Rita Lee – 70 anos
Não há em minha geração quem não tenha dançado uma música de Rita Lee.
Você pode não saber o que é Loki. E não tem importância!! Sério!!
Você pode não conhecer bem os Mutantes. E muito menos saber que foi Ronnie Von que batizou o conjunto. Tudo bem.
Também não deve saber que Rita estudou na mesma classe que Regina Duarte.
Mas você sabe cantar Mania de Você de trás pra frente.
Ovelha Negra te despertou para a possibilidade de haver um mundo além da família “margarina” da casa da vizinha.
Lança Perfume legalizava aquela sua pequena contravenção de jovem.
Quantas vezes você não ouviu Cor de Rosa Choque porque estava “doente” e não foi pra aula?
Algum moço te passou uma cantada assobiando Banho de Espuma? Colou?
Ela disse SIM duas vezes, para Arnaldo e para Roberto. Na verdade 3 se contar o “Pra Você Eu Digo Sim“. Mas em nenhuma delas usou o vestido de noiva que Leila Diniz lhe emprestou e ela nunca devolveu.
Eu fui a um show dela no Palácio do Anhembi. Fui a outros. Mas lembro deste que foi “intimista” em 198X.
Heavy user de Internet, muito antes das redes sociais, ela sempre foi meio futurista.
Rita Lee possuía uma carteira de sócia do “Clube dos primeiros vôos à lua”. Lunática de carteirinha! Preciso falar mais?
Rita me inspira.
Claro que amo suas músicas, letras, ironias e sarcasmos.
Mas o que mais gosto de verdade, é seu desprendimento e independência de pensamentos.
Não concordo com tudo que ela fala.
Grande coisa!!
Aliás ela deve estar muito preocupada com isso.
E é justamente esse dar de ombros que amo.
Amo o jeito surpreendente que solta suas observações e opinões.
Rita é muito mais que sua obra.
Tenho a impressão que ela cansou, enjoou, não aguenta mais suas próprias músicas.
E eu entendo perfeitamente.
Você nunca cansou de se ouvir? Nunca cansou de seu próprio discurso? Nunca?????
Ahhh, ok.
Acho que ela tenta se reinventar o tempo todo, mas que todo mundo quer a Rita Lee de nossas adolescência, cantando Saúde e Chega Mais.
Talvez por isso ela tenha deixado suas madeixas vermelhas de lado assumindo o cabelo branco de vez, para que também deixássemos a Rita do Tal de Roque Enrow partir, e mais uma vez ser aquela metamorfose ambulante. Uma verdadeira Mutante.
E assim Rita consegue sua liberdade pela enésima vez.
Talvez por ter nascido no último dia do ano, tenha essa tendência ou essa sina de se reinventar.
Sorte nossa que há 70 anos convivemos com 70 Ritas.
Parabéns menina. Arrombe a Festa!!
Ahhh, li esse texto de Rita Lee (fase cabelos brancos – livro Dropz). Vale muito a pena.
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