Tag: Relacionamento

E como é que os homens veem a parceira na menopausa?

Dominique - Homens

Perdi essa. Homens são de Marte e mulheres são de Vênus. Porque não tive essa ideia antes? O cara é gênio. Disse o óbvio e ganhou muita grana, com certeza.

O chavão é verdadeiro. O universo é movido por opostos. Positivo e negativo, prótons e elétrons, homens e mulheres… A mesmice não conduz a lugar algum.
Antes que me chamem de homofóbico, quando digo homens e mulheres falo de temperamento, não de opção sexual.

Nos casais, a mesmice é paralisante porque o tempero de uma relação a dois se encontra nas diferenças. Frio e calor, vinho e água, praia e campo, todos os gostos e preferências têm espaços em uma relação. Se os dois gostam sempre das mesmas coisas, em absolutamente tudo, perde a graça, né?
Definitivamente somos diferentes e isso é ótimo!

A natureza nos impele às diferenças. Ela é sábia até no modo como envelhecemos. Garotos sentem mais calor do que meninas. O cobertor é puxado para o lado delas na cama. À medida que vamos envelhecendo a coisa se inverte. O homem puxa o cobertor para ele e, por vezes, a mulher não se importa. Deve ser a menô.
Pareço íntimo dela, não? Mentira, as mulheres e suas vicissitudes ainda são, para mim, um grande enigma. Mas é isto que as torna tão interessantes, não é mesmo?
Embora conviva com uma, a companheira de uma vida, por mais de trinta anos, ainda tenho muito que aprender. Tenho disposição, vontade e, acima de tudo, respeito pelas diferenças.

Estou dando voltas, né? Bom, vamos falar do que interessa… Sexo. Para o homem é fácil, salvo nas enfermidades o interesse e apetite sexual se mantém por quase toda a vida. Basta um clique e pronto, o garotão lá de baixo se manifesta.
Nas mulheres parece que a coisa é um pouco diferente. Precisa de mais chamego, mais atenção, carinho, sei lá o que mais. A danada da menô definitivamente exige mais paciência do homem, nada que não se possa superar com amor e carinho.

É, nem sempre é fácil para nós. Às vezes, ficamos perdidos no meio de tantos mistérios femininos. Como saber qual a dose certa de vinho para regar uma boa noite a dois? Na dose certa, bingo! Na dose errada é desastre na certa… Ou não surte efeito ou, pior, vira DR. Elas bebem e a gente que fica de porre! Bacco, ajude-me!

Tá, mas não posso reclamar muito. O mundo é mais fácil para o homem. Mesmo quando a coisa esmorece sempre se pode contar com uma ajudinha extra. O azulzinho está aí para isso. As mulheres, ao que consta, precisam dos hormônios, mas não sem riscos para a saúde.

É, gosto de sexo. Mas amo minha mulher. Se para tê-la ao meu lado por mais tempo for preciso fazer algumas concessões à menô, que seja.

Vive la différence!!!
Marcos Bittencourt

Marido, pai, admirador de Dominique e, nas horas vagas, advogado.

1 Comentário
  1. Ahhhh,que bom seria se todos os homens tivessem essa sensibilidade,esse respeito a narureza e a sua parceira!!!
    Parabéns!!!

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Cordeiro bonzinho? Lobo feroz? Qual teu tipo de homem?

Dominique - Cordeiro

Passamos uma boa parte da vida tentando entender os homens…

Fracasso total. Cá pra nós, é pura pretensão nossa, nem nós nos compreendemos, ora essa!

O desafio começa na adolescência e não tem fim. Mulher é bicho teimoso, uma paca. Por que não jogar a toalha? É infinitamente menos cansativo e frustrante.

A cada dia me surpreendo mais com o comportamento da ala masculina. Intrigante demais para meus neurônios.

Os lobos em peles de cordeiro são muitos. Talvez em um número não tão expressivo sejam os cordeiros em pele de lobo.  Isso mesmo, cordeiros em pele de lobos, aqueles que se alimentam de fantasias para sobreviver ao tédio e à rotina do dia a dia. Estão casados, levam a sério o compromisso, “leais” e com caráter incontestável, não dão um passo fora do traçado. Sim, existem. Eles contentam-se só com os devaneios e deixam a imaginação rolar solta como um mecanismo de sobrevivência. Afinal, largar tudo para viver uma grande paixão demanda coragem, é para os fortes.

Há os que são lobos assumidos. Escancarados, declarados, só não enxerga quem não quer. Estão a fim e vão até o fundo para conseguir o que querem, claro que nunca rola o “the day after”. Sorvem paulatinamente o chá de sumiço e evaporam sem deixar rastros, só ansiedade, às vezes, alguma saudade. Correm atrás de paixões repentinas, totalmente sem compromisso, friends with benefits, o velho e bom “P.A”. Ninguém é de ninguém.

A mercadoria em falta são os meros gatos pingados (e que gatos!). Esses buscam viver uma paixão alucinante que, only God knows, transforma-se em amor, cumplicidade e amizade à toda prova. No final é isso mesmo que importa, certo? Ter alguém para conversar e para ficar quieto. Para chorar de rir e para chorar de chorar. Para partir numa viagem glamourosa rumo à Bali ou assistir uma maratona da série preferida embaixo do cobertor, comendo pipoca, o fim de semana inteiro.

Transar é bom? Ô se é. É pra lá de bom, mas só isso também cansa. É pouco, muito pouco. Sem falar que passa como tudo na vida. Nada dura para sempre, muito menos uma noite de sexo alucinante. Vamos combinar que nem todo dia queremos subir nas paredes como lagartixa, né? Tem coisa melhor que dormir de conchinha de vez em quando?

Cheguei à conclusão que o viés mais inteligente é parar de tentar entender. Ligo o sensor de crepúsculo para identificar quem quer aquilo que valorizo e o sensor de estacionamento para amarrar o meu pônei no arbusto (burro na sombra não é muito a minha cara). Adotei o padrão de qualidade ISO 9000 para separar o joio do trigo e ser feliz.

Nada de ficar com quem não tem o que eu quero para oferecer e o que eu quero é simples, mas para poucos.

Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

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Casados há 24 anos e ainda namoram? Conta outra, pelamor!

Conheço, sim, 5 casais que se amam e namoram após 25, 30, 50 anos de casados.
Não, eu não sou virtual, nem fruto de imaginação fértil, nem eles.
Carne, osso, CPF, declaram IR e são normais, ou não.
Nos mil debates inevitáveis sobre o assunto, me vanglorio de conhecer estas pessoas, raras, embora eu mesma não possa erguer meu peito como uma pomba dizendo que também vivo uma vida a dois de dar inveja.
Aliás, falando nela, preservo o nome de todos, porque a “inveja é o mau hálito da alma” e, como seguro morreu de velho, uso nomes fictícios.
Lembrando que de fake aqui só os nomes.

Vamos combinar que, mesmo no longo namoro, a convivência é bem diferente quando comparada ao casamento ou morar junto, o que dá na mesma.
A gente se encontra quando está arrumadinha, cheirosinha. Não dorme com camiseta de propaganda política. Não sai com o cabelo oleoso. Não há flatulência nem por cima, nem por baixo.
As contas podem até ser rachadas, mas só no restaurante, show e viagens.
Nenhum dos dois sabe que gás, luz, condomínio são pagos e o quanto isso não é nada romântico.
E, se for como eu, jamais aparece sem lápis, rímel e um brinco.

Só que a realidade é dura, o tempo é implacável e chega a ser uma tarefa hercúlea manter esta fantasia no dia-a-dia por anos a fio, principalmente quando filho chega.
Mas, como eu adoro me gabar dos meus amigos, trago aqui uma história que serve de exemplo para todos, inclusive para o meu filho que casou no sábado.
Usei o meu amigo Fernando como referência para construir um relacionamento sólido e absolutamente gostoso de ser vivido todo santo dia.
Acho o máximo e confesso que é meu sonho de consumo (sim, ainda almejo isso aos 51 anos).
Afinal, qual é a receita do bolo?

É mais simples, mas muito mais simples do que todas as infindáveis conversas que temos umas com as outras ou ainda nas intermináveis sessões de terapia.
Condição sine qua non é casar amando de verdade.
Esclarecendo, a paixão tem prazo de validade, no máximo 2 anos.
Amor é um gostar com tesão, companheirismo, admiração e, não raramente, com uma p… vontade de enforcar a cara metade.

Fernando e Tereza namoraram 6 anos e estão casados há 24.
E, pasmem, namoram até hoje. Sim, eles vão ao motel, acredite se quiser.
Aí me perguntam, eles devem nadar em dinheiro, assim fica fácil.
É como mulher feia, não existe mulher feia, existe mulher pobre.
Mentira, os dois já passaram por perrengues de grana e de doença na família. Estão lá, firmes e fortes.
Sempre ouvi a versão dele que a ama incondicionalmente, mas não tinha escutado o lado dela.
Quando perguntei o que ela fazia para ter este relacionamento tão bacana por tanto tempo, ela respondeu “a gente se ama”.
Que bonito, lindo, romântico, fofo, mas vamos ao que interessa, me conte algo que eu e a torcida do Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos não saibam.

A Teca parou, pensou e me contou como é o dia a dia deles:
– A gente se ama, casou tendo muito tesão um pelo outro. Talvez o fato de ter tido apenas um filho possa ter ajudado, porque queira ou não é mais fácil de administrar.
Eu comentei:
– Teca, tem tanta gente que tem só um filho e não consegue manter a tal chama acesa. Não pode ser este o segredo.
– Nossa filha ia para cama todo santo dia às 19 horas até porque entrava muito cedo na escola. Com ela nanando, o tempo era nosso. Por mais cansados que estivéssemos nosso ritual de sentar juntos, tomar um aperitivo e jantar sempre foi sagrado, como é até hoje.
– Mas com empregada e babá até eu né cara pálida?
Depois de uma deliciosa gargalhada Teca fala:
– Nunca tive babá e a empregada vinha três vezes por semana, mas a cozinha é meu território.
– Tá bom! Mas você trabalhava?
– Sim, período integral, mas tinha a sorte de sair às 17 horas.
– Então o jantar era você quem fazia?
– Yes, darling! E cá pra nós, cozinho muito bem.
– Volte a falar da rotina, please, antes que eu comece a roer as unhas do pé, porque as da mão já eram.
– Depois do aperitivo, jantamos, conversamos sobre o dia e vamos assistir algo juntos na TV ou não, porque ninguém merece ver jogo do Palmeiras, isso já é exigir demais do amor. Aí eu coloco em dia os episódios das séries que eu adoro.
– Mas e o namoro propriamente dito, o pegar na mão, dormir de conchinha, sexo? Isso ainda existe entre vocês?
Ela me olhou como se eu fosse um alien:
– Claro Clóvis! Se não rolasse isso, por que estaríamos juntos? A gente sempre teve um tempo para a gente, condição inegociável. Nas férias, viajavamos uma semana sozinhos e uma semana com a Laura.
Numa sonora gargalhada continua:
– Uma vez por mês visitamos um motel, somos da Vigilância Sanitária e temos o dever de checar se tudo está dentro do padrão nas suítes! Ah! Todo dia 30 ele me traz uma rosa para lembrar do dia em que casamos.
Peço um tempinho, porque como boa jornalista fazer conta é uma tarefa insana para mim:
– Teca do céu, são 290 rosas até maio deste ano.
– Não querida, são 289 rosas em flor e 1 rosa em chocolate da Kopenhagen. No último dia 30 de maio, as flores estavam feias na floricultura e ele optou pela versão em cacau!
– Você consegue se manter linda e atraente após tanto tempo. Por isso rola sedução?
– Eu nunca fui dormir de moleton e Hipoglós nas espinhas, mas também não vou deitar com meia arrastão. Durmo com uma camisola bonita, não necessariamente provocativa. Sempre cuidei de mim, mas nunca fui escrava da vaidade, moda, corpo, botox, plástica. Também tive e tenho que lidar com a jornada tripla e uso ainda uma palavra light, porque é mais que tripla: mãe, esposa, filha, profissional, amiga. É mais ou menos como empilhar pratos chineses.
– Tá bom, Teca. Tudo lindo e maravilhoso, mas quando a grana acabou como foi o “namoro”?
Ela parou de sorrir por um instante e disse:
– Uma fase muito dura. Em um determinado momento até nos afastamos um pouco, o que foi horrível, mas não deu. Conseguimos segurar as pontas e virar o jogo justamente porque somos o que somos, nossa união e cumplicidade são muito fortes.
No dia seguinte desta conversa, Fernando me ligou perguntando:
– Quer dizer que você quer saber qual o segredo do sucesso no meu casamento? Mas você já sabe tudo.

Não é raro ele me contar o quanto admira a Teca, ao ponto de me falar que quando estão conversando assim, sem mais nem menos, ele olhar o pé dela e a coisa começar a esquentar. Dele ser motivo de piada entre os amigos, porque ele não fala mal da esposa (ao contrário) e não dá as tais escapadas, simplesmente porque não tem a menor vontade.

Sua filha colocou um post no Facebook no dia do aniversário do Fernando e mencionou o lance da rosa no dia 30.
Houve uma comoção geral, mas não de emoção, de indignação dos homens:
– Poxa (não foi bem esta palavra a usada), você está estragando tudo, agora vou ter que comprar flor para mim mulher, tenha dó. Para de inventar moda!
Tenho a plena consciência que contribui para meu divórcio, 50% ele e 50% eu. Depois desta conversa, a certeza só aumentou.
O tal lance da receita do sucesso é tão óbvia, tão simples e nós não fazemos.
Amar dá trabalho, requer disciplina, mas se você conhecer estes dois e vir como um olha para o outro após 30 anos juntos, vai repensar o quanto vale a pena construir este castelo em concreto firme.

Não é impressionante? Casados a 24 anos e ainda existe amor.

Leia Mais:

Soft porn para apimentar o relacionamento!
Mãe de noivo também tem vez!

Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

5 Comentários
  1. A minha estória é tal qual da Teca/Fernando…
    Foram 35 anos de amor e paixão, a paixão não acabou não… td dia 29 ganhava 1 rosa!!!
    Hj estou c 70 anos e tenho crtza k estivesse ele vivo, o amor seria o mmooo…

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VISITANDO JOCASTA- ep.4

Dominique - Homem mais novoPaulo e Carla.
Carla e Paulo.
Não vou te manter em suspense.
Se você leu os 3 textos anteriores merece saber que não houve sofrimento após aquela despedida.
Se você não leu, vai entender que Paulo e eu somos um casal que vivemos em cidades diferentes.
Depois daquela despedida, Paulo continuou me tratando como se estivesse na porta ao lado.
As mensagens eram muito frequentes e as ligações diárias.
Os vínculos estavam formados.
As rotinas também.

Ele ficava 15 dias em Ribeirão Preto e 15 dias aqui.
E assim as quinzenas foram passando.
Os 15 dias daqui eram dias plenos.
Tinha momentos tão felizes que eu parava de respirar, e tentava congelar aquelas cenas em minha memória ou em meu coração.
E dizia que queria guardar aquele sentimento para poder sentir mais tarde.
Não era possível ser tão feliz em um espaço tão curto de tempo.
Paulo se divertia.
Os 15 dias que ele passava longe eram uma grande contagem regressiva, que só aumentava o prazer da expectativa e do reencontro.
Ele chegava sexta-feira à noite ou sábado de manhã.

Naquele final de semana ele chegou na sexta-feira e, como sempre, despenquei em seu ap quase que imediatamente após a sua chegada.
Eita, como a saudade faz bem.
Bom, matada a fome, fomos comer alguma coisa. Mas na cozinha.
E foi aí que ele me falou, aliás com muita naturalidade.
– Amanhã almoçamos juntos, né?
– Mas é claro!! Tenho que voltar pra casa para algumas coisinhas com meus filhos, mas o almoço é com você.
– Ahhh, que bom. Vai conhecer minha mãe então. Ela vem para São Paulo para ir a um show, acho que um musical, e vamos almoçar juntos. Vou fazer um risotinho aqui para nós. Falei que você estaria aqui.

Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!

Genteeee!! Como???
O que foi que ele falou??
Mãe????? Ele tem mãe???
Tá bom, eu sabia que ele tinha. Mas para mim ela era uma entidade, tipo boto cor de rosa.
Existe, mora longe, sei histórias, mas tenho pouquíssimo interesse.
Mas e agora???
Não quero conhecer a mãe dele.
Não quero almoçar com o boto!!
Muito menos aqui na casa dele!!!

O que ela deve pensar do filhinho estar namorando uma mulher 15 anos mais velha!!!
É. 15. Não te falei? Upss..
Então, um dia tive que contar para ele que não tinha 42. E sim 50.
Ele aproveitou para me falar que não tinha 38 e sim 35.
Mas aí já era tarde demais.
Claro, né? Não sou tão bobinha assim. Nem ele.
Claro que nós dois sabíamos que a diferença não eram só aqueles 3 anos.
Mas isso era um assunto menor. Ou tão maior que evitávamos.
Sempre preferi ficar sozinha com Paulo. Ou ir a lugares românticos e fora do meu circuito.
Ele não se incomodava.
Mas não deixava de sugerir lugares badalados, barzinhos da moda. Eu evitava. Preferia não ser vista com ele.
Acho que não estava preparada.
Não contei para os meus filhos. Quer dizer…
Eles sabiam que eu estava namorando.
Mas disse que não era nada sério, que quando chegasse a hora nos reuniríamos todos.

Aí agora, cara colega, você aí desse outro lado do monitor vai dizer:
– Que bobagem!!!
Ahh, é! Até parece…
Tudo que eu queria é que fosse, sim, uma bobagem, um preconceito ultrapassado ou da minha cabeça.
Então fui a campo. Cheguei a fazer alguns ensaios para sentir o que viria do mundo.
Primeiro, obviamente, troquei muitas e muitas ideias com a Nena.
Quando ela percebeu que a coisa estava deixando de ser uma brincadeira e que já tinha virado um relacionamento começou a me fazer perguntas incômodas.
Contei que tinha aberto meu coração e dito minha verdadeira idade. Ele a dele. E que aquilo foi motivo de risadas, os 15 anos, eu digo.

– Carla, isso tá muito estranho. Muitooo. O que ele faz mesmo?  Trabalha com que? O apartamento é dele?  Menina…………. Olha lá!Você não está bancando nada para ele está???  Você sabe quem ele é realmente?
Afffffffff
Eu sei que ela não falou por mal.
Sei também que ela, assim como eu, não vê problema em mulheres que ganham mais que o homem.
Mas sei lá. Se minha melhor amiga falou comigo deste jeito…
O preconceito existe.

Vou te poupar de descrever o tipo de comentário ou pensamento que passa na cabeça das pessoas quando veem um casal assim.
Mas continuei tentando aceitar a diferença na aceitação do outro.
Então chamei a Paula.
Paula, minha amiga super super descolada e moderninha e open minded.
Tinha certeza que ela falaria tudo o que eu queria ouvir.
E ela disse:
– Carlaaaa, minha linda!! Parabéns!!!!  Querida, isso é muita competência!!! Esta é uma das melhores coisas que pode acontecer com uma de nós Dominiques: ter um relacionamento com homem mais novo. Ainda mais se for este TUUUUUDDOOO o que você está falando.  Coisa mais linda… Aproveite muito.

Respirei fundo, numa alegria quase infantil, e abri um largo sorriso, adorando o apoio e prestes a contar toda a nossa história de amor como uma adolescente (porque, afinal, tudo o que eu queria era dividir com o mundo aquele meu louco amor). Foi quando ela completou…
– Só tome cuidado para não se apaixonar!!! Não queira brincar de casinha e sonhar com happy familyAffair com homens mais novos tem prazo de validade.
Prazo de validade.
Esta frase ressoava na minha cabeça. Martelava.

Mas era ouvir a voz dele, ler uma mensagem, sentir seu toque, que tudo isso passava.
Verdade é que na cama nunca senti esta diferença.
Não sei se porque não tínhamos espelho no teto.
Também se tivéssemos sou míope graças a Deus.
Mas sempre dei conta do recado.
Com galhardia.
Ahhh… uma mulher sabe disso. Sabe quando agrada.
E era plenamente correspondida.
Pois é…
Mooorra de inveja!!!
Namorar menino tem lá suas vantagens… Muitas!

Mas, agora, voltando ao tal almoço??
Conhecer a sogra?? Gente!! Nãoooo!!!!
Tinha que arrumar alguma desculpa para não ir.
Mas o que?
Dor de cabeça? Nahhh
Cólica? Nahhhhh
Casamento do primo mais novo? kkkkkkkk Nahhhh

Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!Pânico!

Pensei até em pagar alguém para quebrar uma das minhas pernas. Talvez as duas.
Mas tive essa ideia muito em cima da hora e não achei ninguém disponível.
Como dizia meu pai: o que não tem remédio remediado está.
E na falta de remédio melhor para situação, dá-lhe Rivotril.
Você tem ideia do tormento que foi me arrumar para aquele almoço?
Sim, você deve ter.
Roupa mais chiquezinha ou mais descolada?
Salto alto ou sapatilha?
Bolsa?
Uso maquiagem? Claro, né Carla!!!!
Hellooooo… 50 anos!!
Paulo ligou perguntando se eu queria que ele me pegasse.
– Não querido. De jeito nenhum. Vou com meu carro.
– Ahhh, já chegou? Que bom… Quer que leve algo? Nada mesmo? Ok..

Mas não fui com meu carro não. Resolvi pegar um táxi.
Fiquei com medo de me perder, de bater, de não chegar.
Moro no Itaim e o Paulo, em Perdizes. Não é tão longe, masssss…..
Você sabe como é mulher nervosa.
Foram os 4 minutos mais angustiantes da minha vida.
Sim, sim, eu sei.. Num sábado sem trânsito este percurso não daria menos de 25 minutos.. Mas nunca uma porra de uma viagem de taxi passou tão rápido.
PQP.
Enfim.
– Chegamos – disse o motorista diante de uma mulher paralisada no banco de trás.
Paguei. Peguei minha bolsa e a garrafa de vinho e os chocolates chiquetérrimos que comprei para hora do cafezinho e me encaminhei para portaria.
– Boa tarde dona Carla. Pode subir. Seu Paulo está te esperando.
– Ahh, obrigada seu Zé. A mãe dele já chegou?
– Dona Mariana? Já sim!!

Não sei porque, mas gelei.
Fiquei pálida.
Percebi que estava suando frio. Devo ter borrado a maquiagem.
Pedi que seu Zé avisasse pelo interfone que eu tinha chegado.
Na verdade, estava ganhando tempo e tentando recobrar o ritmo normal da minha respiração.
Quando minha tontura diminuiu, meu suor secou e o meu batom fixou eu abri a porta do elevador e subi.
Paulo estava na porta me esperando.
Não deixei que ele me beijasse na boca. Na verdade, acho que ele nem tentou.
Segurava minha bolsa de um lado como se ela fosse um escudo antibombas, e os chocolates como se fossem um terço.
Dona Mariana estava nos esperando na sala com um largo sorriso.

– Mãe, esta é a Carla.
– Olá, Carla. Já ouvi muito falar de você.
– É um prazer finalmente conhecê-la – disse dona Mariana com o mesmo largo sorriso e com os beijinhos tradicionais.
Muito carinhosamente me convidou para sentar num sofá que eu tanto conhecia.
Disse que amava chocolates, e que aqueles eram especiais.
Fui ficando um tiquinho mais à vontade.
Paulo, obviamente, dono da situação ou pelo menos dono do espaço se movimentava pelo apartamento me servindo uma coca zero, entrando e saindo da cozinha vigiando seu risoto. Mas percebi nele também uma leve tensão.
Mas o papo fluiu.
Fluiu bem.
Falamos amenidades.
– Agora entendo porque o Paulo é tão maduro e culto, dona Mariana.
– Dona? Dona não, vai… Mariana

Senti que ela parou a frase de sopetão. Senti que ela se reprimiu.
Tenho certeza que faltou o “afinal somos quase da mesma idade”…
Tenho certeza!!
Ou será que foi nóia?
Foi nóia. Claro!!!
Estava sendo super bem tratada.
Me sentindo quase que acolhida.
Bom.
Almoçamos.
E a conversa continuou amena.
Pairava no ar talvez um quase imperceptível desconforto.
Talvez um cuidado excessivo.
Não sei.
Mas normal para pessoas que se conhecem.
Sobremesa.
Cafezinho. Chocolates.
Começou a faltar assunto.
Então bora falar do tempo, né?
– Nossa, mas como está quente, não?
– Este verão está especialmente quente, vocês não acham?
– E dizem que Ribeirão Preto é ainda pior, não é Mariana!! Como você aguenta?
– Ahh, Carla. Fica pior nesta nossa idade. Mas depois de um tempo, nós nos acostumamos com a menopausa e os calores diminuem.
Silêncio…………………………………..
Acho até que meus olhos chegaram a marejar.

Mais Episódios da Série:

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

9 Comentários
  1. Que coragem! Fiquei me imaginando nessas situações, não consegui me inserir nesses contextos….deu medo….mas, que privilégio o seu, poder viver uma história dessas…maravilha.

  2. Maravilha, e qdo sai o prox capítulo? Me identifiquei Muito, me voltar no tempo lembrando alguém muito especial q por medo e insegurança mandei embora d minha vida…

  3. Eu tenho 50 anos e o meu marido 36 estamos juntos a 15 anos , quando nos conhecemos eu tinha 36 e ele 22 , mas isso nunca foi um problema pra nós e foi e é Ele quem tem as responsabilidades financeiras em casa

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Com chip ou sem chip, coisas acontecem

Separação depois de 25 anos de casamento. Quem lembra como é namorar? Passa um ano e junto com a tristeza vem um esplendoroso sentimento de liberdade. A descoberta do que é viver sozinha. A alegria dá até vergonha. Afinal, era para continuar de coração partido, não é?

Chega o segundo ano. Aparece uma inquietação no corpo e uma certa melancolia no coração. O que será que dá dentro da gente?  Nunca mais aquele frio na barriga?

E surge a constatação de que é preciso reaprender a namorar.

A gente olha em volta e começa a prestar atenção nas histórias de quem encontrou o par perfeito no Par Perfeito.

Hum! Não vai dar. E a vergonha de se expor, a preocupação com a privacidade? E se alguém descobrir? Um dia, uma amiga experiente faz um comentário que desmistifica os receios. Vamos tentar.

Dizem que não se deve fazer nada na internet depois de três cervejas, mas quem segura? Lá estamos nós no site de encontros, cadastro feito, descrição bem escolhida, nada de foto. E começa a espera.

Surge um, surge o segundo, o terceiro. São poucos pra quem achava que haveria uma enxurrada de pretendentes na mesma situação. O primeiro é o que dá mais química.

São conversas intermináveis pelo sistema de mensagem (aquele que a Microsoft comprou, lembra?). As conversas sempre terminam com muita malícia. Oh! Céus, onde aprendemos a escrever assim.

Dois meses depois vem a proposta para um encontro cara a cara. Sensação de adolescente indo para o primeiro date. Que roupa usar? Clássica ou descolada? Está muito decotado? Escolher uma mais comprida? Cafezinho, happy hour ou jantar? Ir ou não no embalo?

Quer saber, dá tudo certo! Surge mais um e aparecem outros e vamos lá. O plano não era esse mesmo, reaprender a namorar? Quando vê, está administrando uma carteira de seis sujeitos. Uns, frequentes, outros aparecem de vez em quando, uns querem uma coisa, outros só ter uma companhia para dançar.

Sabe o mais legal dessas histórias? Conhecer pessoas fora do nosso círculo e descobrir que tem gente interessante em qualquer meio ou profissão.

De repente, a gente percebe que ficou esperta, aprendeu. Convidou? Tá aceito, sem problema, vamos conhecer. Pisou na bola, teve chilique? Tá fora.

Assim se passa quase um ano. Você nunca pensou que aprenderia a namorar sem se apaixonar e muito menos quebrar o coração. Isso é ficar? A vida corre despreocupada.

Um dia, vai à uma singela festa de aniversário de uma amiga. Domingo, chácara, feijoada, muita família, música. Nenhuma intenção extra.

Chega lá, você faz uma brincadeira inocente com um convidado. Ele dá bola. Daqui a pouco te puxa pra dançar. Não desgrudam o resto da festa. A conversa parece de amigos antigos (Velha infância). Troca de números, um beijo escondido.

E assim começa a história de duas pessoas, do jeito que a maioria dos namoros acontece há alguns séculos. Nenhum chip envolvido.

A moral da história também é velha conhecida – cabeça aberta e coração generoso são bons atrativos para a sorte no amor.

Ah, a Ju Junqueira fez uma lista esta semana dos apps e sites de relacionamento mais bacanas para uma Dominique. Você viu? Tá aqui.

Inês Godinho

Jornalista, brasileira, ciente das imperfeições e das maravilhas da vida. Contradições? Nada causa mais sofrimento do que um texto por começar e não há maior alegria que terminá-lo.

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