Aconteceu

Feriado só com mulheres? Nossa Senhora Aparecida que me salve!


Dei minha palavra no ano passado que levaria minha filha e suas amigas para Maresias no feriado de Nossa Senhora Aparecida.

Uma amiga, Madre Marisa de Calcutá, relembrou da minha declaração e como palavra é dívida. Lá fui eu.

Nunca fui chegada a programas de índio. Caio vez por outra numa roubada, raras vezes consciente de onde estou me enfiando. Neste feriado eu sabia, não posso alegar ingenuidade, muito menos ignorância.

11 garotas. 2 mães abnegadas. Uma no papel de mocinha (linda e paciente). A outra, o bandido (eu, nem tão linda, nem tolerante).

Tirei meu passaporte na FUNAI, resgatei o kit indígena inflável – cocar, tacapi, arco e flecha – e demos início aos preparativos.

O principal era estabelecer regras para um convívio pacífico entre 13 pessoas durante quatro longos dias. Duas delas foram inegociáveis e deram certo – sem bebida alcoólica em exagero (nada de PT) e hora de buscar no ponto de encontro – até quatro da manhã – previamente combinados, todas estavam no local. Bonitinhas.

Não demorou para descobrir que seria uma missão impossível colocar as garotas e suas malas nos três carros. Se elas pegaram recuperação em Física, este feriado foi o melhor método de ensino – dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo.

Alugamos uma van para levar as amostras de peruas e as duas mães, relativamente responsáveis, cada uma em seu carro, pegaram a estrada com quilos de malas lotados com os mais variados modelitos para os passeios da tarde e as baladas noturnas, fora cobertor, lençol, toalhas e bichos de pelúcia. Sim, bichos de pelúcia.

Duas horas e meia para sair de São Paulo em meio a uma tempestade, somados ao tempo de estrada, sete horas e meia depois chegamos à casa alugada, carinhosamente apelidada de cafofo.

Dividimos os quartos antes da viagem para evitar confusão. Ledo engano. Chegaram, mudaram tudo e fizeram de um dos aposentos um grande closet. Claro que depende do ponto de vista denominar o local como um closet, está mais para muquifo.

Para chegar à minha cama calcei nestes 4 dias uma galocha com o intuito de me proteger de qualquer picada naquela zona, cobra seria uma das melhores surpresas.

No chão do quarto tinha comida, sapatos cheios de areia, roupas do dia, da noite, pijamas, celulares, secadores de cabelo, chapinhas, pares de meia descombinados, papéis de bala, chocolate e até açúcar cristal (bom para esfoliar a pele).

Algumas decidiram ter menos trabalho e eliminaram a possibilidade de dormir com lençol. Para que mesmo? Vamos dormir direto no colchão. Afinal, nem conhecem quem dormiu antes.

Chovia a rodo nos dois primeiros dias. Frio para praia, 15 graus. A sensação térmica era mais baixa. O ponto alto era a escolha da roupa para passear à noite ou para a balada. Confesso que não entendo muito sair de São Paulo, a cidade das baladas, para ir para outra balada na praia.

Cada moçoila levou dezenas de opções de vestidos “papa nicolau” – tão curtos que facilitam o exame. Nenhuma usou sua própria indumentária, mas todas com vestidos ou saias curtíssimas, camiseta regata, salto alto e jaqueta de couro. Perfeito para Maresias. E não são só as 11. Todas na cidade. E quando falo todas, imagine trio elétrico no Carnaval em Salvador. Todos de São Paulo marcaram presença na cidade bucólica.

Todo mundo conhece todo mundo. É um Facebook físico. Encontraram alguns amigos hospedados num local com uma frase esculpida em madeira, MALOKA. Nesta simpática casinha estavam hospedados apenas 16 garotos. Um mimo.

Nos quatro dias foi consumido mais de meio tanque de gasolina para trajetos curtos – da nossa casa até o centro da cidade são aproximadamente dois quilômetros. Foram tantas idas e vindas que perdi a conta.

Paguei minha língua. Sou a rainha da segurança no que se refere à locomoção. Ninguém anda sem cinto de segurança no meu carro. Numa das voltas, felizmente à tarde, uma comoção geral se instalou em plena praia com uma chuva torrencial acabando com a chapinha de todas. Todas precisavam voltar para casa para pegar o dinheiro da balada e dar na mão do promoter, afinal ele é o cara. Para evitar o vai e volta, fizemos uma vaquinha e conseguimos levantar o montante.

Sono e fome me fizeram abrir mão de parte dos meus valores e coloquei 13, apenas 13, no carro. Duas foram deitadas no porta-malas no estilo sequestradas, uma delas com 1 metro e 80. Sete no banco de trás e três no banco do passageiro. Isso por si só já era surreal até que uma digníssima teve a ideia de colocar no último volume um funk lindo, uma poesia digna de Vinícius de Moraes, intitulado Vida Loka.

Resolveram na tarde do último dia ficar um pouco em casa para caprichar no visual da noite que seria inesquecível. Sentadas, uma em cima da outra, assistiram por horas um programa que compete pelo primeiro lugar do pior da TV aberta.

Dormi muito pouco, sai da minha dieta, comi mal, mas valeu cada segundo. Ver a cara de felicidade delas foi divertidíssimo. Um final de semana com uma alegria indígena absolutamente inesquecível.

No fim das contas, o feriado foi um tanto quanto divertido…

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A vida sem internet era muito mais divertida, não acha?
Pratique o bem que a vida pode te retribuir também

Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

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A vida sem internet era muito mais divertida, não acha?

Dominique - Internet
Mais uma vantagem que pertence à era Dominique: ter vivido e viajado em um mundo analógico, sem internet e estar aqui para contar a história!

Era o ano de 1988.

Eu trabalhava na agência de publicidade W/Brasil e havíamos perdido o prazo da Rede Globo para entregar as peças publicitárias e o espaço já havia sido comprado. Todas as peças de veiculação nacional tinham que ser enviadas e entregues em mãos a cada filial da emissora por todo o país.

Bem, talvez, se fosse hoje, o caos estaria instalado. Talvez a reação de um profissional sem internet, sem sedex e com prazo estourado fosse similar a uma ameaça de guerra. 

Mas, naquela época, o que houve em um final da tarde, geralmente regado a picolé de uva, foi um bafafá (termo usado, naqueles tempos, indicando um murmurinho).

E se a solução dos problemas hoje em dia é mais eficaz, eficiente e num piscar de olhos, naquela época, no entanto, era, muitas vezes, poético.

A saída para a crise foi enviar fiéis mensageiros, como pombos correios humanos, em asas metálicas em um bate e volta, a cada capital para entregar, o que na época era uma espécie de tijolo, o filme publicitário.

Fui sorteada para entregar a peça no Recife. Minha missão era a de colocar o filme nas mãos de um responsável da emissora que estaria esperando no aeroporto.

Sempre prevenida viajei com um biquíni básico por baixo da roupa. Nunca se sabe, não é? (Nunca fui ao Rio de Janeiro sem um biquíni por baixo de meu uniforme de executiva! Não perco nem a classe e nem o desfrute).

Ao chegar, o responsável me ofereceu uma carona para onde eu quisesse ir. O voo de volta a São Paulo era dali a seis horas. Claro, parei em Boa Viagem, fui dar um mergulho e almoçar. Naquela época os tubarões não mordiam ninguém. Negociei um quarto de hotel por 2 horas, deixei minha bolsa e saí “a la caiçara desde sempre”!

Após meu demorado mergulho e um cochilo sob o sol, retornei ao hotel para tomar banho e peguei um táxi a fim de voltar ao aeroporto. 

Conversando com o motorista contei do motivo de estar ali e ele perguntou, então, se eu conhecia Olinda. Ao responder com ar negativo e frustrante o sujeito deu meia volta, fez o caminho contrário ao aeroporto, em direção à cidade patrimônio da UNESCO.

Verdadeiro guia me contou um pouco de tudo. Batia uma brisa agradável e pude caminhar no novo destino totalmente improvisado (anos mais tarde voltei à cidade com reservas de hotel, motorista, hora marcada. Não foi, nem de perto, tão emocionante quanto ao dia do improviso).

Na volta do passeio, em excelente companhia do guia/taxista, ainda parou no mercado – que ainda não tinha pegado fogo – e me trouxe um acarajé gigante e água de coco, para que meu trajeto até o aeroporto fosse regado com as melhores sensações.

O passeio, serviço de guia e quitutes a bordo não custaram nada, além do trajeto hotel-aeroporto! Com prazer dei uma bela gorjeta. Isto sim é um profissional de marketing dos bons.

Meu voo fez uma escala em Brasília. No embalo do improviso, enquanto um povo descia e o outro subia, ousei bater na cabine do piloto. Perguntei se eu poderia ver de frente um avião decolar. Supersimpático ele autorizou de imediato.

Hoje, acredito, não seja mais permitido, mesmo porque ninguém ia querer, já que é possível ligar o celular e enviar e-mails, checar o Instagram, Facebook, Twitter e Linked in durante o voo…

Assim, apertei meu cinto em uma banquetinha bem atrás do piloto e fiquei bestificada com o número de botões a checar antes de partir. Foi lindo! Ele pediu, então, que eu retornasse ao meu assento e disse que eu poderia voltar, mais tarde, para assistir o pouso.

Já praticamente da família e me sentindo parte integrante da tripulação, voltei à cabine de comando com ares de copiloto. Acho que cedo demais, porque a cena que vi nunca mais saiu da minha memória. O piloto estava comendo uma fatia de melancia com as duas mãos! Ninguém segurava o manche!!!

Ao ver os meus olhos de terror me tranquilizou contando das modernidades de um piloto automático. Enfim, já havia anoitecido e pude assistir São Paulo (uma verdadeira caixinha de joias brilhando no horizonte) de frente ao pousar em Congonhas!

Ainda bem que não havia Internet naquela época. E ainda bem que hoje tem, assim posso contar esta história para você! Coisas da vida de quem vive há mais de 50 anos.     

É Dominique, a gente costumava resolver as coisas com criatividade, poesia e desfrute, não concorda comigo?   

Internet é bom, mas viver o que vivemos sem ela, é indescritível!

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Cilíndrica é a sua mãe. Eu sou muito gostosa, viu?
A Síndrome de Paris afeta turistas no mundo todo. Entenda!

Cynthia Camargo

Formada em Comunicação Social pela ESPM (tendo passeado também pela FAAP, UnB e ECA), abriu as asas quando foi morar em Brasilia, Los Angeles e depois Paris. Foi PR do Moulin Rouge e da Printemps na capital francesa. Autora do livro Paris Legal, ed. Best Seller e do e-book Paris Vivências, leva grupos a Paris há 20 anos ao lado do mestre historiador João Braga. Cynthia também promove encontros culturais em São Paulo.

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Pratique o bem que a vida pode te retribuir também

Dominique - Vida
A vida me dá alguns presentes que são absolutamente encantadores e inesquecíveis.

Voltando do centro da cidade de São Paulo, num sábado à tarde, o que não quer dizer que o trânsito estivesse bom, afinal isso não existe nesta megametrópole, perdi o controle do carro. Não, este não é o presente que ganhei…Ainda.

Estava ouvindo música como sempre, condição indispensável para eu começar a dirigir, janela aberta, calor senegalesco, ao sair do túnel da Cidade Jardim, rasgo o pneu do meu carro e literalmente quase perco a direção.

Que sensação horrível, total falta de controle. Que ilusão, como se eu tivesse controle sobre alguma coisa, ledo engano.

Quando consegui parar o carro, liguei o pisca alerta, sai do carro, ouvindo buzinas e reclamações, porque estava atrapalhando o trânsito, e me deparei com o estrago no pneu. Rasgou de ponta a ponta numa curvinha minúscula na saída do túnel.

Volto para o carro, pego a carteirinha da seguradora, peço o socorro. Previsão de chegada 1h30. Liguei para meu filho que estava a caminho do futebol e pedi help.

E agora José? Pensa que lembrei do triângulo de alerta? Não, claro.

Perdi a conta de quantos carros passaram por mim (importados, SUVs, Minis, zilhões de carrões) xingando e falando os maiores impropérios, de baixo nível mesmo. Mas o que eu podia fazer?

De repente, parou na minha frente um carro bem velho com um casal e um garoto de uns 12 anos. O moço desceu e perguntou:
– A senhora precisa de ajuda?
– Meu pneu rasgou e eu não consigo trocar, na verdade, nem sei como fazer, mas já chamei o socorro.
– Se importa se eu trocar para a senhora?

Esbugalhei meus olhos que já são grandes:
– O senhor faria isso?
– Claro, não me custa nada. Mas primeiro, vamos colocar o triângulo para não causar um acidente.
Aí que caiu minha ficha que não tinha colocado o dito cujo.

O senhor Abel abriu o porta-malas do meu carro, tirou o triângulo, montou e colocou a alguns metros. Voltou, pegou o pneu, mas não conseguiu de jeito algum tirar o meu macaco de tão preso que estava. Pegou um macaco no carro dele para fazer a troca do pneu.

Em bicas (lembra que o calor estava senegalesco?), ele tentava tirar o pneu rasgado, quando, para alegria geral da nação, o macaco quebrou.

Agora eu pergunto quem anda com dois macacos no carro? Acertou, o senhor Abel.
Foi lá, pegou o outro e finalizou a troca.

Enquanto ele fazia o procedimento, conversei bastante com seu filho, uma graça de garoto, supereducado. Ele olhava para o pai com muita admiração.

Não cabia naquela situação oferecer algum tipo de gorjeta, aliás nada pagaria tamanha gentileza e disposição.

Ao finalizar, peguei em suas mãos e o agradeci sinceramente:

– Senhor Abel eu nem sei o que fazer para agradecê-lo.

Sabe o que ele disse?

– A senhora pode fazer uma coisa. Passe isso para frente. Se vir alguém em dificuldade, ajude.

Olhei para aquele homem e tive vontade de abraçá-lo por vários minutos. Peguei no braço do filho e disse:

– Você tem noção da sorte que tem em ser filho deste homem? Hoje você aprendeu uma das maiores lições da sua vida que escola nenhuma vai dar. Parabéns, garoto, seu pai é um homem especial neste mundo.

E lá foram embora Abel, esposa e filho em seu carro velhinho.

Meu filho chegou em seguida de táxi e ainda passei uma tarde maravilhosa tomando sorvete com ele!

Fala se não tenho muita sorte na vida?

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Cilíndrica é a sua mãe. Eu sou muito gostosa, viu?
Viajar é comigo mesma! Pagar micos? Ah, sou expert!

Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

4 Comentários
  1. Marot querida. Se tem uma coisa que acredito é que o bem costuma contagiar. A gentileza sempre é retribuída.A energia boa precisa circular!! E precisa aparecer!!

    1. Eli, olhe ao seu lado, a maioria que a acompanha é do bem, não é? Isso não é mágica. Gente do bem atrai gente do bem, só precisa saber se defender de quem não é do bem.

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A Síndrome de Paris afeta turistas no mundo todo. Entenda!

Dominique - Paris
“Por ter sido uma vez Lutèce e por ter-se transformado em Paris… O que poderia ser um símbolo mais esplendoroso? Ter sido lama e ter-se transformado em espírito” Victor Hugo.

É bom saber que nem tudo é perfeito e que este tipo de ilusão pode causar uma síndrome que acomete, sobretudo, os japoneses. A chamada Síndrome de Paris provoca alucinações, sensação de perseguição, taquicardia, suor excessivo, despersonalização…

O turista constrói uma imagem de Paris baseado em fotos perfeitas, homens e mulheres elegantes e felizes, onde tudo parece ser uma espécie de paraíso, mas ao chegar à Paris e perceber que nem todo parisiense é elegante, feliz e gentil e ainda sentindo certos odores, diferentes dos perfumes franceses, entram em choque e chegam a ser hospitalizados.

Obviamente, como toda cidade grande, há contrastes entre o belo e o feio, entre o divino e o profano, entre a elegância e a vulgaridade, entre o sublime e o grotesco.

Há, em alguns momentos, choques culturais.  É necessário ter em mente que Paris não é a cidade mais limpa do mundo, nem o parisiense é o cara mais simpático do mundo, apesar da cortesia. Se estiver consciente disto, ficará longe da tal síndrome.

Como toda grande metrópole muita gente mora nas ruas, há uma vigilância extrema por conta dos ataques terroristas, Paris sofre com as elevações do rio Sena de tempos em tempos e durante o verão idosos morrem desidratados. Não é raro cruzar com pessoas que falam sozinhas e até mesmo discursam enquanto vagam sem rumo. Tudo isto faz parte de sua personalidade marcante.

Como uma das cidades mais visitadas do mundo, às vezes, quando você está para registrar a melhor foto de sua vida, um grupo de excursão surge do nada e sai na foto ocultando o monumento! Há pessoas de todas as crenças, religiões, classes sociais e culturais sendo necessário um exercício de respeito.

Italianos falam alto e gesticulam (até aí você se sente em casa, apesar do francês ficar absolutamente aterrorizado com isto), os japoneses pedem para tirar foto com você, ingleses e alemães são discretos fazendo o possível para se tornarem invisíveis, já os americanos pensam que estão na Disney.

Ah gente, é divertido e não pensem vocês que os brasileiros são os “normais” desta história. Brasileiro tem de todo tipo. Veja se reconhece algum destes:

#deslumbrado 😍 Selfie com emoticons top top top top! Passa o dia produzindo selfies.  Não “tô” criticando, tá? Também faço! Somente não se esqueça de que a atração principal é Paris e não você!

#folgado 😎 Arranca flores do jardim para guardar em um livro qualquer, tira fotos onde é proibido, fala alto, fura filas e não cumprimenta os funcionários do hotel. Você já cruzou com algum?

#esnobe 😒 Ele sabe tudo, visitou tudo, conhece o melhor restaurante, experimentou a melhor comida, degustou o vinho mais caro do mundo, fez a melhor compra e clicou as fotos insuperáveis. Ele diz não frequentar pontos turísticos porque não suporta turista, apesar de ser um deles.

#neurótico 😣 Louvre express para correr para a fila da Torre Eiffel, Notre-Dame a jato para voltar à fila da Louis Vuitton. Degustar o vinho? Não dá tempo, tem a lista da vizinha para checar… Ao sair do hotel precisa ir ao banheiro, imediatamente. Depois de duas horas do café da manhã precisa almoçar, imediatamente. Logo após sair do restaurante do almoço necessita, desesperadamente, ir ao banheiro.

#sem noção 🙈 Ele acredita ser o convidado de honra do chefe de estado. Imagina que os franceses nasceram para servi-lo. É aquele que usa a frase: “Tô pagando”! Ele não foi lá para aprender nada. Foi porque é legal dizer que foi. 👊👊

#afrancesado 😷 “Du coup…” Imita todos os costumes incluindo, até mesmo, tiques nervosos dos parisienses!

#expatriado • Em geral, ao menos os que eu conheço, são muito simpáticos, solícitos, animados, mas já vi muitos que não se consideram brasileiros, falam uma parte em português e outra parte em francês e costumam ter mais sotaque do que o próprio nativo. Não gosta de turistas, gente em geral e, ora vejam, detestam seus conterrâneos.

#hipocondríaco 😱 Não degusta queijos, porque sofre de intolerância à lactose. Não come croissant, porque tem alergia ao glúten. Não embarca no Bateau Mouche, porque o vento causa-lhe inflamação na garganta. Não circula pelo metrô, porque sofre de rinite alérgica. Sai do hotel com chapéu, filtro solar 50, álcool gel, analgésicos, pastilhas para o estômago, sal de frutas, Nebacetin e Salompas.

#felizardo 😪 Está sempre animado, alegre, festivo, sorrindo, curtindo, provando, grato e amigável. Todas as suas hashtags são #gratidão.

Tudo isto pode e deve ser visto também como a riqueza da cidade. A diversidade sempre nos traz um olhar mais enriquecedor e humano para tudo e para todos.

 “Homo sum humani a me nihil alienum puto”
Vamos a Paris!!!
Cynthia Camargo

Formada em Comunicação Social pela ESPM (tendo passeado também pela FAAP, UnB e ECA), abriu as asas quando foi morar em Brasilia, Los Angeles e depois Paris. Foi PR do Moulin Rouge e da Printemps na capital francesa. Autora do livro Paris Legal, ed. Best Seller e do e-book Paris Vivências, leva grupos a Paris há 20 anos ao lado do mestre historiador João Braga. Cynthia também promove encontros culturais em São Paulo.

4 Comentários
  1. Lindo o texto nunca fui a Paris .mais pretendo ir e vou lembrar de todas as dicas que você deu.pretendo ser a turista agradecida.

  2. ahahh…amei o texto, já encontrei todos os tipos aí de cima…Amo viajar, e Paris está entre minhas cidades preferidas…em minha primeira visita á capital francesa, fiquei muito doente, tipe pneumonia e achei que ia morrer lá mesmo, num quarto de hotel em Saint Dennis…achei até um fim romântico para minha biografia….mas não rolou, sobrevivi e voltei outras vezes para conhecer a cidade e me perder pelas ruas deliciosas, passar horas conversando nas mesinhas dos cafés, sentar num banco no Jardim de Luxemburgo e apreciar o por do sol, me perder entre as bancas de livros e discos… me achando a própria parisiense…!!! Ah Paris…Paris!!!

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Cilíndrica é a sua mãe. Eu sou muito gostosa, viu?

Dominique - Cilíndrica

Cilíndrica? Fala sério!

Detesto clichês e falar que a Maspassa (ex-menopausa) é um caminho sem volta ladeira abaixo, para mim, soa como clichê.

Com o passar dos anos o metabolismo vai mudando mesmo. Aos 30, senti mais dificuldade em emagrecer do que aos 20. Sempre briguei com a balança, perdia e ganhava peso num piscar de olhos. Aos 40, o metabolismo ficou mais lento. Mas não significa que aos 50 anos tudo cai e acaba. Tem gente que pinta o quadro como se fosse necessário um suicídio coletivo.

Nunca tive cintura, nem com 18 anos, mas era magra (com controle rigoroso na balança), porque qualquer desvio de conduta aparecia imediatamente na barriga, bochechas e pneuzinhos.

Agora, aos 51 anos, está sim mais difícil perder peso. Degluto em menor quantidade, como melhor no que refere-se à qualidade e nada, nem um só grama a menos. Em compensação se enfio o pé na jaca e adoro avacalhar de vez, o resultado é imediato e é no abdômen.

Já contei a saga da compra do vestido para o casamento do meu filho (aqui) e, após longo e tenebroso inverno, deu tudo certo, mas confesso que foi um parto muito mais difícil que o nascimento do meu rebento, lembrando que o dele foi a fórceps.

Faz um bom tempo que comprei a indumentária ideal para o enlace matrimonial e fiquei tão feliz com o achado que ria à toa. Na época estava namorando um ser, acho eu, que para pagar meus pecados de outra encarnação, porque nessa não fui tão má.

Conversa vai, conversa vem, comento que tenho que tomar cuidado com o modelo do vestido que compraria, porque não tenho cintura, nem protuberância traseira, então não é qualquer modelo que cai bem. Estes que parecem sereia fico com a fisionomia de uma lesma com elefantíase. Horrível.

Ah! Não teve dúvida. O sabichão, sim achava que entendia e sabia tudo, entre uma garfada e outra, solta:

– O problema é que você é cilíndrica!

Deixo cair meu garfo no prato, levanto os olhos e dou um mísero grunhido:

– Oi???

– Sim, você é cilíndrica, não tem formas, tem que usar drapeado para disfarçar.

Não preciso nem dizer que drapeada ficou a cara dele quando eu sumi do mapa, né?

Esta mesma criatura dizia que eu me gabava de menstruar ainda. Quem, em sã consciência, fica alegrinha porque está menstruando aos 51 anos e de brinde com enxaqueca.

O problema está na cabeça de algumas pessoas que não vão mudar nunca, nem com 20, 30, 40, 50, 90… São seres que usam viseiras e pensar fora da caixa nem por sonho e, claro, tem muito, mas muito medo da velhice.

Pois que venha a Maspassa (ex-menopausa) e tudo que a acompanha!
Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

6 Comentários
  1. Gostaria de informar que qto ao seu namorado, me refiro somente ao que vc comentou, o problema está em vc e não nele. Qual o problema de ser cilíndrica? Qual o problema de não ter formas? Qual o problema de não menstruar mais? Se ele estava com vc é pq vc era algo mais que um corpo bonito e jovem, não? Acho que ele pensava fora da caixa…

    1. Oi Margô, pode ser que ele pensasse fora da caixa, mas dei algumas chances e pisou muito na bola. Então a fila andou. Acho que ele me via sim como mais que um corpo jovem e perfeito, mas não via o que era mais importante, os sentimentos, a vontade de rir sempre e alegria em viver.

  2. Eu tenho 58 e às vezes queria mesmo era chutar o pau da barraca. Comer e beber tudo que eu quiser, nunca mais pintar cabelo, unha, nada. Escova? Chapinha? Hidratação? Creme anti-celulite? Firmador? Nada, nadica… deixar rolar! Ginástica? Drenagem linfática? Modeladora? Never more! Só ia continuar a depilação porque pelos ninguém merece. Aliás podia haver uma mágica na qual junto com a menopausa nossos pelos de pernas, buco e axilas sumiriam por completo! Mas infelizmente a ditadura da “perfeição ” nos faz correr atrás de tudo isso…e cansa viu?!☹️

    1. Ana, tem horas que cansa sim, mas eu não fico escravizada não. Chapinha faz anos luz que aposentei, agora tenho minhas manias (fazer a mao toda semana é de lei), pintar a raiz do cabelo, seco o crânio capilar todo dia, afinal lavo as madeixas todo santo dia. Agora, vc talvez nao acredite, eu nao passo nenhum creme firmador, antirrugas, modelador etc. Passo, quando não esqueço, um creme para hidratar no banho mesmo, quando a pele está muito seca. Não tenho muita paciência. Adoro drenagem, mas falta tempo. Perfeição? Tô fora! beijo

  3. Até os 30 tomava remédios para ganhar peso.Queria mais bunda, coxas grossas (peitoes sempre tive)
    Hoje tenho 52, as coxas engrossaram, a bunda cresceu, a barriga tbem.
    Socorro! O que eu tinha na cabeça aos 30 que achava que engordar era legal?

    1. Zilda,

      A gente tinha tempo kkkk, agora o que menos temos é o que vale mais, o tempo. Portanto, não vamos perdê-lo com quem não vale a pena e nos preocupando com aquilo que não temos mais controle, barriga, culote…somos poderosas, maiores que isso. Beijo

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