Cinema

Em belo momento do cinema, Sete Minutos Depois Da Meia Noite emociona e encanta o espectador

Com estética primorosa, Sete Minutos Depois da Meia Noite tem como base em seu enredo o uso da fantasia para tratar da tristeza.

O protagonista, Conor (Lewis MacDougall), é uma criança que precisa enfrentar dois grandes problemas na sua vida: bullying na escola e familiares que não conseguem dar o afeto que ele deseja. Ele tem um pai ausente, uma mãe (Felicity Jones) em fase terminal de uma grave doença e uma avó (Sigourney Weaver) muito severa e nada carinhosa.

Tentando lidar com a aproximação de uma perda tão grande, o garoto começa a imaginar a visita de um monstro gigante que lhe contará três histórias e, ao final delas, uma cura irá aparecer. Mas para isso Conor deverá revelar um segredo que ele não ousa dizer em voz alta nem para si mesmo.

Como lidar com o luto

Utilizando uma estrutura que lembra um filme de fantasia em diversos momentos, com direito a diversas cenas em animação, o diretor espanhol J.A.Bayona nos apresenta uma tocante história sobre como lidar com o luto. Conor está naquela fase em que é “velho demais para ser criança e jovem demais para ser adulto”, fazendo com que até as pessoas ao seu redor não saibam direito como lidar com a situação.

Enquanto a mãe tenta a todo custo dar esperança ao filho, a avó acaba assumindo um papel mais ríspido na vida do garoto. Não porque não o ame, mas por saber que, muito em breve, ele vai precisar enfrentar a realidade.

Tendo que escolher entre encarar a realidade como um adulto, ou se agarrar em falsas esperanças como uma criança, Conor acaba optando pela segunda opção. Assim, ele abraça a amizade com o monstro e deposita nela a esperança de encontrar uma cura milagrosa para a mãe.

O interessante das aparições do monstro é que, agindo como uma espécie de subconsciente do garoto, as histórias que ele conta nunca têm um final feliz. Com isso fica claro que o próprio Conor entende a gravidade da situação da mãe, mesmo que ainda não consiga admitir para si mesmo.

O jovem ator escocês Lewis MacDougall encarna com grande desenvoltura, deixando transparecer de modo comovente as dores do personagem – a dificuldade em admitir a verdade, o sentimento de culpa – durante sua jornada de crescimento. O nível de atuação do ator-mirim é mantido pelo elenco adulto que compõe o núcleo familiar.

Sete Minutos Depois da Meia Noite

Outro trabalho de destaque é o de Liam Neeson, que dá voz ao monstro, conseguindo com seu timbre imponente ir do amedrontador ao afetuoso. A fascinante criatura é o elemento fundamental da construção do universo lúdico do longa, principal mérito da direção.

Sete Minutos Depois da meia Noite é uma daquelas gratas surpresas do cinema. Um filme que lida com a dor de uma família, focando na da criança de forma fluida, sem fazer do excesso de drama uma necessidade.

Com deslumbrantes seqüências em animação, fortes atuações, roteiro conciso que sabe exatamente aonde quer chegar e uma direção que enaltece cada seqüência de forma poética e intimista, o filme consegue atingir o espectador em cheio, lidando coma dor de forma adulta, ainda que utilize o campo da fantasia, demonstrando o quão difícil é aceitar a perda.

Lindo demais!

Amei!

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Aliados: o espião que sabia de menos, disponível no Netflix

Hoje minha indicação é o filme “Aliados”, que se passa em Casablanca, onde o espião canadense Max Vattan (Brad Pitt) e a francesa Marianne Beausejour (Marion Cotillard) se conhecem para a missão de matar um embaixador nazista. Eles precisam se passar por um casal e, naturalmente, se apaixonam. 

Na segunda metade, os dois estão morando em Londres, com uma filha pequena. Tudo vai bem até que Vattan descobre que Marianne pode não ser quem ele pensa.

O longa começa no deserto marroquino, numa hábil e linda composição entre computação gráfica e realidade. Logo entra um letreiro afirmando que o filme se passa na década de 40 durante a Segunda Guerra. A dupla de espiões Max e Marianne se encontra num suntuoso bar, toca Jazz, poderia estar tocando As Time Goes By. Esse início de filme possui por si só muito material para a cinefilia, impossível não se lembrar de filmes como Casablanca, clássico absoluto da década de 40.

Como um filme clássico

Mas desde a primeira cena de “Aliados”, o diretor Robert Zemeckis deixa claro que seu projeto é justamente ir de encontro a esse desafio. “Aliados” não é uma revisão contemporânea do cinema clássico. É um filme clássico feito com ferramentas contemporâneas.

Zemeckis optou por uma narrativa clássica, em que esse jogo serve apenas para alimentar o romance e depois o suspense. Dentro dessa opção, “Aliados” não é “Casablanca”, mas sim uma obra bem sucedida, que nos faz acompanhar com emoção e surpresa o destino dos personagens.

Assim o longa mistura amor, drama e suspense num filme que ultrapassa esse gênero de forma fluida, tendo sua força na presença do casal de protagonistas.

Marion Cotillard é um espetáculo em cena. A atriz é quem eleva em todos os sentidos essa produção. A francesa é uma atriz do olhar, em que seus olhos dizem ou escondem tudo de sua personagem. 

Ambientar uma trama historicamente nem sempre é fácil e “Aliados” não deixa nada a desejar na reprodução dos cenários da histórica e charmosa Casablanca. Os carros, as casas, e, principalmente o figurino, são caprichadíssimos.

O figurino foi indicado ao Oscar, e não levou a estatueta injustamente. Mas é apenas esplêndido, rico em detalhes, atento com os tecidos, e maravilhoso em variedade. As camisolas e vestidos de Marion são de tirar o fôlego, como também os trajes de Pitt, simplesmente chiquérrimos.

Experiente o diretor conseguiu trazer um belo dinamismo para as cenas. O resultado é um filme de duas horas que passa voando e você nem percebe.

Filme recomendado para você que curte histórias que se passam durante a guerra, drama, romance, e aquele tom de suspense temperado com uma boa trilha sonora.

Bom programa para você nesse feriadão.

Confira o trailer

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1 Comentário
  1. Silvana disse:
    Seu comentário está aguardando moderação. Esta é uma pré-visualização, seu comentário ficará visível assim que for aprovado.
    Gostei do comentário!

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Madame Bovary em bela adaptação do livro para o cinema

Hoje eu comento o filme Madame Bovary, obra adaptada do romance de Gustave Flaubert, um clássico da literatura francesa, publicado em 1857. O longa conta a história de Emma, uma mulher sonhadora, criada no campo e cheia de influências religiosas em sua formação. Emma aprendeu a ver a vida através da literatura sentimental.

Bonita e requintada para os padrões provincianos, casa-se com Charles Bovary, um médico do interior tão apaixonado pela esposa quanto entediante. Emma, cada vez mais angustiada e frustrada, ao sentir-se presa, busca no adultério uma forma de encontrar a liberdade e a felicidade. Apesar da intensa procura de uma vida plena, não consegue sentir-se satisfeita com o que é e o que tem, travando uma luta constante contra a melancolia. 

A mulher no século XIX

O livro foi lançado em uma França altamente tradicionalista, conservadora e de pensamentos políticos radicais. Uma mulher que cometesse adultério era considerada uma marginal. Recebia o castigo do isolamento e não tinha direito a nada. O escritor foi julgado por violar preceitos morais, religiosos e públicos.

Algumas versões dessa obra já foram produzidas com muito sucesso, porém nessa versão de 2015, a diretora Sophie Barthes destaca as partes mais importantes do livro e se aprofunda neles.

Madame Bovary é o terceiro filme de Sophie, que também produziu e fez a adaptação do roteiro com muita propriedade e domínio da transição da linguagem literária para a cinematográfica.

Sophie nos mostra uma Bovary humanizada, mais de acordo com os devaneios românticos em que ela vivia. Emma era uma leitora compulsiva das obras do romantismo onde os autores retratavam amores trágicos, as paixões e as emoções intensas.

Belíssimo o figurino que associa o guarda-roupa ao estado de espírito e ambições da protagonista, como também de extremo requinte direção de arte e fotografia.

Madame Bovary é sem dúvida um belo retrato do caos que o tédio pode causar em uma pessoa que desde cedo foi consumida pelo perigo da ingenuidade e ilusão.

O longa merece ser visto pela beleza do conjunto da obra. Mesmo para quem não leu o livro pode se comover com essa adaptação.

Aqui fica a dica.

Depois conta para mim o que achou.

Assista o trailer

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Mary Shelley: com direção sensível, longa conta a história da aclamada escritora que deu vida ao personagem Frankenstein

A cineasta Haifaa Al-Mansour, a primeira saudita a filmar em Hollywood, recriou o contexto histórico e um importante período da vida de uma das grandes escritoras britânicas da história, a criadora do clássico Frankenstein, Mary Shelley, que dá nome ao filme que escolhi para comentar hoje.

Mary Shelley teve um importante valor na literatura ao publicar um livro de tanto sucesso, uma vez que o gênero (e em muitos casos a própria escrita) era restrito aos homens. 

O longa nos apresenta a Mary Godwin (Elle Faning), uma jovem de dezesseis anos que escapa de suas tarefas domésticas para ler livros de terror. Por divergências com a madrasta, ela é enviada à Escócia, onde conhece o jovem e interessante poeta Percy Shelley (Douglas Booth), por quem se apaixona. Não demora muito até Mary descobrir que Percy já era casado e tinha uma filha, mas isso não a impede de seguir seus ideais de liberdade e paixão pelo poeta.

O sentimento de abandono é constantemente presente na vida de Mary, reforçado pelos descasos do poeta, o fato de ela não ter conhecido a mãe, que morreu poucos dias após seu nascimento, a vergonha do pai quando ela fugiu com o futuro marido.

A criação de Frankenstein

A diretora mostra detalhadamente como suas alegrias, dúvidas e angústias serviram para a criação de seu Frankenstein. E mostra também a luta de uma mulher contra o preconceito de uma sociedade que não apenas se recusava a reconhecê-la como autora, mas também se escandalizava diante de suas idéias muito a frente de seu tempo.

Todas essas variáveis, além de outros personagens que apareceram na vida de Mary, influenciaram a escritora a explorar suas emoções, escrevendo sem medo sobre a solidão e os monstros que enfrenta. Seus medos viram personagens, sua defesa são suas palavras. 

Um dos pontos fortes do filme é, sem dúvida, a ótima atuação de sua protagonista, Elle Faning. A Mary interpretada por ela retrata muito bem uma rebeldia contida através de um semblante sério e ações racionais, mesmo diante da loucura que seu mundo se tornou. E com muita delicadeza mostra a coragem, marca maior dessa mulher que chocou sua época.

Belo!

Muito bom!

Trailer

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Instigante, série belga Tabula Rasa trabalha um poderoso jogo de memória

Com clima carregado e sombrio, a série belga Tabula Rasa pode ser uma ótima surpresa do catálogo da Netflix.

Tabula Rasa inova por mesclar suspense, drama e terror psicológico de forma contundente e por ter, acima de tudo, um protagonista que se sobressai aos seus personagens: a mente, ou mais especificamente, a amnésia. Uma vez que você não é capaz de confiar em seu cérebro, como distinguir o que é real da fantasia?

Esse é o grande ponto de Tabula Rasa, que leva o espectador pelos caminhos tortuosos da mente da personagem principal, alterando entre o momento presente, flashbacks, alucinações e pesadelos. E, principalmente, fazendo com que a confusão proposital entre estes momentos torne sua trama pouco previsível.

A trama mostra a vida de Mie que é todo o dia uma página em branco desde que sofreu um acidente de carro e perdeu parte da memória. Como se isso já não fosse difícil o bastante, ela acaba internada em uma instituição psiquiátrica por ser a principal suspeita no desaparecimento de um homem. Mie foi a última pessoa a ser vista com ele, mas ela não tem a menor idéia de quem seja.

A história vai sendo narrada em dois tempos.

Ao mesmo tempo em que vemos Mie no hospital psiquiátrico nos dias de hoje, também temos flashbacks dos últimos quatro meses de sua vida: a relação com o marido, o dia a dia com a filha, as dificuldades causadas pela perda de memória, e principalmente, sua rotina desde a mudança para a casa de seu avô – perfeita casa mal assombrada de filme de terror.

Barulhos estranhos à noite, objetos caindo, portas batendo. Não dá para saber se isso acontece por algum motivo sobrenatural ou se tudo é da cabeça da protagonista.

A cada episódio surpresas são lançadas na tela e cada informação funciona como uma peça desse intrigante quebra-cabeça. E cada reviravolta contribui para o crescimento da empatia pela protagonista e do interesse pela série, que jamais permite que alguém consiga antecipar muitos dos seus mistérios.

Em atmosfera de tensão os primeiros episódios são bem confusos, nos deixando na dúvida o tempo todo. Mas é na metade da série que uma revelação fundamental para o entendimento das coisas acontece. Não dá para imaginar o que está por vir.

A atmosfera sombria e a fotografia predominantemente escura dão todo o clima de apreensão que comanda a série.

As atuações também são ótimas, dando vida aos personagens perturbados e imperfeitos, com destaque também para Benoit, o marido da excelente Mie, e sua mãe Rita.

A série mostra uma produção excepcional, com um roteiro cheio de reviravoltas e revelações que prometem colocar à prova os nervos de quem a assiste.

Tabula Rasa, sucesso entre o público na TV Belga, busca chocar e fazer o espectador maratonar os seus nove episódios rapidamente.

Preparada para tudo isso?

Se estiver ótimo programa para você.

Aqui fica a dica.

Trailer

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