A maturidade traz um monte de coisa boa, concorda? Ganhamos mais tranquilidade, paz de espírito, aprendemos a apertar o botão F sem traumas, sem falar na segurança que adquirimos. Infelizmente junto desta etapa chegam outras coisas não tão legais, como a Maspassa (nós, Dominques, acreditamos que este nome é melhor que Menopausa) que vem acompanhada de um turbilhão de sintomas, calores infernais, depressão, aumento de peso, falta de libido, insônia.
Há muita informação na internet, mas o que acontece realmente? O que é mito e o que é verdade? A verdade é que todas as Dominiques vão passar por isso, mas nem todas vão sofrer.
Tem gente que sente mais, tem gente que sente menos. Há mulheres que sofrem à beça com os sintomas, outras, no entanto, passam tranquilamente por esta fase.
Muitas de nós carregamos o estigma de que com a Maspassa vem o envelhecimento, uma sensação de perda, que o tempo bom acabou e que agora é uma contagem regressiva ladeira abaixo.
Trazemos em nossas memórias o que nossas mães, avós, tias passaram neste período, mas tudo mudou muito de lá pra cá. Não só em termos dos avanços da medicina, como nós somos diferentes. Somos mais ativas, teremos uma longevidade maior.
E quem compartilha desta visão é a ginecologista Dra. Solange Sasaki que me deu a oportunidade de um bate papo esclarecedor e animador, acima de tudo.
Para a Dra. Solange a Maspassa é um período evolutivo da mulher. Isso mesmo, preste atençao na expressão que ela usa, EVOLUTIVO.
Primeiro de tudo é preciso definir corretamente quando começa a menopausa. É é a última menstruação depois de um ano sem menstruar. Se você menstrua irregularmente, mas não teve um ano de pausa, você não está na menopausa.
Para definir a menopausa é preciso um diagnóstico retrógrado. Desenhando para loiras. Se você menstruou dia 16 de abril de 2018, 12 meses depois, ou seja, em 16 de abril de 2019, se você não teve NENHUMA menstruaçao neste período, pode considerar que está na menopausa.
Se nestes doze meses, você menstruar apenas 2 vezes, não é considerado menopausa, mas perimenopausa, que começa com 35 anos e vai até o início da menopausa. E neste longo período pode haver irregularidade menstrual, aquelas mulheres que menstruam duas ou três vezes num único mês ou aquelas que menstruam a cada dois ou três meses.
O climatério acontece depois da menopausa, depois da última menstruação e é uma fase muito mais mistificada do que qualquer outra coisa. Trata-se de um processo de envelhecimento gradual da mulher que deveria ser encarado como uma coisa normal.
Por que algumas mulheres tem mais sintomas? Depois da menopausa há um período de aproximadamente 10 anos com uma certa produçao de hormônio. Algumas produzem mais e outras menos. De qualquer forma, não é uma produção suficiente para menstruar. Algumas tem dores na mama, outras sofrem menos com os calores, outras dormem menos, outras não tem a textura da pele prejudicada. Isso é em função do que cada mulher está produzindo de hormônio.
Depois desses 10 anos, há uma perda mais significativa, e todas nós, Dominiques, ganhamos mais sintomas.
Todo mundo fala um monte de coisa, mas não existe uma regra generalizada. Cada mulher precisa ser acompanhada pelo seu ginecologista, porque diagnóstico e o tratamento são únicos.
Não é todo mundo que se dá bem com reposição hormonal, assim como não são todas as mulheres que vão se beneficiar da tintura de amora ou isoflavona ou cimicifuga. Depende do que cada uma precisa.
Tem mulheres que precisam tomar hormônio feminino e outras que precisamos intensificar o hormônio masculino. Há casos em que se mesclam ambos os hormônios.
Há pacientes que passam superbem com os fitoterápicos – amora, isoflavona, cimicifuga, trifolium. Depende do metabolismo de cada uma.
Curiosamente, as mulheres que tem menos sintomas são aquelas que trabalham muito, são superocupadas, não estão vivendo intensamente a Síndrome do Ninho Vazio e que tenham um parceiro ou uma parceira. Resumo da ópera: São aquelas que estão mais equilibradas profissionalmente e pessoalmente.
O número de mulheres com mais sintomas é muito maior no grupo que não tem muita atividade, que tem mais tempo, que estão sozinhas.
Os calores, um pouco de insônia ou até o ressecamento vaginal são fatores fisiológicos, não podem ser encarados como uma desgraça! Fora que com a reposição hormonal estes sintomas são controlados.
Na verdade, a preocupação com estes sintomas mais superficiais ganham mais alarde do que aqueles que deveríamos colocar muito mais atenção.
Por exemplo, as mulheres nesta fase engordam? E como! Tem que comer muito, mas muito menos. Tem que beber muito menos. Tem que optar por uma alimentação saudável, se você ainda não tem, chegou a hora de mudar radicalmente seus hábitos alimentares. Devemos tomar um supercuidado com alimentos com altas de taxas de gordura, sódio (que virou o inimigo mor da saúde) e açúcar (que sempre foi o inimigo mor da saúde).
No quesito alimentação tem tanta informação disponível hoje que não dá para alegar ignorância. Cada mulher tem seu metabolismo. Não é uma regra que funciona para todas. Por exemplo, se você introduz pão e leite na dieta de oriental, ele vai ter problemas. Se você tirar grãos ou azeite da dieta de um italino, ele pira. A raça de cada uma deve ser levada em consideração. Faça um investimento e consulte um nutricionista.
Esqueça a época de enfiar o pé na jaca! Essa fase sim acabou para nós, Dominiques!
Atividade física não é para ficar magra! É para manter a estrutura óssea e muscular firmes para combater a osteoporose que na verdade deveria ser tratada desde a infância. As fraturas nesta fase são sofrimento na certa, altamente patológicas, cirurgícas, graves e caras.
Nesta fase também podem aparecer as alterações metabólicas como diabetes, hipertensão, colesterol e triglicérides. A baixa do estrogênio faz a gente funcionar como um homem. O que significa isso? Se tinhamos 6 vezes menos chance de um infarto, agora estamos pau a pau com eles. Agora não tem mais desculpa para o sedentarismo. É hora de tirar o tênis do armário e começar a usar. Meia a hora por dia de caminhada, duas vezes por semana de musculação leve, Pilates. Nada muito hard!
Outra dica da Dra. Solange, é muito, mas muito pouco sol. Sabe aquelas horinhas a mais na piscina ou na praia, que não causavam estrago? Agora causam. O envelhecimento da pele bate à nossa porta. Então, a palavra de ordem é moderação sob sol.
E a ocupação é fundamental, mas algo que dê prazer. Aquelas pacientes que fazem o que gostam, não significa as que ganham bem, mas aquelas que tem prazer no que fazem, que estão acompanhadas por um parceiro ou uma parceira legal de verdade, não só para ilustrar na foto, passam bem por este período. Claro que pode estar sozinha, por opção. Quando se está sozinha por opção, normalmente, a mulher está bem.
O grande canal é ter uma cabeça boa para encarar esta fase como uma transição normal para qualquer mulher. Se você não estiver bem com você, com o que você faz, com quem você divide sua vida, esta etapa pode ser sofrida.
Agora, se você estiver bem e só depende de você, e eu sei que você tira de letra!
A ginecologista enfatiza que a infelicidade nesta fase é muito perigosa. Existem estudos que revelam que a tristeza está a associada a doenças potencialmente graves.
A recomendação da Dra. Sandra é alimentação saudável, ocupação que dê prazer, atividade física, moderação sob o sol e exames periódicos para prevenção.
Nada de ter medo da menopausa, ou como eu gosto de chamar, maspassa!
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