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Os 10 melhores livros apimentadíssimos para a imaginação rolar

Dominique - Livros
Sabe aqueles livros que ficavam guardados fora do alcance das crianças e de vez em quando você conseguia ler escondido? Ou que só sua amiga muito avançada tinha e ia passando secretamente para a turma do colégio ler?

A gente cresce e descobre que algumas dessas obras têm um baita prestígio e compõem um gênero muito admirado, a literatura erótica.

Para a moçada de hoje pode parecer que cenas de sexo explícito em romances nasceram com o fenômeno 50 Tons de Cinza. Nã, nã, ni, na, não. É coisa de séculos. Em doses muito mais apimentadas. Para não estender muito a história, vamos ficar com a produção do século 20 – listei 10 livros que deram o que falar. E fazer.

A literatura erótica constitui um ingrediente suculento para, digamos, acionar o interesse pelo dito cujo. O gênero chegou a ter até um papel educativo para demonstrar como são infinitos os caminhos da imaginação e do desejo. Impossível repetir na vida cada uma das práticas sugeridas pela literatura. Mas, graças a ela, temos uma janela para olhar as possibilidades, mesmo as que reprovamos.

Alguém definiu que a essência da literatura erótica está na transgressão. Seja em doses sutis ou explícitas, ligada ao amor ou ao puro sexo, incomoda e mexe com a zona de conforto do leitor/leitora.

Pode ser que alguém torça o nariz para algumas das obras escolhidas. “Mas isso não é erotismo, é pornografia.” Está aí uma discussão tão antiga quanto perseguir artistas, queimar livros e fechar museus. Até hoje, não se chegou a um acordo sobre a fronteira entre os dois. Regra para o sexo, existe uma – que a prática escolhida seja consensual.

Fora isso, cada um tem sua própria medida do desejo, um campo insondável que escritoras e escritores teimam em espiar.

Vamos às sugestões de livros. Só não esquece de tirar as crianças da sala.

Algumas obras estão fora de catálogo. Se não encontrar nas livrarias, procure no site Estante Virtual ou nos sites que disponibilizam edições em formato PDF.

Pequenos Pássaros, Anaïs Nin
Inquieta, feminista de primeira hora e precursora da revolução sexual dos anos 70, Anaïs demorou para ser publicada. Dizem que seu livro mais famoso, Delta de Vênus, foi uma encomenda de um homem rico, que queria só para si a descrição de fantasias eróticas femininas escritas por uma mulher. Os personagens dos contos de Pequenos Pássaros se movem entre paixões e anseios sexuais e vieram a público 30 anos depois de escrito. O caso entre Anaïs e o escritor americano Henry Miller inspirou o filme Henry e June.

O Elogio da Madrasta, Mario Vargas Llosa
Nobel de literatura de 2010, o peruano Mario Vargas Llosa nunca deixou de prestar um tributo ao erotismo em suas obras e a demonstrar sua admiração pelas mulheres que sabiam expressar sua sensualidade. Nesse livro, a fogosa e madura dona Lucrécia não se contenta com um casamento apimentado e acaba sendo responsável pela iniciação amorosa e sexual do enteado.

O Amante, Marguerite Duras
A autora apresentava o livro como autobiográfico. Não se sabe ao certo, pois a narrativa transita entre realidade e imaginação. Conta a iniciação sexual de uma adolescente de 15 anos com um chinês belo e rico da Saigon de 1930. Com um mix de erotismo e nostalgia, traz personagens complexos, divididos entre o desejo e a impotência de enfrentar as convenções da época. A obra chegou ao cinema em um grande filme nos anos 1990.

A Casa dos Budas Ditosos, João Ubaldo Ribeiro
Convidado para escrever sobre o pecado capital da luxúria, o escritor imaginou as memórias sexuais de uma mulher sem pudores, agora com 68 anos. Nenhum prazer escapou dessa senhora. A voz feminina, no entanto, não camufla que se trata de uma visão masculina do sexo, bom para conhecer como funciona a imaginação e os anseios de um homem. A atriz Fernanda Torres encenou um monólogo inspirado no livro.

Idades de Lulu, Almudena Grandes
Lulu se interessa por sexo desde a entrada na adolescência e atrai a atenção de um homem mais velho que se torna seu mentor nos caminhos do desejo. Em certo momento, ela se perde nesse labirinto, em busca de experiências reais ou imaginárias, detalhadamente descritas. Sem julgamentos, a autora constrói a história em forma de lembranças da personagem, pontuando o seu amadurecimento com experimentações cada vez mais extremas. Para corações fortes, assim como o filme espanhol inspirado na trama.

O Amante de Lady Chaterley, D. H. Lawrence
Resumo da trama – Uma mulher bem nascida, infeliz no casamento, se encanta com um funcionário do marido e vive pela primeira vez uma profunda relação amorosa. Na Inglaterra dos anos 20, regida pelas castas sociais, a exposição explícita do desejo entre a lady e o guarda-caças levou a uma batalha judicial de 40 anos. Apenas nos anos 1960, o livro foi liberado na Inglaterra e nos Estados Unidos e ganhou status de obra-prima da literatura erótica. O cinema contou várias vezes essa história.

A História d’O, Pauline Réage
O livro contraria todos os avanços dos últimos anos para tornar as mulheres protagonistas de sua vida sexual, pois parte da premissa da submissão feminina como fonte de erotismo. No entanto, é um mergulho nas profundezas do imaginário do desejo. Identificada apenas como O, uma fotógrafa de moda aceita participar de uma sociedade secreta na qual as mulheres são ensinadas a estar totalmente disponíveis para os jogos eróticos dos homens. Publicado sob pseudônimo por Anne Desclos em 1954, a história rendeu um filme e um livro em quadrinhos desenhado pelo grande Guido Crepax, uma HQ que se tornou um clássico.

Trópico de Câncer, Henry Miller
A fama de pornógrafo acompanhou e obscureceu o talento literário de Henry Miller. Desbocado, literal nas descrições dos encontros passageiros, ele conta na primeira pessoa como era viver em um momento efervescente no centro do mundo, a Paris dos anos 30, que já inspirou tantos artistas. Em outros livros, como Trópico de Capricórnio e a trilogia Sexus, Nexus e Plexus, ele consolidou seu estilo polêmico, admirado por muita gente, em que mistura memórias e descrições cruas de sexo. É o personagem do filme Henry e June sobre o triângulo amoroso com a escritora Anais Nïn.

A Vida Sexual de Catherine M, Catherine Millet
Imagine uma profissional renomada no seu meio que, na maturidade, lança um livro contando inacreditáveis façanhas sexuais sem esconder a identidade. Catherine Millet teve essa ousadia em 2000. A francesa, crítica de arte respeitada, causou um alvoroço com esse livro de memórias sexuais, em especial seu gosto pelo sexo grupal. O livro se tornou um best-seller mundial e chama a atenção pela tranquilidade com que a autora assume a libertinagem como mais uma forma de fortalecer vínculos.

Vox, Nicholson Baker
A trama inteira do livro se passa em quatro horas. Uma linha cruzada (sim, era tempo do telefone fixo, não aconteceria com um celular) coloca um homem e uma mulher numa conversa íntima e a nós leitores, como voyeurs. Seduzidos pela voz um do outro, cumprem todo o ritual de aproximação, sedução e acasalamento apenas pela conversa tórrida sobre fantasias eróticas e provocações. Parece que não há nada mais poderoso no sexo do que a palavra. Tudo acontece e é descrito. Além de um marco da literatura erótica, o livro ganhou admiradores pelas inovações narrativas.

Conhece alguns livros eróticos que não estão aqui? Compartilhe comigo.

Leia mais:

Soft porn para apimentar o relacionamento!
E para apimentar os 28 anos de casados…

Mila Quintana

Leitora persistente, adotou o livro como companheiro desde que foi alfabetizada. Usa os livros como um passaporte para mergulhar em pessoas, lugares e acontecimentos sem pedir licença. Entre uma leitura e outra, trabalha, namora, paga as contas e lava a louça.

2 Comentários
  1. 100 escovadelas antes de dormir – é uma sugestão de livro erótico. Tb Bruna Surfistinha

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Sexo com Dominique – Você já pensou nisso? Só alegrias my darling!!

Você já pensou nas vantagens de sexo com Dominique? Com uma Dominique?

Bom se nessa   fase da vida o mundo olha com uma certa desconfiança para gente em todos os aspectos imagine em relação a nossa sexualidade?

Nossas opiniões e atitudes provocam algum desconforto aqui e ali mas é o preço que pagamos por nossa independência!
É… tem muita gente que evita o tema. Agora, imagine quando o assunto é sexo? Mas por quê?

Aqui vamos falar de sexo sem medo, sem vergonha e com a experiência, a coragem é, claro, muito bom humor porque a vida é para ser divertida.

E sexo com uma Dominique então? Já não bastassem todos os tabus e preconceitos, ainda rola por aí um papo de que mulher depois de 50 anos, MENOPAUSADA (quem foi o FDP que inventou este termo?) não transa. Coisa de macho latino mal informado.

Colega, vamos combinar que já fizemos de tudo um pouco, vai. Não tem muito que alguma menininha possa nos ensinar nesse assunto, aliás deveríamos escrever manuais. Concordam?

Vamos mostrar esse vídeo pros rapazes? quem sabe eles percebam que só têm a ganhar com nossa experiência e savoir faire

[fve]https://youtu.be/x-EymxXKevY[/fve]

Ficha TécnicaVideo : Sexo com Dominique

Atriz : Carla Pagani
Direção : Cris Mariz
Roteiro : Eliane Cury Nahas
Produção executiva : Rita Urcioli E Claudio Odri
Figurino : Tigresse

 

Dominique

Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!

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10 coisas que aprendi comprando acessórios em sexshop

SEXSHOP
Vamos falar de sexshop?

Vou confessar. Não fiquei nem um pouco surpresa com a série Cinquenta Tons de Cinza. Na verdade, achei o livro bem chatinho. Um misto de romance Sabrina com algumas ideias das histórias de Marquês de Sade. Ao ler o livro, descobri que as referências a um sadomasoquismo fazem parte do passado do personagem principal. Agora, a história deles é outra.

Mas sabe o que a trilogia trouxe de bom? Tornou interessante as brincadeiras e o uso de acessórios eróticos nas relações a dois. Tá mais popular e isso com a ajuda de um filme campeão de bilheteria. Que bom que estamos falando um pouco mais abertamente sobre sexo, preferências e novidades. Pelo menos muito mais do que num passado pouco distante. Sim, na época do seriado Sex in the City, eu e minhas amigas ainda tínhamos alguma inibição e muitos pudores para comentar abertamente sobre o assunto.

Agora, com muito mais de 40 anos, com muitas histórias vividas, não dá pra reprimir, né? Nem faz sentido. Pelo contrário, gosto e me divirto muito com os produtos de sexshop. Compro e de vez em quando ganho do meu marido. Como preferências são preferências, fiz uma listinha de 10 coisas que aprendi visitando sexshop e comprando brinquedos eróticos.

# 1
Conheça o seu corpo (e do seu parceiro também)

Nas lojas há de tudo. Tudo, mesmo! Mas a aventura não é pegar qualquer brinquedo erótico para você ou para o seu parceiro. O que vocês realmente gostam? Quais são as preferências, como funciona seu corpo e as suas fantasias? A dica é você não achar que deve comprar algo, mas ter certeza. Pra isso, é preciso conhecer o seu corpo e o do seu parceiro. Quer um exemplo? Muitas mulheres preferem a estimulação do clitóris e há vibradores para isso. Mas se você se sentir desconfortável fale não. Tudo isso é para ser gostoso.

# 2
Eles são caros

Quando você comprar o primeiro, provavelmente vai querer ter outros. Os acessórios podem custar na faixa dos R$ 30,00 ou R$ 50,00, mas há alguns que ultrapassam os R$ 300,00. E neste universo também existem marcas! Os brinquedos eróticos do filme Cinquenta Tons de Cinza chegam a custar quase R$ 600,00.

# 3
Meu nome no pedido!

As lojas online cercaram-se de cuidados para não expor os compradores. Na Loja do Prazer, um dos maiores e-commerce da América Latina, após o pedido é gerado um código de barras. A pessoa que vai embalar o produto não tem acesso ao nome do comprador, mas sim a este número, que já funciona também para enviar pelos Correios. A embalagem é parda, por isso não dá pra ver o que tem dentro do pacote. No caso da loja do prazo, o remetente estará no nome da administradora, a empresa, e não no nome da loja. Assim é a cobrança também no seu cartão de crédito.

# 4
Pra que serve?

Se você não sabe, pergunte para o atendente da loja ou no fale conosco do e-commerce. Não existe pergunta inapropriada. Os atendentes da loja estão preparados para responder a perguntas como: “onde coloca isso” ou “o que você vai sentir com aquilo”. Você não precisa saber de tudo, aliás, você está na loja justamente para descobrir coisas novas, né?

# 5
O que é melhor?

Essa é uma pergunta impossível de responder, se você ficou em dúvida entre dois produtos de finalidades diferentes. O que funciona para você pode não causar a mesma sensação em outra pessoa. Se você estiver na loja e fizer esta pergunta ao atendente ou mesmo a uma amiga provavelmente ficará sem resposta. Os brinquedos sexuais são tentativa e erro. Ah, e o vendedor da loja pode não ter experimentado todos os produtos, né!

# 6
Divirta-se, mas não tire sarro

Um sex shop é – provavelmente – um dos locais mais “cabeça-aberta” que você pode visitar na vida. Você pode sentir-se à vontade para fazer quase qualquer tipo de comentário. Apenas preste atenção ao tom. Você pode não gostar de uma (ou várias) coisas que estão na loja, mas há pessoas que curtem. E não vale deixar ninguém desconfortável, né!?

# 7
Lugar de pessoas como você

Não é porque você visita um sexshop que vai encontrar pessoas indecentes ou homens tarados na loja. A maioria dos compradores que estão ali são pessoas bem normais – assim como você – que gostam e querem se divertir com o sexo. Você pode encontrar algumas pessoas mais desagradáveis ou outras tentando fazer alguma gracinha. Mas há bem poucas pessoas bizarras. Também tente evitar perguntas sobre o que acontece na loja para os atendentes. É chato e eles não vão responder.

# 8
Pode fazer mal?

Pode fazer mal sim, só se você não ficar atenta às instruções de uso ou mesmo com a procedência do material. Alguns brinquedos eróticos são feitos de uma substância chamada ftalatos, um produto químico usado para deixar o plástico mais macio. Dá pra reconhecer pelo cheiro característico de plástico. Algumas matérias-primas podem causar irritação, arder ou mesmo juntar bactérias, já que são porosas. Se comprar um destes brinquedinhos, melhor utilizar com camisinha.

# 9
Loja online ou loja física?

Não há o que discutir quanto à privacidade da loja online. Se você quer total discrição é melhor optar pelo e-commerce. Mas este passeio pode também ser muito divertido tanto para você, quanto para o seu parceiro. Além dos bons momentos, é uma oportunidade para vocês ficarem mais íntimos e viverem novas experiências. E se você encontrar algum rosto conhecido…. bom, pense apenas que você é uma mulher normal e que gosta de sexo. Qual é o problema disso?

# 10
Só pra você

Porque não? Quem disse que prazer precisa ser a dois? Existem vários acessórios eróticos para você usar sozinha e não há nenhum problema com isso. Além do prazer, você pode aprender ainda mais sobre o seu corpo e o casal só tem a ganhar com isso.

Agora que já dei essas dicas, você está esperando o que? Vá até um Sexshop!

Leia mais:
Sexo com Dominique
E para apimentar os 28 anos de casados…

Ju Junqueira

Jornalista que trabalha com internet há 20 anos. Divide o tempo entre as inovações tecnológicas e os trabalhos manuais no estilo Do It Yourself. Descobriu que é melhor que fazer meditação.

1 Comentário
  1. Dominique sempre acrescentando. E olha que eu já faço parte dos “ Seml Novos” ou seja: setentinha Me sinto uma Dominique.

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Maternidade na maturidade – escolha de muitas Dominiques

Dominique - Maternidade
Vamos falar de maternidade após os 40?

A decisão de ser mãe numa fase mais madura da vida pode ser uma escolha por diversas razões: dedicação à carreira para alcançar sucesso profissional e estabilidade financeira, o fato de não ter encontrado o amor-da-vida-pai-dos-filhos ou porque a vida aconteceu assim, simplesmente.

Mas e se a mulher só se sentir preparada para ser mãe na maturidade? Os filhos também saem ganhando com uma mulher mais tranquila e disponível para enfrentar os desafios. Mais madura, a mulher faz escolhas com mais responsabilidade, é menos impulsiva e está mais preparada para viver esse papel.

Houve um aumento de mulheres engravidando entre 30 e 39 anos — de 22,5%, em 2005, para 30,8%, em 2015. Houve também um aumento de mulheres que engravidaram com mais de 40 anos em 27% entre 1991 e 2000 (IBGE). Tais dados já apontam as mudanças no comportamento feminino com relação à maternidade.

Ao contrário do que se vivia antigamente, a mulher não precisa se envergonhar de ser solteira e pode sair, viajar, flertar, ser feliz, sozinha, com os amigos. A vida de solteira é bem interessante atualmente!

Vida de solteira não-mãe, eu diria, porque não precisa estar casada para se ter filhos. Isso também tem sido mais aceito e permitido “socialmente”, sem estigmas. A liberdade que conquistamos nos permitiu fazer escolhas, desfrutar a vida e partir para o exercício da maternidade sem nostalgias pela juventude pouco ou mal vivida.

A vida convida a menos clichês. Menos cobranças. E isso já vem sendo construído. A mulher tem vivido de forma mais natural a passagem aos 40/50 anos e a gravidez com essa idade tem sido uma opção frequente: Ivete Sangalo com gêmeos aos 45, Carla Bruni teve o segundo filho aos 43, Solange Couto foi mãe aos 54! Das anônimas, acompanho a rotina da minha cunhada, mãe da terceira filha aos 46.

O funcionamento biológico feminino é a questão mais relevante da maternidade na maturidade, representada pela diminuição da reserva e da qualidade dos óvulos. Mas devemos pensar também que a saúde de uma mulher de 35 anos hoje é bem diferente de uma mulher dessa idade há trinta ou quarenta anos. Tão importante quanto o preparo biológico é a abertura psicológica e emocional para essa experiência.

Engravidar aos 40, 45 anos ou até um pouco mais pode ser um processo mais lento e trabalhoso, mas não impossível. Evidentemente, nessa fase da vida, a gestação pode requerer cautela, acompanhamento e tratamentos…. em compensação, a mulher se sente abençoada quando se torna mãe depois de muita luta e muitos tratamentos para engravidar e ter o seu bebê. A maternidade acontece como uma dádiva e uma recompensa a todo o esforço.

Pressupomos que com a maturidade passamos a ver a vida com mais segurança. Porém, maturidade emocional implica em ter mais tolerância às frustrações e em lidar com mais flexibilidade e equilíbrio com os acontecimentos da vida. Nem sempre está ligada à idade cronológica. O segredo está na disponibilidade emocional e psicológica em acolher um filho e isso depende dos espaços internos, de afeto e paciência.

Ao nos tornarmos mães, nos remetemos inevitavelmente à mãe que tivemos. Acessamos o repertório que criamos ao longo da vida na convivência com as mulheres que nos foram significativas. É o momento do encontro das gerações, de nos depararmos com o modelos maternos que queremos seguir ou rejeitar. E nesse caminho construir algo novo e com a nossa cara.

Pode ser que com mais idade estejamos mais preparadas para abdicarmos de momentos só nossos por momentos compartilhados com bebês, brinquedos e mamadas. Isso tem a ver com se doar, se permitir e partilhar o seu tempo com a maternagem. Em ver um bebê aprender coisas novas, em sermos as mediadoras entre o filho e o mundo. Com isso também aprendemos e renascemos.

E ser mãe é topar o desafio do imprevisível, do medo de não conseguir dar conta, de se desesperar de sono, de ver a vida mudar. E mesmo assim se gratificar com a relação mãe-filho…aí o jogo vai se invertendo e a maternidade acaba, então, trazendo a maturidade.

Maternidade é isso. Não importa a idade!

Leia mais:

Sabe qual foi meu desejo na gravidez? Uma música!
Faça 15 minutos de meditação diária e sinta os resultados

Alcione Aparecida Messa

Psicóloga, Professora Universitária e Mediadora de Conflitos. Doutora em Ciências. Curiosa desde sempre, interessada na beleza e na dor do ser humano. E-mail: alcioneam@hotmail.com

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Victoria e Abdul: a amizade da rainha com seu confidente

Dominque - Victoria e Abdul
O filme que indico e comento hoje é Victoria e Abdul.

Aos 82 anos, Judi Dench volta a interpretar a rainha Victoria em um longa que trata da polêmica relação da soberba monarca com seu fiel e adorado serviçal Abdul, indiano e muçulmano, que se torna seu “munshi”, termo indiano para designar professor.

Judi Dench revive o papel da monarca que reinou durante 63 anos a Inglaterra e uma população de quase 1 bilhão de súditos de seu império ao longo do século 19.

O roteiro adaptado por Lee Hall, baseado no livro de Shrabani Basu, que por sua vez pega como fonte os diários do verdadeiro Abdul (descobertos muito tempo depois, exatamente em 2010), é seguro, não apresenta surpresas, uma produção agradável, leve e correta.

Victoria e Abdul faz uma edificante narrativa de amizade, em que seres tão diferentes, pela sua geografia e pela sua condição social, conseguem se identificar. Essa com certeza é a maior força do longa. Essa interação entre seres opostos ou como um mero servo pode compreender aquela mulher no trono muito melhor que seus familiares. Essa relação afetiva é emocionante e faz com que o longa conquiste a atenção do público.

A história da amizade da rainha da Inglaterra, Victoria, e do jovem indiano Abdul Karim, acontece nas circunstâncias mais improváveis e se desenvolve devido à carência da soberana com a espiritualidade de Karim, que os torna indispensáveis um para o outro, chegando a incomodar a monarquia.

A monarca já vivia de luto pela perda de seu amado marido Albert e de seu filho mais novo e mesmo assim seguia com o fardo de seu reinado e poucas motivações para ser feliz. A ousadia de Abdul trouxe de volta a alegria de viver, em razão de sua história interessante, uma injeção de cultura diária e muita harmonia, fazendo com que a rainha quisesse ficar próxima dele, mesmo que isso lhe custasse enfrentar a alta nobreza. Odiado por todo escalão britânico, Abdul, mesmo assim, foi um sopro de juventude para a rainha.

Um fato curioso é que apesar de rainha, Victoria era também Imperatriz da Índia, mas pouco conhecia sobre o país, portanto, o indiano Abdul (Ali Fazal) vai lhe apresentando sua cultura e desenvolvendo um belo trabalho com a sua interpretação carregada de carisma, empatia e emoção.

A direção de arte tem uma composição ótima de cenários e ambientações que nos levam até essa época em questão. Além disso, há um cuidado pela elaboração de seus figurinos, tanto para o elenco principal, quanto para os figurantes que compõem a história, sabendo respeitar o estilo das roupas indianas, o luto da rainha, sempre de preto, tendo atenção até mesmo na viagem para a Escócia, onde vemos um visual característico do local.

Na fotografia está um dos grandes acertos do filme, pois além dos planos gerais cheios de detalhes para trabalhar toda essa estrutura por onde se passa a trama, usam-se planos fechados, quando necessário, conseguindo captar as emoções dos personagens.

Victoria e Abdul é um filme dirigido por Stephen Frears (do ótimo “A Rainha”) vem em bom momento: em plenas comemorações dos 70 anos da independência da Índia e depois da descoberta dos diários que Victoria escreveu em urdu (idioma indiano) e das correspondências de Karim, conservadas por um sobrinho neto. Quando a monarca morreu, seu filho, o rei Eduardo 7º, despachou o serviçal de volta à Índia e queimou todos os vestígios da relação dos dois.

Há uma bela química entre a dupla de protagonistas, acreditamos no carinho, curiosidade e motivação dos personagens. Fazal enfrenta uma tarefa difícil: Abdul é um apaixonado pela vida e ensina que as pessoas vivem para servir. É isso que o torna cativante, mas transmitir isso além do texto não é fácil.

Interessante observar que Fazal pronuncia pausadamente as palavras, como se pensasse muito antes do que fosse falar e como se não dominasse a língua inglesa, dando verossimilhança à atuação. Judi abdicou de qualquer vaidade para o papel (sem maquiagem e usando enchimentos para reproduzir a corpulência de Victoria) está como sempre fantástica!

Em síntese, a dupla principal faz um trabalho muito bom com fascínio.

O filme traz um humor interessante em sua narrativa com os personagens misturando drama, sarcasmo e autocrítica e, além disso, é muito espirituoso.

Vale a pena ir ao cinema para assistir a incrível produção de Victoria e Abdul.

God save the Queen!!!

[fve]https://youtu.be/e9x7GDeA6ok[/fve]

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