Destaque

Sentindo calores com muito bom humor. Veja 12 dicas infalíveis!

Dominique - Calor

# 1
Nunca pergunte para a pessoa ao lado se ela está com calor. Ela não estará.

# 2
Farmácias ou lojas com ar-condicionado ajudam! No desespero, entre em uma loja e finja que está comprando algo. Fique até o calor passar.

# 3
Está em casa? Abra o freezer e coloque a cabeça dentro ajuda bastante.

# 4
Sabe aquelas compressas de gelo para tratar torção de pé. Tenha uma… Não… Várias… Pra colocar na cabeça, pescoço, rosto, peito…

# 5
Invente um nome… você pode precisar alertar alguém para não cair em enrascada (veja o post Caminhos Cruzados).

# 6
Se estiver decidindo um lugar para tirar férias as opções são: se for em dezembro, no Canadá, se for em julho, na Patagônia. Ah, pense até em começar a esquiar… Ou não.

# 7
Fique de olho nas liquidações de jogo de cama 100% algodão. Você vai precisar de um por dia. Melhor, né!

# 8
Nunca e quando eu digo nunca, é nunca mais mesmo, saia com uma roupa que você não possa tirar. Nunca saia com um blazer sem nada embaixo. Nunca saia com um casaco para disfarçar a blusinha justa que marca os pneus.

# 9
Gola rolê, olímpica ou o nome que inventarem para isso agora é só para europeias. Querida, você consegue imaginar aquela coisa esquentando o pescoço?

# 10
E lã? Acho que nunca mais na vida comprarei uma peça de lã. Só de pensar em uma malha em contato com a minha pele já começo a me coçar.

# 11
Existem prioridades de gastos em uma família. Todos sabemos disso. Talvez seja tarde para eu te falar isso. Mas se você tiver uns 40 anos coloque na lista, nem que seja em 10° lugar, o tal do AR-CONDICIONADO. No seu quarto. Só no seu quarto!

# 12
Ok… Não rolou o ar-condicionado. Sabe aquele borrifador de água? Então, antes de dormir, borrife água no lençol e no travesseiro. Mas apenas borrife, não ensope a cama e nem o lado do parceiro, né? Só o seu.

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4 Comentários
  1. Achei que iriam sugerir um chazinho ou um remédio qualquer mas tudo bem…
    Até ri com algumas!
    kkkk

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MeNoPaUsA: uma palavra carregada de estigmas!

Dominique - Menopausa
Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa.
Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa.
Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa.

Não é porque vou repetir mil vezes essa palavra que me livrarei de seus significados nefastos, sem falar nos sintomas.
Você está oficialmente na menopausa 12 meses após parar de menstruar. Este é o fato biológico.
Agora, vamos aos significados.
Mas que significados?
Ah, de que a mulher na menopausa, acabou.
Ficou velha.
Não serve mais.
Que agora o negócio é ser avó e cuidar de netos.
Que sexo é… Sexo? Ela não deveria nem pronunciar essa palavra.
Sériooooo, amiga.
É isso que o inconsciente coletivo GRITA quando escuta a palavra MENOPAUSA.
Você pode ser a clone da Nicole Kidman com o corpão da Luiza Brunet. Se contar que está na menopausa, acabou.
Vão te olhar como se fosse a Dona Benta.

A mulher Menopausada (existe até esta qualificação) carrega uma série de predicados pejorativos já determinados e pré-existentes.

Enfim…Dominique - Menopausa
Tabu. Dos piores. Quer ver?
Faça uma experiência.
Saia você, seu marido/namorado/companheiro com mais um casal. Mas um casal de amigos que vocês tenham bastante intimidade.
Em certo momento, puxe o assunto da menopausa. Mas encha a boca para falar menopausa… Você verá o constrangimento dos rapazes. Eles olharão para baixo, tentarão mudar de assunto, farão alguma piadinha provavelmente grosseira ou condescendente…

Uma amiga outro dia, sentou na cama e falou:
– Afff, que calor insuportável. Acho que deve ser a menopausa chegando.
Disse que o marido imediatamente sentou ao lado dela, fez cara séria e perguntou:
– Você quer falar sobre isso? Está bem? Podemos conversar…
Fofo… Mas uma reação completamente exagerada para um comentário tão banal.

Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa.
Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa.
Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa. Menopausa.

Agora vamos aos sintomas.
Os sintomas todos, até onde sei, sentimos é na pré-menopausa, no famoso climatério. Que, aliás, rima com cemitério. Não é um horror?
Climatério na verdade é um período de grandes impropérios.
Preciso falar deles?
– Calores, mau humor, bom humor, mau humor, bom humor, insônia, peso, peso, peso… Ahhh, está tudo no vídeo. (AQUI)
Mas meninas, tenho boas notícias!
Nós mudamos.
Nós podemos tomar remedinhos mágicos.
Nós podemos fazer tratamentos bacaninhas.
Nós podemos um monte de coisas até para aquelas que não podem tomar remedinhos.

E quer saber, climatério hoje em dia tá rimando mais é com adultério, tá?
Brincadeiraaa. Desculpem-me pelo despautério.
Mas não quis perder a rima nem a piada.

Verdade é que, talvez, a medicina tenha avançado mais do que nossa anatomia.
Você já parou para pensar que há uns 100 anos a mulher talvez não chegasse a tal menopausa?
Ela nascia, procriava muito. Ou morria no parto ou morria muito, muito, muito velha. Isto é, aos 50 e poucos. Agora, passaremos um terço da nossa vida ou mais nessa condição.
Acho que daqui alguns séculos, talvez na nossa idade, estejamos engravidando, sei lá…

Mas voltando a meu tema: a tão estigmatizada menopausa.
Fiquei aqui pensando com meus botões.
A mulher mudou.
Os tratamentos apareceram.
Os sintomas amenizaram.
Tudo está diferente, menos o estigma de velha senhora menopausada.
Aí acho que achei uma simples e singela explicação.
A palavra!
Isso. A palavra é carregada de significados ruins.
A palavra MENO-PAUSA. Menopausa.
E se mudássemos a palavra menopausa?
Mudássemos para qualquer outra.
Tipo,  sei lá… Margarida talvez.
E aí Dominique, como está sua Margarida?
Ou Mafalda?

Alguma palavra que não remetesse a absolutamente nada.
E que déssemos novo significado a ela.
A partir de agora, significaria a fase em que a mulher está livre de usar O.B.!
Ou a fase em que não precisa mais se preocupar em engravidar.
Camisinha só para sexo seguro.
DIU never more.
Ou a fase que a mulher se sente um mulherão.
Livre e desprendida!
Totalmente Dominique!

Dominique - Menopausa
O que você acha?
Que palavra você daria para este período biológico e natural da vida que substituiria esta que começa com M…?
Proponho um desabafo coletivo que nos faça rir.
Que tal usar o bom humor para mudar um pouco a percepção do outro sobre nós?
Vamos pensar em um novo nome para combinar com nossa nova atitude?
Dê sua opinião aqui nos comentários!
Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

7 Comentários
  1. Menospausa. Porque essa não é uma época de PAUSAR nada! Sim, passamos por todas esses sintomas nada, mas NADA agradáveis. Sim todos, TODOS nos vêem com outros olhos (tipo fim da linha). Sim, todos os médicos dizem que tudo o que estamos sentindo é consequência da danada. Mas somos Dominiques ou não? Já passamos por tantas coisas. Bora encarar de frente? Bora derrubar todos esses estigmas?
    Quem sabe LIBERDADE não seja um nome mais bonitinho?

  2. Perfeito… nunca descreveram tão bem o que estou passando agora! Parabéns pela sensibilidade! E se usássemos a palavra “melhor pausa”… melhor no conhecimento do corpo, melhor nas escolhas e melhor na aceitação de quem a gente realmente é e quer?! Fica a sugestão!!!

    1. Querendo ou não, todas nós passamos por isso, né Sirlei? Como tudo na vida tem dois lados, não ia ser diferente nessa nova fase. Obrigada pela sugestão. Adorei!

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Sabe aquele show que marcou a sua vida? O meu foi esse…

Dominique - Shows

Acho que já falei um par de vezes que sou louca por música. Mais do que louca, né?
Bom, para moçada de hoje, deve ser estranho ouvir que, numa remota década de 70 e até de 80, não passávamos nem perto dos roteiros dos grandes shows internacionais.
Os discos, LPS, chegavam ao Brasil com meses e, às vezes, anos de atraso.

Imagine a minha felicidade quando soube que, em maio de 1977, a banda Genesis tocaria no ginásio do Ibirapuera!

Na verdade, a felicidade maior foi do irmão mais velho de minha amiga, Valentina, e de seus amigos. Eu até conhecia o grupo, mas pouco.
Na época tinha uns 12 ou 13 anos.
Implorei para que meus pais me deixassem ir.
E eles só deixaram porque o Carlito, irmão da Valentina, estava indo.

Nos encontramos na casa da Valentina e, por algum motivo, chegamos no Ibirapuera atrasados. O show já tinha começado.
Se nós meninas tínhamos 13, os responsáveis meninos que estariam tomando conta de nós tinham uns 15 anos, no máximo.

Moral da história, ao passarmos pelos portões, antes mesmo de entrarmos no ginásio do Ibirapuera, já estávamos sozinhas.
Querida, você bem sabe, naquela época não existia celular.
A maioria das pessoas ali eram intimidadores rapazes de 16, 17, 18 anooos!
Valentina e eu, sozinhas, na porta do ginásio, em nosso primeiro show de rock, ouvindo os emocionantes acordes finais de Squonk.

Era uma fria noite de maio. Yes darling… Naquela época fazia frio.
E resolvemos entrar exatamente na hora que Phil Collins arriscava algumas palavras em português.

Dominique - Shows

Impressionante como algumas coisas ficam registradas na memória.
Ele com cabelo! Sério!
Usando uma roupa clara larga.
Um cara com um baixo ou guitarra duplo, sei lá…
Fumaça… Muita fumaça… Tudo meio escuro.
Óbvio que não tinham lugares marcados.
Você entrava e se empoleirava onde achava espaço. E lembra que nós chegamos atrasadas?
E mais, não sabíamos direito como nos comportar.
Primeiro show.
Duas meninas.
Eu confesso, estava hipnotizada, excitada e com certo medo.
Na verdade, muito medo.
Medo de que Dominique?
Não sei ao certo. Sentia que aquela noite seria muito importante em minha vida.
Às vezes, você passa pelas situações sem realmente saber o peso que elas terão em seu universo.
Mas eu sabia.
Eu sentia. Sentia que aquela noite era um divisor de águas.
Dominique - ShowsAssistir um show ao vivo pela primeira vez foi estonteante.
Arrepiei.
Emocionei.
Paralisei.
Rock progressivo. Ou você ama ou você morre de medo.
E eu comecei a amar naquela noite.
Loooongaaasss músicas.
Quase épicas. Apoteóticas.
Cada melodia contava uma história com começo, meio e fim em seus acordes, com letras ou sem.
Na verdade, naquela noite comecei verdadeiramente a amar música.
Não só aquela que ouvia.
Mas música em geral.
Entendi tudo.

Assistir ao vivo o show dos Genesis aos 13 anos mudou minha vida…

Hoje ia escrever sobre os shows que marcaram minha vida. Era para ser um trechinho sobre cada show.
Mas acabei escrevendo muito e apenas sobre o primeiro show de minha vida. Sei lá. Fui escrevendo e foi dando vontade de escrever mais.
Precisa mais?

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

5 Comentários
  1. Fernando Mederios disse:
    Seu comentário está aguardando moderação. Esta é uma pré-visualização, seu comentário ficará visível assim que for aprovado.
    Somos 2, dentre muitos… Eu tinha 16! Como também marcante, lembro Q foi a primeira vez Q vimos Laser como espetáculo visual agregado a um show; e nós assistentes, riscávamos as pedras de nossos Bics e Crickets, formando uma constelação mágica. Nunca mais tive experiência próxima dessa; nem no primeiro Rock in Rio em 1985!!!
  2. Sou mais velhinho e o primeiro show no Brasil de uma grande banda internacional foi do Alice Coooper(tinha todos os discos) foi 1974 Palácio das convenções Anhembi não tinha grana mas o show fez tanto sucesso que fizeram um show no Pavilhão de exposições do Anhembi com 80 mil pessoas uns dizem 100 mil
    Bem mais barato fui e não esqueço até hoje épico

  3. Meu show inesquecível foi Hollywood Rock 1988 no estádio do Morumbi. Eu tinha vinte aninhos, era uma menina. E lá se foram 30 anos, uau!
    Inesquecível!!! Lulu Santos, Marina e o tão esperado Supertramp. Por ter sido o primeiro, teve um sabor diferente. Nunca esquecerei essa experiencia maravilhosa!

    1. Sou mais velhinho e o primeiro show no Brasil de uma grande banda internacional foi do Alice Coooper(tinha todos os discos) foi 1974 Palácio das convenções Anhembi não tinha grana mas o show fez tanto sucesso que fizeram um show no Pavilhão de exposições do Anhembi com 80 mil pessoas uns dizem 100 mil
      Bem mais barato fui e não esqueço até hoje épico

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Cordeiro bonzinho? Lobo feroz? Qual teu tipo de homem?

Dominique - Cordeiro

Passamos uma boa parte da vida tentando entender os homens…

Fracasso total. Cá pra nós, é pura pretensão nossa, nem nós nos compreendemos, ora essa!

O desafio começa na adolescência e não tem fim. Mulher é bicho teimoso, uma paca. Por que não jogar a toalha? É infinitamente menos cansativo e frustrante.

A cada dia me surpreendo mais com o comportamento da ala masculina. Intrigante demais para meus neurônios.

Os lobos em peles de cordeiro são muitos. Talvez em um número não tão expressivo sejam os cordeiros em pele de lobo.  Isso mesmo, cordeiros em pele de lobos, aqueles que se alimentam de fantasias para sobreviver ao tédio e à rotina do dia a dia. Estão casados, levam a sério o compromisso, “leais” e com caráter incontestável, não dão um passo fora do traçado. Sim, existem. Eles contentam-se só com os devaneios e deixam a imaginação rolar solta como um mecanismo de sobrevivência. Afinal, largar tudo para viver uma grande paixão demanda coragem, é para os fortes.

Há os que são lobos assumidos. Escancarados, declarados, só não enxerga quem não quer. Estão a fim e vão até o fundo para conseguir o que querem, claro que nunca rola o “the day after”. Sorvem paulatinamente o chá de sumiço e evaporam sem deixar rastros, só ansiedade, às vezes, alguma saudade. Correm atrás de paixões repentinas, totalmente sem compromisso, friends with benefits, o velho e bom “P.A”. Ninguém é de ninguém.

A mercadoria em falta são os meros gatos pingados (e que gatos!). Esses buscam viver uma paixão alucinante que, only God knows, transforma-se em amor, cumplicidade e amizade à toda prova. No final é isso mesmo que importa, certo? Ter alguém para conversar e para ficar quieto. Para chorar de rir e para chorar de chorar. Para partir numa viagem glamourosa rumo à Bali ou assistir uma maratona da série preferida embaixo do cobertor, comendo pipoca, o fim de semana inteiro.

Transar é bom? Ô se é. É pra lá de bom, mas só isso também cansa. É pouco, muito pouco. Sem falar que passa como tudo na vida. Nada dura para sempre, muito menos uma noite de sexo alucinante. Vamos combinar que nem todo dia queremos subir nas paredes como lagartixa, né? Tem coisa melhor que dormir de conchinha de vez em quando?

Cheguei à conclusão que o viés mais inteligente é parar de tentar entender. Ligo o sensor de crepúsculo para identificar quem quer aquilo que valorizo e o sensor de estacionamento para amarrar o meu pônei no arbusto (burro na sombra não é muito a minha cara). Adotei o padrão de qualidade ISO 9000 para separar o joio do trigo e ser feliz.

Nada de ficar com quem não tem o que eu quero para oferecer e o que eu quero é simples, mas para poucos.

Marot Gandolfi

JORNALISTA, EMPRESÁRIA, AMANTE DE GENTE DIVERTIDA E DE CACHORROS COM LEVE QUEDA PARA OS VIRALATAS.

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A vida está complicada? Então vamos falar de cabelo…

Dominique - Cabelo

Quando a procura por um simples produto de cabelo se torna um novo aprendizado.

“Você está em transição?” escutei atrás de mim. Olhei pasma para a vendedora. Estava em uma dessas lojas imensas de cosméticos, que, de repente, proliferaram, atrás de algum produto que ressuscitasse meu cabelo.

O que ela queria dizer com transição? Imaginou que eu estava tentando me livrar de algum vício. Ou estava sendo iniciada em uma seita. Ou adivinhou que estou mudando de área profissional?

Veio o esclarecimento: “Os seus cachos já estão pegando jeito”. Vi que se referia ao meu cabelo, mas não entendi o que queria dizer. Voltei para minha perplexidade diante da gôndola de produtos capilares com uns cinco metros de extensão. Para variar, estava paralisada, o que sempre acontece quando me deparo com excesso de oferta. Acabei saindo de mãos abanando.

Como estava decidida a dar um jeito no cabelo, fui pesquisar. Descobri não apenas o que a moça queria dizer com “transição”, mas também que havia surgido uma nova ciência para tratar de cabelos crespos agredidos por anos de química e manipulação térmica.

Diga-me – existe alguma área da vida que não esteja ficando cada vez mais complexa? Seja escolher um tempero no supermercado ou comprar um notebook, nada mais parece simples. Exige uma imersão no Google e muita consulta com especialistas.

No princípio, era apenas o xampu. Acho que nos anos 80, o condicionador (ou creme rinse?) sacudiu o mercado. Mas revolução veio mesmo com o creme de enxaguar, o milagroso leave in. Resolveu a vida de quem queria ter cabelos crespos que não vivessem em estado de frizz. Resolveu? Eu não sabia de nada, pobrezinha.

Como fez a Embrapa com a agricultura brasileira, algum órgão passou a pesquisar cabelos crespos com todas as ferramentas disponíveis pela ciência. Provavelmente, recuperar cabelos não tinha muita diferença de revitalizar terrenos degradados por séculos de queimadas e pesticidas. Ou desenvolver espécies menos agressivas ao meio ambiente.

O resultado impressiona. E me arrisco a dizer mais – a preocupação que nós, brasileiras, damos ao cabelo, talvez faça surgir um mercado tão promissor quanto se tornou o agronegócio. Quem sabe, logo, logo, a exportação de know how e itens capilares ocupará posição de peso na pauta de exportação do Brasil, com produtos de alto valor agregado.

Resumindo, a revolução no campo chegou aos cabelos. Tive um choque ao saber que o xampu virou um vilão. O prescrito agora é lavar o cabelo com… O condicionador. E só valem produtos livres de sulfato (o elemento responsável pela espuma) e de produtos derivados de petróleo. De preferência, orgânicos.

Além de hidratar, tarefa de dezenas de produtos, não se pode deixar de nutrir os fios. E lá se vai mais uma miríade de marcas para escolher. No lugar dos dois ou três produtos que usávamos, agora são seis ou sete. Conselho de amiga – não vá a uma loja dessas sem saber exatamente o produto e a marca que deseja. Ou aceite a sensação de profunda ignorância que toma conta da gente.

Depois de se entender sobre os produtos, chega a hora de se inteirar dos processos. Passar o produto, fazer espuma e enxaguar? Esqueça. Tem o jeito certo de movimentar o couro cabeludo, de umectar as mechas, de prender para conseguir melhor absorção… Você vai precisar de um manual de instrução.

Esse manual, com certeza, vai trazer mais uma surpresa – a classificação dos crespos segundo a dimensão dos cachos. Não são três ou quatro, superam os dez. Fiquei sabendo que os meus estão na categoria 3A.

Pensa que estou dando um furo de reportagem? É pura notícia velha, eu é que estava desinformada. Há muitos anos, a classificação oficial de cabelos circula entre os entendidos. Faz uns cinco anos, começou a se espalhar massivamente com a ajuda de centenas de blogs que promovem a redenção dos cabelos crespos.

Por fim, entendi a tal da transição. O termo não tem nada de religioso, porém, encontrei uma conotação filosófica. Para voltar ao seu estado original, o cabelo excessivamente manipulado (digamos assim) precisa passar por um período de desintoxicação, que exige muita paciência e persistência, às vezes, de dois anos.

E também desapego, porque os fios danificados são cortados bem curto para conseguirem crescer livres da dependência química. Muito parecido ao método do AAA – um dia de cada vez. Quando os cabelos estão crescidos, só se ouve falas de mulheres maravilhadas com a descoberta da beleza que tanto tempo tentaram negar.

Quantos vezes na vida não nos deparamos com essa exigência de superação, não é mesmo? A aceitação do fim de um ciclo profissional e a busca de outra forma de aplicar nossos talentos. Os filhos saem de casa e voltam com a própria família. Um casamento esgotado dá espaço a uma nova chance de amor. Aprendi muito com a intervenção daquela vendedora.

Inês Godinho

Jornalista, brasileira, ciente das imperfeições e das maravilhas da vida. Contradições? Nada causa mais sofrimento do que um texto por começar e não há maior alegria que terminá-lo.

2 Comentários
  1. Delicia de surpresa! Sabia q vc escrevia mas assim gostoso? Aprendi mt e tenho certeza que tb estou em fase de transição…E defasada nas informações sobre os famigerados crespos….

  2. adorei o texto, o humor , a leveza deliciosa e informativa do texto da Inês. Um primor> Como vitima de cabelos crespos, amei.

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