Tag: Viagem

Feriado só com mulheres? Nossa Senhora Aparecida que me salve!


Dei minha palavra no ano passado que levaria minha filha e suas amigas para Maresias no feriado de Nossa Senhora Aparecida.

Uma amiga, Madre Marisa de Calcutá, relembrou da minha declaração e como palavra é dívida. Lá fui eu.

Nunca fui chegada a programas de índio. Caio vez por outra numa roubada, raras vezes consciente de onde estou me enfiando. Neste feriado eu sabia, não posso alegar ingenuidade, muito menos ignorância.

11 garotas. 2 mães abnegadas. Uma no papel de mocinha (linda e paciente). A outra, o bandido (eu, nem tão linda, nem tolerante).

Tirei meu passaporte na FUNAI, resgatei o kit indígena inflável – cocar, tacapi, arco e flecha – e demos início aos preparativos.

O principal era estabelecer regras para um convívio pacífico entre 13 pessoas durante quatro longos dias. Duas delas foram inegociáveis e deram certo – sem bebida alcoólica em exagero (nada de PT) e hora de buscar no ponto de encontro – até quatro da manhã – previamente combinados, todas estavam no local. Bonitinhas.

Não demorou para descobrir que seria uma missão impossível colocar as garotas e suas malas nos três carros. Se elas pegaram recuperação em Física, este feriado foi o melhor método de ensino – dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo.

Alugamos uma van para levar as amostras de peruas e as duas mães, relativamente responsáveis, cada uma em seu carro, pegaram a estrada com quilos de malas lotados com os mais variados modelitos para os passeios da tarde e as baladas noturnas, fora cobertor, lençol, toalhas e bichos de pelúcia. Sim, bichos de pelúcia.

Duas horas e meia para sair de São Paulo em meio a uma tempestade, somados ao tempo de estrada, sete horas e meia depois chegamos à casa alugada, carinhosamente apelidada de cafofo.

Dividimos os quartos antes da viagem para evitar confusão. Ledo engano. Chegaram, mudaram tudo e fizeram de um dos aposentos um grande closet. Claro que depende do ponto de vista denominar o local como um closet, está mais para muquifo.

Para chegar à minha cama calcei nestes 4 dias uma galocha com o intuito de me proteger de qualquer picada naquela zona, cobra seria uma das melhores surpresas.

No chão do quarto tinha comida, sapatos cheios de areia, roupas do dia, da noite, pijamas, celulares, secadores de cabelo, chapinhas, pares de meia descombinados, papéis de bala, chocolate e até açúcar cristal (bom para esfoliar a pele).

Algumas decidiram ter menos trabalho e eliminaram a possibilidade de dormir com lençol. Para que mesmo? Vamos dormir direto no colchão. Afinal, nem conhecem quem dormiu antes.

Chovia a rodo nos dois primeiros dias. Frio para praia, 15 graus. A sensação térmica era mais baixa. O ponto alto era a escolha da roupa para passear à noite ou para a balada. Confesso que não entendo muito sair de São Paulo, a cidade das baladas, para ir para outra balada na praia.

Cada moçoila levou dezenas de opções de vestidos “papa nicolau” – tão curtos que facilitam o exame. Nenhuma usou sua própria indumentária, mas todas com vestidos ou saias curtíssimas, camiseta regata, salto alto e jaqueta de couro. Perfeito para Maresias. E não são só as 11. Todas na cidade. E quando falo todas, imagine trio elétrico no Carnaval em Salvador. Todos de São Paulo marcaram presença na cidade bucólica.

Todo mundo conhece todo mundo. É um Facebook físico. Encontraram alguns amigos hospedados num local com uma frase esculpida em madeira, MALOKA. Nesta simpática casinha estavam hospedados apenas 16 garotos. Um mimo.

Nos quatro dias foi consumido mais de meio tanque de gasolina para trajetos curtos – da nossa casa até o centro da cidade são aproximadamente dois quilômetros. Foram tantas idas e vindas que perdi a conta.

Paguei minha língua. Sou a rainha da segurança no que se refere à locomoção. Ninguém anda sem cinto de segurança no meu carro. Numa das voltas, felizmente à tarde, uma comoção geral se instalou em plena praia com uma chuva torrencial acabando com a chapinha de todas. Todas precisavam voltar para casa para pegar o dinheiro da balada e dar na mão do promoter, afinal ele é o cara. Para evitar o vai e volta, fizemos uma vaquinha e conseguimos levantar o montante.

Sono e fome me fizeram abrir mão de parte dos meus valores e coloquei 13, apenas 13, no carro. Duas foram deitadas no porta-malas no estilo sequestradas, uma delas com 1 metro e 80. Sete no banco de trás e três no banco do passageiro. Isso por si só já era surreal até que uma digníssima teve a ideia de colocar no último volume um funk lindo, uma poesia digna de Vinícius de Moraes, intitulado Vida Loka.

Resolveram na tarde do último dia ficar um pouco em casa para caprichar no visual da noite que seria inesquecível. Sentadas, uma em cima da outra, assistiram por horas um programa que compete pelo primeiro lugar do pior da TV aberta.

Dormi muito pouco, sai da minha dieta, comi mal, mas valeu cada segundo. Ver a cara de felicidade delas foi divertidíssimo. Um final de semana com uma alegria indígena absolutamente inesquecível.

No fim das contas, o feriado foi um tanto quanto divertido…

Leia mais:

A vida sem internet era muito mais divertida, não acha?
Pratique o bem que a vida pode te retribuir também

Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

3 Comentários

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A Síndrome de Paris afeta turistas no mundo todo. Entenda!

Dominique - Paris
“Por ter sido uma vez Lutèce e por ter-se transformado em Paris… O que poderia ser um símbolo mais esplendoroso? Ter sido lama e ter-se transformado em espírito” Victor Hugo.

É bom saber que nem tudo é perfeito e que este tipo de ilusão pode causar uma síndrome que acomete, sobretudo, os japoneses. A chamada Síndrome de Paris provoca alucinações, sensação de perseguição, taquicardia, suor excessivo, despersonalização…

O turista constrói uma imagem de Paris baseado em fotos perfeitas, homens e mulheres elegantes e felizes, onde tudo parece ser uma espécie de paraíso, mas ao chegar à Paris e perceber que nem todo parisiense é elegante, feliz e gentil e ainda sentindo certos odores, diferentes dos perfumes franceses, entram em choque e chegam a ser hospitalizados.

Obviamente, como toda cidade grande, há contrastes entre o belo e o feio, entre o divino e o profano, entre a elegância e a vulgaridade, entre o sublime e o grotesco.

Há, em alguns momentos, choques culturais.  É necessário ter em mente que Paris não é a cidade mais limpa do mundo, nem o parisiense é o cara mais simpático do mundo, apesar da cortesia. Se estiver consciente disto, ficará longe da tal síndrome.

Como toda grande metrópole muita gente mora nas ruas, há uma vigilância extrema por conta dos ataques terroristas, Paris sofre com as elevações do rio Sena de tempos em tempos e durante o verão idosos morrem desidratados. Não é raro cruzar com pessoas que falam sozinhas e até mesmo discursam enquanto vagam sem rumo. Tudo isto faz parte de sua personalidade marcante.

Como uma das cidades mais visitadas do mundo, às vezes, quando você está para registrar a melhor foto de sua vida, um grupo de excursão surge do nada e sai na foto ocultando o monumento! Há pessoas de todas as crenças, religiões, classes sociais e culturais sendo necessário um exercício de respeito.

Italianos falam alto e gesticulam (até aí você se sente em casa, apesar do francês ficar absolutamente aterrorizado com isto), os japoneses pedem para tirar foto com você, ingleses e alemães são discretos fazendo o possível para se tornarem invisíveis, já os americanos pensam que estão na Disney.

Ah gente, é divertido e não pensem vocês que os brasileiros são os “normais” desta história. Brasileiro tem de todo tipo. Veja se reconhece algum destes:

#deslumbrado 😍 Selfie com emoticons top top top top! Passa o dia produzindo selfies.  Não “tô” criticando, tá? Também faço! Somente não se esqueça de que a atração principal é Paris e não você!

#folgado 😎 Arranca flores do jardim para guardar em um livro qualquer, tira fotos onde é proibido, fala alto, fura filas e não cumprimenta os funcionários do hotel. Você já cruzou com algum?

#esnobe 😒 Ele sabe tudo, visitou tudo, conhece o melhor restaurante, experimentou a melhor comida, degustou o vinho mais caro do mundo, fez a melhor compra e clicou as fotos insuperáveis. Ele diz não frequentar pontos turísticos porque não suporta turista, apesar de ser um deles.

#neurótico 😣 Louvre express para correr para a fila da Torre Eiffel, Notre-Dame a jato para voltar à fila da Louis Vuitton. Degustar o vinho? Não dá tempo, tem a lista da vizinha para checar… Ao sair do hotel precisa ir ao banheiro, imediatamente. Depois de duas horas do café da manhã precisa almoçar, imediatamente. Logo após sair do restaurante do almoço necessita, desesperadamente, ir ao banheiro.

#sem noção 🙈 Ele acredita ser o convidado de honra do chefe de estado. Imagina que os franceses nasceram para servi-lo. É aquele que usa a frase: “Tô pagando”! Ele não foi lá para aprender nada. Foi porque é legal dizer que foi. 👊👊

#afrancesado 😷 “Du coup…” Imita todos os costumes incluindo, até mesmo, tiques nervosos dos parisienses!

#expatriado • Em geral, ao menos os que eu conheço, são muito simpáticos, solícitos, animados, mas já vi muitos que não se consideram brasileiros, falam uma parte em português e outra parte em francês e costumam ter mais sotaque do que o próprio nativo. Não gosta de turistas, gente em geral e, ora vejam, detestam seus conterrâneos.

#hipocondríaco 😱 Não degusta queijos, porque sofre de intolerância à lactose. Não come croissant, porque tem alergia ao glúten. Não embarca no Bateau Mouche, porque o vento causa-lhe inflamação na garganta. Não circula pelo metrô, porque sofre de rinite alérgica. Sai do hotel com chapéu, filtro solar 50, álcool gel, analgésicos, pastilhas para o estômago, sal de frutas, Nebacetin e Salompas.

#felizardo 😪 Está sempre animado, alegre, festivo, sorrindo, curtindo, provando, grato e amigável. Todas as suas hashtags são #gratidão.

Tudo isto pode e deve ser visto também como a riqueza da cidade. A diversidade sempre nos traz um olhar mais enriquecedor e humano para tudo e para todos.

 “Homo sum humani a me nihil alienum puto”
Vamos a Paris!!!
Cynthia Camargo

Formada em Comunicação Social pela ESPM (tendo passeado também pela FAAP, UnB e ECA), abriu as asas quando foi morar em Brasilia, Los Angeles e depois Paris. Foi PR do Moulin Rouge e da Printemps na capital francesa. Autora do livro Paris Legal, ed. Best Seller e do e-book Paris Vivências, leva grupos a Paris há 20 anos ao lado do mestre historiador João Braga. Cynthia também promove encontros culturais em São Paulo.

4 Comentários
  1. Lindo o texto nunca fui a Paris .mais pretendo ir e vou lembrar de todas as dicas que você deu.pretendo ser a turista agradecida.

  2. ahahh…amei o texto, já encontrei todos os tipos aí de cima…Amo viajar, e Paris está entre minhas cidades preferidas…em minha primeira visita á capital francesa, fiquei muito doente, tipe pneumonia e achei que ia morrer lá mesmo, num quarto de hotel em Saint Dennis…achei até um fim romântico para minha biografia….mas não rolou, sobrevivi e voltei outras vezes para conhecer a cidade e me perder pelas ruas deliciosas, passar horas conversando nas mesinhas dos cafés, sentar num banco no Jardim de Luxemburgo e apreciar o por do sol, me perder entre as bancas de livros e discos… me achando a própria parisiense…!!! Ah Paris…Paris!!!

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Viajar é comigo mesma! Pagar micos? Ah, sou expert!

Dominique - Micos
Micos de viagem? Este tema, ao menos no meu caso, daria um livro! Mas vamos ao último deles.

Meu marido tinha uma reunião em Guaratinguetá em uma sexta-feira de manhã. Propôs que eu fosse com ele e, enquanto estivesse em reunião, eu daria um pulo em Aparecida do Norte e depois seguiríamos para Paraty pela serra Cunha-Paraty.

Como eu havia lido, recentemente, um artigo sobre o Lavandário de Cunha, adorei a ideia.

A questão é que para chegarmos a Guaratinguetá a tempo eu coloquei o meu despertador para às 4h30 da manhã.

Completamente bêbada de sono escolhi uma blusinha bem confortável que me lembrasse de meu pijaminha. Olhei no espelho o meu look do dia e confesso que achei algo estranho, pouco confortável, mas achei que fosse o sono.

Cinco xícaras de café depois, decidi que para andar nas pedras de Paraty o melhor seria uma botinha da minha filha. Não me lembrei do preço absurdo que havia pagado (em euros) a tal bota “horrorosa” e cheia de fricotes para limpeza (é, tem que limpar com borracha e lixa de unha para não estragar a camurça). Achei que minha filha não se incomodaria em me emprestar…

Ahhh! Que bom viajar sem pretensão alguma! Para quê perfume, brincos? Pra quê desodorante? Bobagem! Maquiagem, então, para um passeio quase espiritual seria até pecado! Nada a ver. Vou da forma que me levantei da cama!   

E, assim, partimos!

Ao chegar em “Guará” tem início a minha série sucessiva de micos, não sem antes, no posto de estrada, ver ao longe uma moça se espatifando ao chão e meu marido correndo para socorrê-la… Ah é seu… Então percebi que moça era minha filha! ☹

O carro estava com um barulho incômodo e já na porta da empresa, onde meu marido presta serviço, decidi verificar se o escapamento do carro estava solto… Com o pé… Calçando a botinha “carésima” de camurça bege… É amiga, ficou preta! Evidente, né? Não para mim! Esfreguei, joguei água, passei o dedo, as unhas, cuspi e lambi. Então, olho para frente do carro, enquanto lambia a bota, e percebo um senhor ao lado do meu marido me convidando para entrar para um café. Dominada pelo mau humor extraterreno por conta da bota bege-preta, de minha burrice e com medo de olhar para a expressão do rosto da minha filha soltei um “não, obrigada” displicente… Sem saber do meu gênio cão o senhor insiste, desconhecendo o perigo. Agradeço apertando os dentes, quase rosnando, “Não, obrigada(aa)! Outra hora, talvez na volta”.

Segui viagem com minha filha a fim de lhe apresentar a padroeira do Brasil e os mistérios da fé. Já refeita do momento “possuída pelo demo” indaguei à minha filha quem seria aquele senhor simpático que nos convidou para um café… SIMMMMM era o dono! Tipo, somente o patrão do meu marido! Ah tá!  

Em Aparecida, bem incomodada com a bota bicolor de um pé só, pensando na minha grosseria com o senhor simpático, inicio a catequese de minha filha e explico porque metade da população do Brasil se encontrava no mesmo local que a levei passear.

Expliquei o que era uma promessa e sugeri que ela fizesse uma. Ela me perguntou se seria possível prometer “lamber tijolo”! (???????). Isso é o que dá não ter frequentado a catequese. Para desviar o assunto, e não precisar responder, saí pela tangente quando, ao mesmo tempo, o padre que fazia o sermão perguntara quem ali havia conhecido e convivido com o Padre Vitor. Levantei a mão. Minha filha arregalou os olhos, como se estivesse diante da própria Nossa Senhora:

“Mãe!! Você conheceu o Padre Vítor?”

“Não, filha!”

“Está mentindo por que, mãe?”

“Ora, para distrair, filha!”

Seguimos o resto do passeio com mais uma pequena série de equívocos como dizer a ela que na igreja antiga havia um guarda-chuva grudado no teto (me contaram quando eu era pequena) e ao chegar lá não havia nada, mais explicações inexplicáveis das velas em forma de fígado e estômago…

Enfim meu marido ligou dizendo que a reunião havia acabado. Aliviada por terminar o passeio, cheio de indagações sem respostas, senti que havia algo na minha blusa que meio que me enforcava, apertada demais no pescoço, mas não tomei nenhuma providência, de investigar mais a fundo, a não ser leves grunhidos.

Ao reencontrar meu marido ele sugeriu almoçarmos por ali mesmo. Ok! Ao chegar ao restaurante detectei o meu incômodo: além da bota bicolor em um pé só, eu havia vestido a blusa não só do avesso como de trás para frente! A etiqueta com a numeração da blusa estava virada para fora grudada em meu pescoço. Tarde demais!

Assim que me dei conta, do meu look do dia (além da bota suja) e suada por percorrer o pequeno Templo dedicado à Aparecida, percebo o senhor simpático, daquela manhã, vindo em minha direção. Não só o dono da empresa como sua esposa, seus dois filhos e suas noras!

Sim, prometi a Santa lamber tijolo caso ela abrisse um buraco debaixo dos meus pés para que eu pudesse desaparecer!!!

Infelizmente ela não aceitou a proposta e, sem maquiagem, sem perfume, nem desodorante, sem brincos ou cabelo escovado, com a blusa do avesso e de trás para frente e a bota imunda cumprimentei e dei beijinhos em todos (12 beijinhos) que custaram uma vida para terminar. A cada beijinho eu sentia a etiqueta no pescoço e entre um e outro olhava para o meu pé. E como eu olhava, todos olhavam o que eu estava olhando…

Tive uma total amnésia depois dos cinco minutos de papo sobre as belezas de Cunha e Paraty, dicas de restaurantes, cafés e só voltei ao meu juízo perfeito ao chegar à Paraty! Então, foi aí que lembrei que ia visitar o Lavandário! Só que não!

Você também é assim? Comente aqui!
Cynthia Camargo

Formada em Comunicação Social pela ESPM (tendo passeado também pela FAAP, UnB e ECA), abriu as asas quando foi morar em Brasilia, Los Angeles e depois Paris. Foi PR do Moulin Rouge e da Printemps na capital francesa. Autora do livro Paris Legal, ed. Best Seller e do e-book Paris Vivências, leva grupos a Paris há 20 anos ao lado do mestre historiador João Braga. Cynthia também promove encontros culturais em São Paulo.

7 Comentários
  1. Nossaaaaaaaa!!! Amiga isto está mais parecido com filme de terror; . Agora fala sério, sem desodorante!!!???? Miga sua louca .

    1. Achei que não ia encontrar ninguém, rsrsrs! Tava muito frio às 4h30 da manhã e o desodorante é geladinho! 🙁

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Voltando de viagem

Voltando de viagem.
Fim da semaninha de férias.
Olha a dica pras “colegas”!

[fve]https://www.youtube.com/watch?v=ygOjwT5OAz0[/fve]

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

1 Comentário
  1. As vezes é chato mesmo, pior ainda se a viagem é pra praia grande no litoral Paulista. … mas e se esta viagem for o sonho realizado de ano novo? Um pouquinho de empatia pelo óbvio do próximo cai bem né. …

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O Parisiense

Você com certeza já foi a Paris. Mas conhece o parisiense? Este cidadão tem muitas peculiaridades, e este texto vai desvendar algumas delas. Para conhecer bem Paris, há de se conhecer seu morador.

Elementar, meu caro leitor, lembrar que este texto é uma generalização bem humorada, como aquelas de que brasileiros são alegres e gostam de Carnaval.
Dito isto, esqueça todos os pontos turísticos de Paris.
Pode esquecer pensando que irá andar em meio a parisienses. Não há nenhum exemplar na Champs-Élysées.

O parisiense é chique de berço. Naturalmente elegante não necessita de muita produção.
Um foulard usado por homens e mulheres é o acessório mais utilizado que confere cor e emoldura o rosto.
Um excelente par de óculos e um trench coat de corte perfeito podem ser utilizados na produção.
Sem ser uma questão de gosto ou preço os parisienses não ostentam.
A elegância, para eles, é saber compor o look.
Consomem roupas e acessórios de marcas, mas pelo fator qualidade. Uma bolsa Louis-Vuitton, por exemplo, é adquirida porque não risca, não descasca, não deforma e pode ser vendida em bom estado, sem perder seu valor.
A vaidade está no intelecto e a importância está no “ser” ao invés do “ter”.
Ser elegante faz parte deste código.

Não são adeptos ao botox.
Já a silhueta é um fator muito importante. Apreciam muito a boa gastronomia, mas nunca mais do que o peso ideal.
O café da manhã é apenas café.
Já o almoço e jantar são compostos por entrada, o prato principal, o queijo e a sobremesa.
Para acompanhar, vinho! Sempre!

O parisiense descomplica a vida quando o assunto é locomoção.
Andam muito. Fazem tudo o que podem a pé. Usam e abusam do metrô, ônibus e até mesmo da bicicleta.

O entretenimento é cultural. Exposições, óperas e museus e são absolutamente viciados em leitura. É um hábito criado desde cedo e um dos maiores prazeres, além da boa gastronomia.
São bem informados sobre política e tem posições muito firmes, apesar de discutirem sem paixões como os brasileiros.

Criticam tudo, de política ao aquecimento global, da firma ao Presidente da República e nem mesmo você escapa.
A crítica, o que para eles é apenas uma observação, é feita naturalmente ainda que pouco gentil como: “Oh lá lá, você engordou!” Porém, assim que você se afaste da roda da conversa, eles não falarão mal de você, já que falar mal de você sem você não tem a menor graça.

Metade dos parisienses vive em pequenos apartamentos de dois cômodos e mais de 80% usam transporte coletivo.
Quase a metade dos parisienses é solteira. Por isto, não compram muita coisa no supermercado. O Carrefour (ao estilo hipermercado) mais próximo é na estrada.
Flores em casa são indispensáveis.

Não possuem área de serviço em casa ou no apartamento.
A maioria dos fogões funciona com energia elétrica e toda casa possui calefação.
A máquina de lavar/secar roupas fica na cozinha ou no banheiro e não existe tanque. Pisou onde não devia? Vai lavar o sapato na pia (da cozinha ou do banheiro). Alguns prédios possuem lavanderia comunitária caso contrário se carrega a trouxa até a self service mais próxima; Prédios não possuem portaria e nem porteiros.

Em casa, geralmente, o WC é separado do banheiro que é chamado de sala de banho. O vaso sanitário fica isolado em um micro cômodo; Em alguns edifícios este WC está localizado no corredor social e é compartilhado com o vizinho. Para lavar as mãos, depois de usar o WC, deverá se dirigir à sala de banho para usar a pia.
Tiram os sapatos ao entrar em casa.

Se for hóspede de um francês não discuta a norma de dormir na cama dele, nem que isto signifique que ele durma no chão.
O melhor lugar da casa é sempre para o hóspede.
Se for convidado para um jantar é o anfitrião quem deve apontar os lugares à mesa e ele sempre separa os casais.
Se for convidado a se sentar à direita do dono da casa saiba que isto significa que você é o convidado de honra.

Conhecem os 1000 tipos de queijo.
Acontece o mesmo com os vinhos.
Não, não fazem cursos!
A impressão é que já nascem sabendo.

Pão também é uma coisa muito séria.
Parece que há um tipo de pão para cada tipo de queijo e, ao sair do trabalho, dois lugares são obrigatórios antes de ir para casa: um happy hour para “un verre” (um copo = um drinque) e a boulangerie para chegar a casa com a baguette.

Cumprimentos são feitos a base de dois beijos e os homens também se beijam, caso sejam conhecidos.
Os mais velhos ainda se cumprimentam com quatro beijos.
Se não conhece seu interlocutor um aperto de mão está ótimo.
Nada de abraços nem mesmo em seu marido, pai, filha. Não gostam. Não existe no dicionário francês a palavra abraço.

A formalidade é uma questão de educação e respeito. Mesmo que esteja se dirigindo a uma criança, se não há intimidade, o tratamento se dá por “vós” (vous) “senhor”, “senhora” e nunca um simples e íntimo “você” (tu), a não ser que seu interlocutor lhe dê a autorização para dispensar a formalidade.

Estão sempre com muita, muita pressa! Todos.
Quando atendem ao telefone, logo depois do “alô”, já avisam que estão sem tempo e superocupados (Não se incomode, é praxe, vá em frente).
O guia de Paris, da Louis Vuitton, caracteriza o parisiense como “pressé (apressado); stressé (estressado); très ocupé (muito ocupado); debordé (ao pé da letra, transbordado)” Síntese perfeita!
Andam nas ruas muito rapidamente, quase correndo, e é difícil acompanhar a maratona.

Seu slogan, surgido no final dos anos 60, é “Métro-Boulot-Dodo” (metrô-bulô-dodô) que quer dizer: Metrô de manhã, trabalho à tarde, dormir à noite como um resumo da vida de um parisiense.
Falam baixo, sempre, mas também “bufam” o tempo todo.
Bufe e será aceito no grupo.

Se não gostar do serviço em algum lugar, não reclame a não ser que esteja disposto a travar uma batalha.
Do contrário, faça como os parisienses deixando apenas uma moeda de dez centavos e o garçom entenderá o seu recado;

Falando em garçom, eles não servem o refrigerante com gelo e a bebida nunca está, de fato, gelada.
Então você pede gelo (glaçon) e, talvez, limão (citron). É quando você percebe, na expressão do rosto do garçom, que nuvens negras estão se formando… Ele volta com uma única pedra de gelo e bem pequena de limão siciliano.
Eu diria para deixar pra lá até a hora do cafezinho, que chegará acompanhado de um único e pequeno torrão de açúcar (não há açúcar em pó).
E só. Adoçante? Raramente vem junto com o café.
Então você chama o garçom e pede o “sucrette” (adoçante) e aquelas nuvens, que você viu formando-se no semblante do sujeito anteriormente, lançam raios.
Não dá para andar com gelo na bolsa, mas o adoçante dá para comprar no mercado e evitar tempestades: sugiro a marca Canderel.

Apesar do estresse (que não é estresse para eles) e do corre-corre, sobra disposição para um happy hour depois do trabalho, seguido de uma exposição, esticando a noite em uma balada.
Ar livre para eles é uma questão de sobrevivência.
Detestam ar condicionado e ainda que o sol esteja a pino, e o calor fazendo transpirar sangue, suor e lágrimas, preferem a mesa ao ar livre para almoçar, bem aquela onde bate mais sol.
Todos saem em férias em Julho e Agosto.
Todos.
Isto é sagrado. Muitos estabelecimentos colocam uma placa a porta avisando que estarão fechados o mês inteiro, sem a menor cerimônia.
É tão natural e tão comum aproveitar o verão que quando você estiver saindo de um estabelecimento, nesta época do ano, ao invés de dizer apenas um “au revoir, merci” ainda lhe desejam “Bonnes Vacances“, já que é improvável que você, em algum momento do verão, não vá viajar para algum lugar…

Voltando ao assunto dos cumprimentos, não se inicia uma conversa com um simples “s’il vous plâit” (por favor)…
Antes disto deve-se dizer: “Bonjour Madame/Monsieur”.
Também sem chance de terminar uma interação com um simples merci (obrigado), mas sim: “Merci Madame/Monsieur! Au revoir (até logo), bon aprés-midi (boa tarde) ou bon fin de la journée (bom final de jornada).
Quanto à questão dos diversos significados de “Boa Noite”:
Ao chegar a algum lugar a partir do final da tarde o cumprimento é “Bon Soir” (Boa Noite).
Ao se despedir à noite, mas não muito tarde, como se a pessoa fosse sair para jantar, por exemplo, deve-se dizer “Bonne Soirée” (Boa noite ou boa noitada)!
O cumprimento final da noite, ao se despedir tarde, na hora de se recolher, “Bonne Nuit” (Boa noite!).

Lá eles não “viajam na maionese”, mas, em compensação, “nadam no couscous”.
Ao invés de fazer algo com “o pé nas costas” fazem algo, facilmente, com “os dedos no nariz”.

Finalmente e resumindo a questão, apesar da pouca habilidade para o improviso e o excesso de formalidade protocolar e correria, o parisiense se relaciona bem com o hedonismo, pois sabe apreciar e desfrutar as boas coisas da vida com uma elegância fora do comum!!
Incoerência? Sim, faz parte do charme!

Repito que não são todos assim, mas digamos que muitos contêm traços de uma ou outra característica apresentada.

Também ambientado em Paris, na semana passado, Elzinha escreveu sobre Reset, o novo balé da Ópera de Paris. (aqui)

 

Cynthia Camargo

Formada em Comunicação Social pela ESPM (tendo passeado também pela FAAP, UnB e ECA), abriu as asas quando foi morar em Brasilia, Los Angeles e depois Paris. Foi PR do Moulin Rouge e da Printemps na capital francesa. Autora do livro Paris Legal, ed. Best Seller e do e-book Paris Vivências, leva grupos a Paris há 20 anos ao lado do mestre historiador João Braga. Cynthia também promove encontros culturais em São Paulo.

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