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Olmo e a Gaivota – lindo, terno, infinitamente fascinante em sensível abordagem sobre a maternidade

Premiado no Festival do Rio 2015, “Olmo e a Gaivota”, filme da diretora brasileira Petra Costa, com codireção da dinamarquesa Lea Glob, traz a união entre ficção e realidade.

Na obra os atores do Théâtre Du Soleil, Olivia Corsini e Serge Nicolaï, são os intérpretes do casal protagonista.

Uma travessia pelo labirinto da mente de uma mulher “Olmo e a Gaivota”, feminino por natureza, conta a história de Olivia, atriz que se prepara para encenar A Gaivota, de Tchekov. Quando o espetáculo começa a tomar forma, Olivia descobre que está grávida, e um problema de saúde coloca em risco a gravidez.

A atriz terá que ficar nove meses em casa, enquanto seu parceiro pessoal e profissional, Serge, continua ensaiando com a Companhia, às vésperas de uma importante turnê por Nova York e Montreal.

Os meses de gravidez se desdobram como um rito de passagem, forçando a atriz a confrontar seus sentimentos e medos mais obscuros. O desejo de Olivia por liberdade e sucesso profissional bate de frente com os limites impostos pelo seu próprio corpo.

Real e o Imaginado

O filme tem uma nova virada quando o que parece ser encenação revela-se como a própria vida. Ou será o inverso? Esta investigação do processo criativo nos convida a questionar o que é real, o que é imaginado e o que sacrificamos e celebramos em nossas vidas.

O que impregna de verdade são as vibrantes personalidades de Olivia e Serge, além da interessante mis-en-scène de belos atores fingindo tão completamente que chegam a fingir que é dor a dor que realmente sentem.

Com olhar apuradíssimo para grandes imagens, a fotografia gentil e microscópica em todos os momentos mais íntimos das personagens reais, faz parecer que se está assistindo a um filme, com um grande roteiro de drama europeu como poucos.

Um filme sensível, deliciosamente degustável, com uma excelente competência técnica, que “aprisiona” o espectador durante seus 87 minutos de duração.

A completude de um “ciclo de vida” é a imediata imagem que nos vem à mente ao passo que o filme avança e o desfecho da obra, com o belo Samba da Rosa de Vinícius de Moraes e Toquinho, nos emociona e nos faz ver mais uma pequena vida com olhares de cumplicidade, mais uma primavera que chega ao mundo no mesmo momento em que o filme que ela gerou chega ao fim. É o início de mais um ciclo.

Recomendadíssimo!!!

Assista o trailer

Outros filmes na Netflix

Animais Noturnos

Monsieur e Madame Adelman 


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Thriller psicológico, Animais Noturnos vai do ultra chique e moderno ao grotesco, sem perder o passo

Para você Dominique cinéfila, antenada, moderna e fashionista, eu recomendo o impecável Animais Noturnos, longa vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Veneza 2016. 

Segundo longa dirigido por Tom Ford, ator antes de ser estilista, se tornou  um importante nome da moda, responsável pela revitalização da marca Gucci, e hoje com a marca que leva seu nome.  

Acima de tudo Ford continua um esteta, mantendo seu total domínio do espaço e design. O filme vai do ultrachique e moderno ao grotesco e ao natural sem perder o passo, começando por uma bizarra cena de abertura com cheerleaders obesas mórbidas nuas, remetendo a David Lynch, e chegando a um final sangrento.

Animais Noturnos – olhem só que bom esse nome – é um thriller psicológico, construído com um convincente clima de tensão numa história de vingança.

Ao mesmo tempo Ford cria um universo perturbador e simultaneamente clean, violento e blasé. O filme conta com uma estética de imagem pra lá de impactante! Belíssima! Vocês vão se deleitar. Linda demais, beira os maneirismos estilísticos mas evita a cilada da beleza vazia.

No filme Amy Adams, excelente no papel de Susan, linda mulher, galerista de sucesso, rica, infeliz no casamento com seu marido Walker [Armie Hammer], que a trata com total indiferença, atualmente em crise existencial conjugal e financeira.

Tudo começa quando Susan recebe o manuscrito do novo livro do seu ex-marido, o inseguro e belo Edward [Jake Gyllenhaal] com quem não fala há 19 anos. O livro é dedicado a ela. O romance é uma violentíssima história de uma família atacada por marginais, que os agridem com pressões psicológicas e físicas. Um pesadelo no meio do deserto do Texas.

Ford coloca as duas tramas paralelas em ambientes opostos. Na vida de Susan, tudo é glamuroso, dos figurinos extravagantes que por sinal são lindos (preparem-se!) até ao modo de vida das pessoas que a cercam. Em contrapartida, o cenário do livro é um deserto pessimista e árido. A história dentro da história é o que há de mais envolvente.

A narrativa do filme corre em três planos: vida real, lembranças do casamento passado e a trama do livro.

O bom elenco se mistura pelas três vias, num jogo fascinante e envolvente. No filme o que há de melhor: a luz, os enquadramentos e as composições dos planos e a cenografia. Isso sem falar dos figurinos, é claro, e os supercloses no rosto de Amy Adams. Tudo faz lembrar um editorial de moda.

O bom elenco se mistura pelas três vias, num jogo fascinante e envolvente. No filme o que há de melhor: a luz, os enquadramentos e as composições dos planos e a cenografia. Isso sem falar dos figurinos, é claro, e os supercloses no rosto de Amy Adams. Tudo faz lembrar um editorial de moda.

Nada está no filme por acaso e, com um filme que vai além da estética apurada, Tom Ford prova que é uma força a ser reconhecida no cinema tanto quanto já provou na moda.

Confira o trailer

Outros filmes com os protagonistas

Grandes Olhos – O Artista e o Impostor

Me chame pelo seu nome

2 Comentários
  1. Comecei a assistir, depois da bizarrice da abertura, as cenas de violência na estrada…desisti! Acho que tentarei novamente.

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Monsieur & Madame Adelman – história de amor retrata 45 anos de paixão, angústia, inspiração, traição e ambição

Hoje não posso deixar de falar para você que não viu o filme Monsieur e Madame Adelman no cinema e que comentei aqui em 2017. Essa pérola imperdível do cinema francês acaba de entrar no Netflix.

A história de amor de Monsieur e Madame Adelman é contagiante e divertida, emocionante, irônica e muito sensual, mistura de drama e comédia. O filme retrata a vida de um casal – de início, improvável, mas que viria a permanecer junto por mais de quatro décadas.

A trama é narrada em capítulos, e gira em torno do ofício do escritor Victor (Nicolas Bedos) e, ao mesmo tempo, é estruturada a partir da forma como Sarah (Doria Tillier) relata as partes cruciais de seu relacionamento com o marido a um jornalista que está escrevendo uma biografia sobre ele.

Pelo olhar dela, o espectador irá acompanhar a jornada do casal por esperanças e desilusões, alegrias e tristezas, crises existenciais, infidelidades e velhice.

Tudo contado com sensibilidade e requinte, de maneira que o espectador se reconheça em várias situações. 

O longa percorre décadas de um relacionamento sem deixar de mostrar todo o contexto de um planeta que viveu muitas modificações ao longo do tempo, assim como essa linda história de amor.

Os relatos de madame Adelman desvendam uma história de amor real, bem longe dos contos de fada, onde é preciso lidar com egos, insegurança e temores costumeiros no convívio entre gêneros distintos.

Um dos aspectos mais fascinantes do longa é justamente o fundo psicológico e sociológico acerca de ambos os gêneros, trazido com extrema habilidade pelo roteiro escrito pela própria dupla de protagonistas, casados na vida real.

Carismáticos e envolventes eles conseguem sempre prender a atenção a partir de situações inusitadas e triviais, alternando momentos de bom humor e de briga intensa como é a própria vida.

Essa saga de romance moderno, com boas pitadas feministas, começa na década de 70, onde Sarah conhece Victor em uma boate decadente de Paris e se apaixona perdidamente.

Esse é o período que concentra a maior parte da ação, com os primeiros, e aparentemente os mais felizes, anos de história do casal.

A atmosfera setentista, com sua iconografia escancarada nos objetos de cena, figurinos e penteados, é registrada por Bedos através de uma câmera em constante movimento.

As viradas de cena são abruptas e chocantes onde o espectador fica aguardando o próximo passo desses inesquecíveis personagens. 

O roteiro é excelente com diálogos precisos, mas o filme não se resume a isso.

Monsieur e Madame Adelman conta também com uma atuação de extrema competência, uma fotografia belíssima, com funções narrativas bem claras e sem formalismo desnecessário, direção clássica e extremamente bem executada, uma fantástica trilha sonora que dá o clima e está sempre conectada ao momento do filme, e uma maquiagem incrível que impressiona.

Esse belo trabalho é um dos filmes inesquecíveis que você verá agora no Netflix.

Sem dúvida um ótimo programa!

Vale a pena conferir. 

Depois me conta o que achou.

Confira o trailer:

Outros filmes franceses

Jovem e Bela

Diário de uma Camareira


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Drama Mil Vezes Boa Noite discute o papel da mulher, disponível na Netflix

Mil Vezes Boa Noite, dirigido pelo norueguês Erik Poppe, aqui realiza seu trabalho mais reconhecido. O longa foi premiado no Amanda Awards (o Oscar da Noruega) nas categorias de Melhor Filme, Fotografia e Trilha Sonora – e indicado ainda nas categorias Melhor Atriz (Juliette Binoche), Atriz Coadjuvante (Lauryn Canny), Direção e Montagem. Mil Vezes Boa Noite começa causando impacto e capturando de imediato o espectador.

Binoche é uma atriz acima de qualquer suspeita. Dona de performances não menos do que espetaculares, chama atenção em projetos considerados mais difíceis, como Camille Claudel, O Paciente Inglês, Cópia Fiel, entre muitos outros. Juliette Binoche é a melhor razão para se assistir Mil Vezes Boa Noite.

A trama narra a trajetória de Rebecca (Binoche), uma das melhores fotógrafas de guerra em atividade e precisa enfrentar um turbilhão de emoções quando seu marido (Nikolay Coster-Waldau) lhe dá um ultimato. Ele e a filha mais velha do casal não suportam mais sua rotina arriscada e exigem mudanças, mas ela apesar de amar a família, tem verdadeira paixão pela profissão.

As cenas de guerra são bem construídas pelo realizador.

Os primeiros quinze minutos deste drama são espetaculares. Mas a discussão da trama é outra: é sobre as mulheres que escolhem entre carreira e a maternidade, mesmo que os filhos já estejam grandes.

Mil Vezes Boa Noite – um filme sobre amor e dedicação incondicionais à profissão de alto risco em paralelo à preocupação familiar racional.

Depois de muitos contrastes entre cenas devastadoras e doces, chega um momento em que a protagonista se vê sem saída e tem sua inteligência emocional colocada à prova. Ela precisa “escolher” entre diferentes amores: o das crianças que precisam dela para (sobre) viver e o de suas crianças. Diante de tal agonia, parece que a força mostrada em cenários caóticos, é reduzida consideravelmente.

O não companheirismo do marido tem grande peso, talvez seja o maior, culminando no deslocamento de Rebecca, que, a princípio, tenta se adequar à rotina ideal de sua família, privilegiada por uma estrutura sólida. 

Mil Vezes Boa Noite envereda em tempo integral pelos relacionamentos interpessoais, tendo duas “explosões” emocionantes como ápices do enredo.

Durante o acompanhamento de sua evolução, nos damos conta que estamos diante de conflitos ordinários e extremamente atuais, por mais que a profissão da protagonista soe como “inusitada”: qual é o lugar da mulher em uma sociedade que valoriza acima de tudo a família? O egoísmo e os extremos guiam a sociedade para o caos familiar e cultural?

Aqui fica minha sugestão para quem gosta de um drama intenso e perfeito para suscitar reflexões.

Bom programa!

Veja o trailer

Outros filmes na Netflix

No Fim do Túnel

Justiça e Punição


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No Fim Do Túnel – thriller intenso e arrebatador comprova a excelente forma do cinema argentino

“No Fim Do Túnel” comprova o ótimo momento do cinema argentino. Não é de hoje que vem se tornando referência mundial. São detentores de dois Oscar e presenteiam a todos com obras-primas, como “Relatos Selvagens”, “Um Conto Chinês”, “O Segredo De Seus Olhos” e uma vasta gama de produções de primeira qualidade. Na verdade, além da excelente qualidade em diversos aspectos, se destacam principalmente pelos roteiros bem trabalhados.

“No Fim Do Túnel” é um suspense do cineasta Rodrigo Grande, que também assina o roteiro do longa. Rodrigo Grande, que completou 43 anos, é hoje considerado um dos grandes talentos do cinema argentino.

No longa, Joaquim é um cadeirante que vive em uma casa que passou por tempos melhores. Certo dia, Berta, que trabalhava como stripper, e sua filha, Betty, vão atrás de um anúncio feito por ele para alugarem um quarto. Durante uma noite de trabalho em seu sótão, onde conserta computadores, ele escuta vozes através da parede e conclui que um grupo de homens está construindo um túnel que passa por baixo de sua casa para roubar um banco.

Todos os elementos apresentados servem para o desenvolvimento da história, alguns até meio óbvios, mas como um bom filme de diversas camadas, mesmo os detalhes óbvios são utilizados de forma satisfatória, e surpreendente. Um ponto chave que inesperadamente se transforma em um estímulo em quase todos os aspectos, no qual a partir deste momento os personagens passam a ganhar sua real importância e relevância.

O suspense é criado com uma boa fotografia e bons diálogos, assim como a trilha sonora, que acerta e traz para o telespectador um clima de tensão. A narrativa fica então intrigante e de forma tão atrativa, que o diretor passa a construir um ambiente angustiante, no qual Joaquín, com seus motivos, tenta afetar diretamente o roubo através de seus artifícios.

“No Fim Do Túnel” também conta com atuações excelentes de Clara Lago, Pablo Echarri e Leonardo Sbaraglia (Joaquín), que também atuou em Relatos Selvagens, talvez o mais internacional dos atores argentinos, depois de Ricardo Darín, é claro.

Acreditamos na deficiência do protagonista, e o ator Sbaraglia faz isso com maestria, e com um excepcional trabalho corporal, além de trabalhar todos os nuances do personagem que aparentemente parece arrogante e posteriormente afável. Já Clara Lago (a stripper Berta) ganha a simpatia de Joaquín e do público, Além de reservar um grande mistério. E Pablo Echarri entrega toda a imponência de Galereto, o chefe da quadrilha.

A trama criada para relacionar cada personagem e suas respectivas histórias funciona bem. Desde Betty, filha de Berta – que ganha uma importância muito grande na narrativa – até o homem que está por trás de todo roubo, são encontradas boas soluções no roteiro e que caracterizam um filme singular.

Com um final conturbado, cheio de reviravoltas, bons diálogos, “No Fim Do Túnel”, em seu desfecho consegue prender a atenção do público – algo extremamente necessário em um longa criminal e de suspense com estrutura clássica. E mais que isso consegue explorar de forma concisa um protagonista cadeirante que sustenta bem o filme em sua grande parte.

Assista o trailer

Mais do cinema Argentino


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