.

Lança Perfume legalizava aquela sua pequena contravenção de jovem.

Quantas vezes você não ouviu Cor de Rosa Choque porque estava “doente” e não foi pra aula?

Algum moço te passou uma cantada assobiando Banho de Espuma? Colou?

Ela disse SIM duas vezes, para Arnaldo e para Roberto. Na verdade 3 se contar o “Pra Você Eu Digo Sim“. Mas em nenhuma delas usou o vestido de noiva que Leila Diniz lhe emprestou e ela nunca devolveu.

Eu fui a um show dela no Palácio do Anhembi. Fui a outros. Mas lembro deste que foi “intimista” em 198X.
Heavy user de Internet, muito antes das redes sociais, ela sempre foi meio futurista.
Rita Lee possuía uma carteira de sócia do “Clube dos primeiros vôos à lua”. Lunática de carteirinha! Preciso falar mais?

Rita me inspira.
Claro que amo suas músicas, letras, ironias e sarcasmos.
Mas o que mais gosto de verdade, é seu desprendimento e independência de pensamentos.

Não concordo com tudo que ela fala.
Grande coisa!!
Aliás ela deve estar muito preocupada com isso.
E é justamente esse dar de ombros que amo.
Amo o jeito surpreendente que solta suas observações e opinões.

Rita é muito mais que sua obra.
Tenho a impressão que ela cansou, enjoou, não aguenta mais suas próprias músicas.
E eu entendo perfeitamente.
Você nunca cansou de se ouvir? Nunca cansou de seu próprio discurso? Nunca?????
Ahhh, ok.
Acho que ela tenta se reinventar o tempo todo, mas que todo mundo quer a Rita Lee de nossas adolescência, cantando Saúde e Chega Mais.

Talvez por isso ela tenha deixado suas madeixas vermelhas de lado assumindo o cabelo branco de vez, para que também deixássemos a Rita do Tal de Roque Enrow partir, e mais uma vez ser aquela metamorfose ambulante. Uma verdadeira Mutante.

E assim Rita consegue sua liberdade pela enésima vez.
Talvez por ter nascido no último dia do ano, tenha essa tendência ou essa sina de se reinventar.
Sorte nossa que há 70 anos convivemos com 70 Ritas.
Parabéns menina. Arrombe a Festa!!

A Dominique das Dominiques
Parabéns Rita Lee.
Ahhh, li esse texto de Rita Lee (fase cabelos brancos – livro Dropz). Vale muito a pena.

Eis-me aqui

Leia também :

História de Rita e Elis

Quando eu crescer e envelhecer pra valer, quero ir para um asilo!

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

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