Dominique

Coisas de Dominique é onde histórias de mulheres são contadas. Histórias de mulheres que realmente têm o que contar.
Eliane Cury Nahas por vezes transcreve, por vezes traduz coisas que Dominiques (aquelas mulheres com 50 ou mais anos de histórias) contam. Surpreendentemente você se identificará com muitas delas, afinal #SomostodasDominiques

Cremes

Fala verdade.
Sua pia do banheiro tem um monte de potinhos de cremes pela metade.
Você compra.
Juuuuraaa que dessa vez vai fazer o tratamento.
Começa cheia de técnica e de vontade e até vê diferenças na primeira semana.
Mas um dia chega com preguiça de tirar a maquiagem (tá tá tá..vc nuuuunca faz isso)
Ou um dia dá preguiça. Só aquele dia.
E no dia seguinte.
É que não fazemos conta. Mas se fizéssemos o tanto que temos investido em cima da pia, daria para comprar..
Daria para comprar…Hummm
Aquele creminho novo que faz milagresssss

[fve]https://youtu.be/gmlZOKetbVc[/fve]

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

Seja a primeira a comentar

Comentar

Your email address will not be published.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

Retrovisor

Estes dias reencontrei uma amiga de infância. Há anos não nos víamos. Sabíamos uma da outra por raros amigos em comum. Mas quis o universo que nos esbarrássemos no improvável Shida. Se você guia tão mal quanto eu, e mora em São Paulo, já foi ao Shida trocar espelhinhos do carro:)

Minha amiga, pelo jeito guia mal também. Nós nos reconhecemos de imediato. Começamos a conversar, uma atropelando a outra, com ânsia por ter de contar em minutos as vidas vividas ao longo destes últimos 20 anos. Quase não sentimos as 2 horas que se passaram até que nossos espelhos ficassem prontos.

Não. Não ficaríamos mais tanto tempo longe. Nunca mais.
– Vamos deixar marcado? Semana que vem?  Hummm, que tal um Happy Hour??
Ela titubeou para responder. Preferiria um almoço pois o marido costumava chegar em casa às 18h30.
– Ahhh, ok. Aqui no Itaim mesmo? Ótimo. Combinado!
Lá estava eu, pontualmente no dia, hora e local marcados.
Esperei 10, 15, 20 minutos. Será que me enganei? Será que era outro dia?
Mandei uma mensagem. Sem resposta.

Quando estava me preparando para ir embora, 30 minutos após minha chegada, vejo-a apontando na porta.
– Oieeee!!
Beijo, beijo.
– Sim, cheguei há algum tempo. Mas tudo bem, adiantei alguns assuntos por celular. Pegou muito trânsito, né? Não? Ahh, você veio a pé porque mora no outro quarteirão. Mas então, o que aconteceu? Marcamos 12h30… Entendi. Boa! 30 minutos não é considerado atraso no Brasil. Gostei dessa.

Conversa vai, conversa vem.
– Jura? Deve ser um trabalho superinteressante o dele. Gerente nível 3, com 55 anos, realmente é impressionante. Claro que viajar faz parte. Claro… Temos que ser compreensivas sim, tem razão. E de vez em quando é até bom ficar sozinha, né? Fala verdade colega!! Não? Ahhhhhhh, que fofa!! Você morre de saudade!!

– Tenho meus projetos sim. O Guilherme é um bom pai. Mas ex-marido é ex-marido, né? Tenho minhas contas pra pagar. Trabalhar faz parte. Não… ele não me deve nada. Ué… Porque não.

– E você? Terapia Ocupacional? Que legal!!! Sim sim… A grana não é lá estas coisas. Mas você tentou?? Entendo. Verdade. O mercado não está pra peixe.

– Ahhh. Obrigada. Mas não é fácil. Tô quase entregando pra Deus. Sabe como é. Na nossa idade temos que fazer 3 vezes mais exercício para tentar não engordar. Menina, como é duro levantar às 6 da matina pra estar no pilates às 7 horas. Aiaiai..

– Adoraria! Até porque amoooo andar no parque, mas às 10h30 é muito tarde para mim. Combinamos qualquer fim de semana.

– Estão todos ótimos!! Vejo com frequência nossa turminha. Nós nos encontramos toda primeira quinta do mês naquele bar gostoso em Pinheiros. Olha só que coincidência, o próximo é daqui dois dias. Vamos?  Não… os caras-metades não vão. Ahh, que pena. Ok, quando os maridos e esposas forem aviso sim. Pode deixar.

– Menina!! Não senti o tempo passar!! 13h30!! Preciso ir embora. Tenho reunião as 14 horas. Falei que estava com a tarde tranquila, sim. Que cabeça a minha!! Tinha esquecido completamente. Não… heheheh. Não posso chegar 14h30. Meu cliente não espera 30 minutos. Nem esse nem nenhum.

Beijo, beijo.
Vamos combinar. Te ligo!!

Entro no meu carro. Respiro aliviada. Não sei porque, mas estava me sentindo sufocada naquele almoço. Não via a hora de ir embora. Minha amiga não tinha mais nada a ver comigo. Mudamos as duas. Senti pena. Senti raiva. Vi a amargura em seus olhos. Vi também a indolência. A acomodação. Mas pode ser que ela esteja feliz no mundo dela. Não sei. Não sei.

Ligo o rádio. Preciso ouvir música. Meu remedinho contra tudo. No primeiro acorde, reconheço a música. Abro um sorriso. Um milhão de fichas caem ao mesmo tempo. Coincidência? Sincronicidade? Sei lá…

Aguardo o momento em que Chico murmura :

– O tempo passou na janela…… E só Carolina não viu!!!

Fico observando quase que hipnotizada, pelo espelho retrovisor do carro, minha amiga Carolina andando para casa, até o momento em que numa estranha ilusão de ótica, sua imagem e sua sombra se misturam às imensas e inúmeras grades de seu prédio, e eu a perco.

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

3 Comentários
  1. Que projeto bacana, estou mergulhando nos assuntos e curtindo muito, e que venham as ideias! Compartilhando com minhas amigas também
    . Beijos e Sucesso! Carolina Gatti

  2. O gostoso é ter um encontro assim, depois de trinta anos e ver que todas mudamos sim, mas, no fundo somos todas as mesmas. Falo da minha turma do colégio (sim, no meu tempo era colegial), que tive o imenso prazer em reencontrar depois de mmmuuuiiiiitttooooo tempo. Depois de 10 minutos, sabíamos que os laços jamais foram desatados. E curtimos cada mudança, assim como cada lembrança.

Comentar

Your email address will not be published.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

Perdoei a minha história

Olá Dominique.

Meu nome é Edna Freitas, tenho 49 anos, sou casada, mãe de 2 rapazes lindos e avó de 2 netinhos. No dia em que eu nasci, minha mãe me deu para outro casal. Fui criada como uma princesa em todos os sentidos.

Mas, mesmo assim, eu sentia uma falta muito grande dentro de mim, que era a de conhecer meus pais biológicos. Tudo o que eu sabia era que minha mãe de sangue tinha ido embora logo após o parto para o Pará e que meu pai se chamava Jorje Mesquita. Essas eram todas as informações que eu tinha deles.

Quando criança eu não ligava muito não, pois eu soube de tudo desde cedo. Mas, na adolescência, eu comecei a me revoltar. Não entendia porque um pai e uma mãe dariam uma criança do seu sangue para desconhecidos e nem porque eles nunca se preocuparam em saber o que aconteceu com esta filha, se ela morreu, se era bem tratada…

Quando meus pais adotivos faleceram coloquei na minha cabeça que iria procurá-los até encontrar. Mas eu tinha um objetivo: dizer umas verdades para eles e passar na cara deles que eu tinha sobrevivido sem eles. Eu tinha muitas palavras duras para dizer. Comecei a busca, colocando em rádios, pedindo informações em todo lugar. Mas era como se eles tivessem sido engolidos pela terra. Ninguém me dava informações sobre nada. Minha raiva só crescia. Quando eu via na TV pais procurando os filhos que deram quando bebês eu odiava todos eles. Eu até me culpava, pensando: “eu sou tão ruim que eles nunca quiseram saber de mim, nem depois de grande”. E por ai ía a minha revolta.

Quando me casei e tive os meus filhos passei a não entender ainda mais. Como um ser humano tem a coragem de dar um filho? Os meus eram a coisa mais linda, a mais importante da minha vida. Eu não suportava a ideia de me separar deles nem para trabalhar, tanto que eu não trabalhei enquanto eles eram pequenos. Não tinha coragem de deixar com ninguém, eu temia que eles fossem maltratados. E minha raiva crescia mais e mais…

Quando completei meus 47 aninhos… em um belo dia desabafando com uma irmã da minha igreja, ela falou a respeito do perdão. Naquele momento eu chorei muito e achei que tinha perdoado. Eu falava como se tivesse perdoado, mas no fundo não. A mágoa continuava lá, escondidinha. Eu já não tinha aquele sentimento de raiva, revolta, então achei que tinha esquecido. Um dia eu estava com uns problemas no casamento. Fui conversar novamente com a mesma irmã, esperando dela uma palavra sobre o meu relacionamento. Ela tocou no assunto de meus pais biológicos. Ela me falou de uma maneira que só sendo da parte de Deus, pois ali esqueci tudo o que estava vivendo.

Fui refletir sobre minha vida, minha história, meus pais biológicos, adotivos e ali encontrei uma brecha aberta do rancor, da mágoa. Nesse dia eu me tranquei no quarto e puxei uma cadeira. Pedi para o Senhor sentar ali naquela cadeira e tive uma conversa com Deus. Foi uma conversa longa e muitas lágrimas rolaram. Este foi o dia que senti que tinha verdadeiramente perdoado os meus pais. Tudo mudou pra mim, fiquei leve, mais feliz, mais amável. Eu já tinha desistido de procurar os meus pais pois foram muitas tentativas. De repente, me deu vontade de procurar novamente, e comecei a minha busca.

Apenas um ano depois eu encontrei o meu pai, com 86 anos, velhinho e morando de favor com uma irmã. Muito humilde. Foi muita emoção. De repente eu não quis nem saber o porquê de eles terem me dado. Minha mãe biológica já havia falecido. Eu trouxe ele para morar comigo. Hoje estamos juntinhos, e ele é tratado como um príncipe. Ele já disse que nunca imaginou um dia viver o que está vivendo agora. Ele me disse que não tinha nada, e nem ninguém, e que hoje tem uma filha, um genro que mais parece um filho, dois netos lindos e dois bisnetos.

E hoje sou completamente feliz.

Esta é a minha história.

Beijos

Dominique

Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!

5 Comentários
  1. …e como é difícil perdoar o abandono!
    Mas a gratificação por perdoar é uma liberdade imensa para a alma.
    Eu sei. Um dia, eu conto!

    Bjs

  2. Acredito no perdão genuíno, aquele que é dado com o coração limpo sem nenhum resíduo de mágoa, tristeza…É divino esse perdão! Somente aqueles que realmente vive a palavra, consegue essa bênção. Lindo!

  3. Olá,um dia abençoado à todos,quero agradecer por esta oportunidade de poder contar minha história.Perdão não é uma opção
    É comum escolhermos o que vamos perdoar, baseados naquilo que acreditamos ser “perdoável” ou não. Algumas pessoas acreditam, por exemplo, que quando alguém comete o mesmo erro conosco mais de uma vez, não merece ser perdoada. Então elas criam uma espécie de “escala de perdão”. Mas a Bíblia nos mostra que perdoar não é uma opção, mas uma ordem de Deus. Veja o que Jesus disse: “Tomem cuidado. Se o seu irmão pecar, repreenda-o e, se ele se arrepender, perdoe-lhe. Se pecar contra você sete vezes no dia, e sete vezes voltar a você e disser: ‘Estou arrependido’, perdoe-lhe” (Lucas 17:3-4).A melhor atitude de toda a minha vida foi perdoar meus pais.É saúde p os meus ossos.

  4. Muito interessante essa história, porém o mais importante foi a linda Dominique ter liberado o perdão, e se sentir livre…Parabéns! !

Comentar

Your email address will not be published.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

Gatão

Semana passada acho que todo mundo viu:
– Obama 55 anos + Michelle 53 anos (ora ora, ela tb é de 64!!) e
-Trump 70 anos + Melania 46 anos
E fiquei pensando nos meus amigos e amigas que desfazem longevos casamentos justo agora.
Acabei fazendo uma brincadeira com alguns amiguinhos.
Desculpem meninos. Não resisti!!!
Mas é só uma brincadeira!!!

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=WQZ_3JNN-rw[/fve]

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

3 Comentários
  1. Adorei!!!! Bem isso! Namorei recentemente um com 17 anos a mais. Gente, não dá, não é preconceito. Pensa uma pessoa que dizia que eu “tinha” que ficar com ele até ele morrer. E delhe presentes que eu nunca pedi. Achei a perspectiva macabra e voei pra bem longe.

Comentar

Your email address will not be published.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

Pernas

Ontem contei como Valentina e eu ficamos melhores amigas.
Hoje conto outro segredinho dela.
Não fica brava comigo Vale.
Todo mundo quer te conhecer também!!

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=L5KYjohZz7k[/fve]

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

Seja a primeira a comentar

Comentar

Your email address will not be published.

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>

QUER MAIS CONTEÚDO ASSIM?
Receba nossas atualizações por email e leia quando quiser.
  Nós não fazemos spam e você pode se descadastrar quando quiser.
CADASTRO FEITO COM SUCESSO - OBRIGADO E ATÉ LOGO!
QUER MAIS CONTEÚDO ASSIM?
Receba nossas atualizações por email e leia quando quiser.
  Nós não fazemos spam e você pode se descadastrar quando quiser.
CADASTRO FEITO COM SUCESSO - OBRIGADO E ATÉ LOGO!
QUER MAIS CONTEÚDO ASSIM?
Receba nossas atualizações por email e leia quando quiser.
  Nós não fazemos spam e você pode se descadastrar quando quiser.
CADASTRO FEITO COM SUCESSO - OBRIGADO E ATÉ LOGO!
QUER MAIS CONTEÚDO ASSIM?
Receba nossas atualizações por email e leia quando quiser.
  Nós não fazemos spam e você pode se descadastrar quando quiser.