Dominique

Coisas de Dominique é onde histórias de mulheres são contadas. Histórias de mulheres que realmente têm o que contar.
Eliane Cury Nahas por vezes transcreve, por vezes traduz coisas que Dominiques (aquelas mulheres com 50 ou mais anos de histórias) contam. Surpreendentemente você se identificará com muitas delas, afinal #SomostodasDominiques

As flores, os nudes e as atitudes na arte de Georgia O’Keeffe

O que deve ter sido posar nua nos anos 20?
Imagine uma mulher na casa de seus 30 anos, ser fotografada nua por seu amante (ela solteira, ele casado) há 100 anos.

Ele, fotógrafo e quase 25 anos mais velho que ela completamente encantado por aquela mulher. Ela, artista, sensível e completamente apaixonada por seu mentor e marchand.

    O’Keeffe e Stieglitz Apaixonados

Ele, um dos mais famosos galeristas de sua época, logo reconheceu em sua amada todo potencial artístico. Apaixonou-se pela mulher, pela artista, pela obra e pela alma de Georgia O’Keeffe. Estava tão encantado que não bastava tê-la para si.  Era preciso materializar esse sentimento em fotografia que era o que melhor fazia Alfred Stieglitz.
Mas também não bastava admirar as imagens daquele lindo corpo maduro, do rosto forte e das sombras e luzes que revelavam pele e pelos. Era preciso que o mundo visse também toda aquela beleza de sua “criatura”. O mundo precisava saber que ela era dele.

O’Keeffe, na série de nude.

Assim convenceu Georgia O’Keeffe de que uma exposição das suas imagens em papel de revelação seria tão importante quanto de suas flores gigantes pintadas em tela. Qualquer mulher que já se apaixonou vai entender porque O’Keeffe permitiu essa exposição sem medir consequências.

Mas consequências, como assim? O que poderia acontecer com nu artístico?Se até hoje falar, posar, exibir ou até mesmo insinuar sexualidade e sensualidade incitam o machismo e o puritanismo em muitos de nós imagine em 1918.

 

Amo esta foto que deu origem a minha coleção de pernas cruzadas.

Bem, a exposição foi um enorme sucesso e um escândalo em igual proporção estigmatizando o trabalho daquela artista, que viria a ser considerada a Mãe da Arte Moderna Americana. Suas flores gigantes foram alvo de interpretações freudianas por parte dos críticos, que as relacionaram com vulvas.

Por mais que O’Keeffe negasse veementemente qualquer relação de sua obra com genitálias, ela só conseguiu se desvencilhar desse rótulo anos mais tarde quando sua pintura vinda de seu refúgio no Novo México, mostrou-se tão impressionante e potente quanto suas flores.

                                  Críticos sexualizaram obras de O’Keeffe

Ahhh, esqueci de dizer que quem não gostou nadinha da tal exposição foi a esposa de Stieglitz. Fez o que chamaríamos hoje de barraco. Todos sabiam que era exatamente isso que o apaixonado criador estava esperando para poder enfim viver seu grande amor com sua criatura. Casaram-se.

                   Stieglitz. &  O’Keeffe

Quanto mais crescia a notoriedade da obra de Georgia O’Keeffe, mais alucinado por ela ficava Alfred.
Até aparecer em sua galeria uma outra promessa. Bem mais nova. Preciso falar mais? A nova promessa não vingou nem como artista nem como amante mas fez com que a decepção e tristeza de Georgia a levassem para longe de NY. Não se separou de seu marido apesar de poucas vezes ter voltado para a cidade. Acabou viciando-se em solidão. Em seu rancho era plena. Observava o mundo ao seu redor de perto e com fome.

Sentava-se sozinha para assistir a luz e a sombra sobre o deserto e as montanhas. E se perguntava o que eu poderia fazer com aquilo: “Tudo isso me interessa muito mais do que as pessoas, parece que elas quase não existem.”

Ahhh, uma loner

           Georgia O’Keeffe

O’keeffe encontrava inspiração na natureza ao seu redor. A fauna a flora maneira como a luz refletia sobre as pedras, a hipnotizavam.

Em uma das 25.000 mil cartas (isso, vinte e cinco mil) trocadas com Stieglitz, ela descreve em detalhes a cena que ela via pela janela:

A terra rosa e as falésias amarelas ao norte a lua pálida prestes a se pôr no céu por de lavanda da manhã atrás de uma muito longa e bonita planície coberta de árvores ao oeste. As colinas rosas e roxas em frente aos cedros verdes abafados e esfarrapados e a sensação de muito espaço.

Genteeeee, que coisa mais linda!! Você não consegue quase que ver o que ela descreveu? Veja algumas pinturas do lugar e me diga se não é isso mesmo.

     As flores gigantes de Georgia O’Keeffe

E por que resolvi escrever tudo isso hoje?
Sou louca por sua obra e achei que seria uma maneira interessante de homenagear a primavera mostrando suas lindas e coloridas flores.

               Não me canso desses exageros

E qual não foi minha surpresa que pesquisando para escrever esse texto, descobri que esse 2018 é o ano do centenário da exposição de suas fotos.

Adooorooooo essas coincidências…

Veja também:

Pasta do Pinterest com muiiitos trabalhos de Georgia O’Keeffe

SP_Arte

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

3 Comentários
  1. Olá, bom dia!
    Existe um filme sobre ela “A vida e arte de Georgia O’Keeffe” com Joan Allen e Jeremy Irons. Não sei dizer se existe no Netflix. Mas vale muito a pena.

  2. Grata por nos levar em suas histórias e pesquisas . Qtas vidas interessantes tivemos em nossa humanidade … amores, encontros , desencontros … e .. a arte sempre rondando seres de Luz , Sofrimentos, desencontros … e… grandes Amores … deixaram heranças… as mais Inciveis Obras para a Humanidade . VIDA !!!!… entrelaçadas por diversas formas de AMOR

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Um evento, um cliente, uma amiga e muitas histórias

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Mastino

O restaurante Mastino caprichou!!

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Evento Dominique no Shopping Anália Franco

Hoje assisti algo muitíssimo perturbador. Saí diferente de lá.
Sim. De lá. Apesar de ser um vídeo do Netflix, embarquei na narrativa da pessoa. Foi uma viagem conturbada e emocionante.
Se já assistiu “Nanette” sabe do que estou falando mas se não assistiu digo que é algo necessário na vida da gente.
Uma amiga me recomendou e foi assertiva: – Você tem que ver!!!
Diante de tamanha ênfase não tive alternativa a não ser assistir imediatamente.

Agora, pensando, reconsidero minha recomendação.
Não.
Não é para qualquer um. Só alguém que te conhece muito bem pode fazer tal recomendação porque como me disse Consuelo ao falar dele, “acho que vai te tocar como me tocou. Cresci uma geração diante daquilo tudo”.
E batata!! A história da comediante Hanna Gadsby me pegou.

Como pode, a Consuelo em menos de um ano, me conhecer assim?
Conhecemo-nos por motivos profissionais em agosto/setembro de 2017. Para palestrarmos juntas em dezembro do mesmo ano.
De lá pra cá, nos encontramos poucas vezes, mas mais vezes do que muita amigona que mora São Paulo.
E toda vez que estamos juntas, temos uma sintonia tão boa!! Assunto pra mais de mês. Papos legais, divertidos e por vezes profundos.
Com ela aprendi o que é FOMO. Aprendi também  que somos muito melhores depois de uma taça de vinho.

Nossa primeira palestra rolou tão bem tão bem, que os presentes acreditaram que éramos amigas de infância mesmo.
Tanto que fomos chamadas para uma segunda que aconteceu esta semana.
A Cliente, o Shopping Anália Franco acreditou no projeto Dominique. Na força da mulher de 50, na Consuelo e em mim.
Quando digo A cliente quero dizer que o Shopping Anália Franco tem que ter alma feminina.  Sem sexismos toscos ou feminismos bobos, digo que poucas vezes fui tão bem tratada por um(a)  cliente. O respeito pelo fornecedor (nós) e pelas próprias clientes que estariam ali nos assistindo, é coisa de mulher no melhor sentido Yin e Yang.
O trabalho é importante. O dinheiro também. Mas todo mundo tem que estar feliz!! E estavam.

Elas ofereceram uma tarde inesquecível para 100 mulheres.
Fecharam um restaurante. Só para nós. Um cardápio super pensado. Para a  chegada, o durante e para o depois. Um inebriante espumante embalou nossas conversas.
E mimou. Mimou a todas nós, com gifts. Muitos Gifts. Quem não gosta de ganhar Presentes? Cada uma de nós saiu de lá com pelo menos 7 pacotinhos.
Yes darling. Pelo menos 7 pois algumas sortudas ganharam o sorteio de outras 10 prendas.
Aiiii Que delícia.

Agora quero falar das 100 mulheres que lá estiveram.
Mulheres bonitas. Alegres. E arrumadas.
Gente!! Elas se arrumaram para irem nos ver!!  Amigaaaaaa, olha que gente mais bacana!!
Entramos, Consuelo e eu, e o que vimos foi um monte de sorrisos. Senti uma felicidade no ar que dava pra pegar com a mão.
Meu nervosismo de principiante e foi dando lugar a Lili. Lili é como sou chamada por algumas pessoas. Lili é a amiga, a companheira, a cúmplice.
Mas não estava nervosa apenas por nao ter grande experiência em estar deste lado do palco. Mas pela responsabilidade diante de um cliente que me tratou a pão de ló.

Sou ansiosa sim. Sou controladora também. Tento há anos melhorar, enfim…A coisa é que  alguém acreditou no que eu falei! Alguém comprou meu sonho. E portanto, o mínimo que eu tenho que fazer é corresponder. Era um compromisso firmado!
Olhei tudo nos mínimos detalhes e claro, contei com ajuda de pessoas muito competentes. E agora, publicamente, aproveito para pedir desculpas . Talvez não tenha reconhecido o suficiente a dedicação de minha equipe.  Muito obrigada! Sozinha ninguém faz nada!

Mas como disse, estava nervosa, muito.
Tentei ensaiar e simplesmente não saiu.
Vc pode imaginar meu pânico?
Tentamos novamente. E eu travei de novo.
Comecei a ficar muitíssimo preocupada. Foi quando Consuelo me convidou para almoçar.
Me acalmou. Conversou. Pedimos um vinho que eu tomei sozinha.
Também já conheço um pouco Consuelo e sei bem que ela adicionou uma doçura extra em sua fala e em seu olhar. Vi que estava preocupada, mas ao meu lado, me entendendo, me desculpando e me apoiando.
E deu certo!! Entramos.  Falamos. Conversamos. Rimos. Vibramos.

Bom, o universo retribui. Quem acredita nisso?
O carisma de minha colega de palco é inegável. O carinho que aquelas 100 mulheres dedicaram a nós, mas principalmente a ela é um sinal. Sinal de que algo de muito bom Consuelo oferece a elas. E como disse, tb a conheço um pouco para saber da verdade e da emoção em cada palavra que falou.
As pessoas estavam lá para saber dela, ouví-la, vê-la. Acabaram conhecendo a Lili e sobrou carinho até pra mim.
Vi como Consuelo tratou cada uma daquelas 100 mulheres. Acredite ou não, ela conhecia a história de muitas delas, sem nunca te-las visto.
Minha amiga responde a cada mensagem recebida em seu blog. Ela se envolve na história das Dominiques, ela se interessa e sofre ou torce junto a cada uma delas. E de verdade, até pq só assim conta, né?

Todo discurso de Dominique girou em torno das histórias que temos para contar.
Pedi histórias para as Dominiques. Pedi que me contassem para que eu pudesse dividir com outras e para que nós, humildemente, tentemos mudar o olhar de uma sociedade para uma geração tão diferente de mulheres que somos nós.
Histórias. Muitas e diversas.

Lembra do tal universo que falei lá em cima?
Então. A hora que abri os mimos do shopping, olhe só o que era um deles :

A Shoulder sabe que Dominiques contam histórias!!

Nem se tivéssemos combinado.

E já voltando para casa, dando uma carona para Consuelo,  emendamos num de nossos deliciosos papos. E foi quando ela me recomendou Nanette. Ficamos no carro papeando, sabendo que não estaremos na esquina uma da outra nos próximos meses, e que na nossa vida corrida, nao sobrará tempo para papos ao telefone. Então aproveitamos nossos derradeiros minutos juntas. E foi aí que ela desceu do carro, e se despediu de mim com a seguinte frase:

– Muito obrigada por respeitar tanto o trabalho!

Pedi que repetisse pois achei que não tinha entendido direito. Mas era aquilo mesmo.
O respeito a que ela se referia, não era a SEU trabalho. Mas ao trabalho. De uma maneira geral.
Ela não individualizou ou trouxe para ela o meu respeito. Ela fez meu respeito soar muito maior pois referiu-se ao trabalho da maneira como eu o entendo.

Consuelooooooo!! Cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!!!

Veja as fotos do evento no Pinterest

Increva-se aqui e saiba antes quando será o próximo encontro!

Você conhece os Pequenos Encontros & Grandes Histórias da Dominique?

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

11 Comentários
  1. Foi fantástico conhecê-las pessoalmente, vocês são pessoas incríveis, super competentes, experientes e com um astral incrível. Obrigada pela tarde deliciosa, cheia de lindas histórias e trocas de experiências e energias boas! Estou feliz por ser uma nova Dominique!

  2. Lili e Consuelo, pena eu não ter ido desta vez..
    Vcs moram no coração ! Tão legal abrirem um espaço de troca, distração, reflexão,risadas, besteirol,choros, etc, etc..mas acima de tudo ,um espaço NOSSO. Sim, isso é possível, é merecido.
    Obrigada Dominiques, até o próximo encontro mas sempre por aqui, bjs

  3. Pena que não pude estar presente neste evento tão especial ; fiquei morrendo de tristeza por não ter remanejado meus compromissos. Pelas fotos, da pra perceber como foi intenso e e leve , alegre e descontraído o evento. . Parabéns Li ou Super LILI ou simplesmente Eliane e concluindo você É o Retrato vivo desta famosa guerreira Dominique! Mil pra vcs e todas Dominiqiues. Parabéns.

  4. Alessandra querida! Conheci nesse evento um outro significado para a palavra carinho. Que coisa mais bonita. O atral estava tao bom que minha impressao é que todo mundo saiu de lá mais feliz do que entrou. E isso deixou a Consuelo e eu em estado de graça.
    Vamos continuar o contato. Até por isso criei aquela página.
    Quem sabe, né?

    Beijos

  5. Menina… me identifiquei 100% no nosso encontro e também com tudo o que vc escreveu! Fiquei muito feliz com nosso memorável dia e por ter conhecido Dominiques tão incríveis quanto suas histórias! Obrigada pela oportunidade ímpar!

  6. Eu me apaixonei pela Consuelo em 2015 sem saber muito sobre ela… A gente conversava pelo Snapchat e fomos criando uma relação tão legal…. Que quando conheci ela foi tão mágico… Então catei os stories para ver a Consuelo… E matar um pouco da saudade… Vou esperar vocês em Floripa e vou levar minha mãe também…. Obrigada por tanto ensinar… Logo logo sou eu com 50 rsss

    1. Karolineeee, Estamos loucas pra fazer um encontro em Floripa..Quem sabe alguém nos convida, né??
      Vou adorar conhecer vc e sua mae!!

      Beijoss e até daqui a pouco!

  7. Imagino que tenha sido um encontro delicioso e memorável, não a conheço bem mas a Consuelo já acompanho há algum tempo e sei de sua delicadeza e atenção com todos.
    Espero que tenha mais encontros como esse para que possa deliciar nossa alma.
    Parabéns pelo trabalho e pelo respeito ao trabalho.

  8. Lili! Acredito que posso chama-la assim, sera
    Sorry pela falta de alguns sinais e acentos, computador novo e ainda não me acostumei com o individuo rsrs
    Delicia demais ver voce e Consuelo juntas – duas pessoas que me ensinam muito, sem ao mesmo ter ideia de que existo, me ensinam moda, cultura, comportamento, me sinto feliz quando encontro um tempinho e passo por aqui! Fiquei curiosa com uma coisa, talvez voce ja tenha explicado em outro post que não tenha lido – o que e FOMO – kkkk me ensina também
    Obrigada por ser uma Dominique e me ensinar a arte do empoderamento feminino! Forte abraco e um lindo dia p voce!

    1. Olá Paula, que delícia de mensagem!! Saber que fazemos parte da vida de alguém dessa maneira, me deixa muito feliz. Pq a ideia é essa!! É fazermos parte. O sentimento de pertencimento é importante em todos os momentos da nossa vida, mas quando viramos Dominiques é vital sabermos que nao estamos sozinhas.
      E FOMO = Fear of missing out – é o medo de estar perdendo alguma coisa. Saber que alguém está fazendo algo e COMO eu nao estou?? É a ansiedade de querer nao perder absolutamente nada.

      Querida, um grande beijo de sua amiga, Lili.

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O OLIMPO EXISTE – ep.1


Casei, descasei.
Neste meio tempo, vivi uma vida inteira e tive 2 lindos filhos.
Segui todo o modelito.
Separada, comecei outra vida quase que do zero.
Tive meus romances.
Uns mais sérios, outros menos.. e assim fui levando.
Quando fiz 50 anos bateu aquela micro crise básica.
Sempre fui mignon, aparentando menos idade.
Isso ajuda.
Modéstia às favas, pode-se dizer que sou uma mulher bonita.
Gente, estou tentando compor o quadro, ok? Não me exibindo.

Mas não adianta. Mesmo com todos estes predicados a crise bate.
E numa destas noites de baixo astral, baixa autoestima, moral baixo por conta do baixo RG, uma amiga maluquetes (se você não tem deveria ter. JÁ!!) me ligou para sair.
Insistiu. Passou em casa. Ela me amolou tanto que eu concordei.

– Carlinha, nós vamos à uma balada!!
– Balada, Nena? Tá louca? Que preguiça. Vamos no de sempre, vai.
– Não!!!
Bom, chegamos na tal boate (kkkk, sou antiga)
Um aglomerado de gente na porta!!
– Nena será que aconteceu alguma coisa? Tá todo mundo do lado de fora?
– Afffff, Carlinha. Credo… Esse povo todo tá fora querendo entrar!!
– Vamos ficar na fila??? Tá louca? Vamos emboooraaa.
– Querida, aqui eu sou V.I.P. Fique tranquila.

Bom… deixamos o carro com o manobrista, passando à margem daquele monte de gente se empurrando. Entramos por uma porta lateral, onde um leão de chácara (ainda se fala assim??) prontamente abriu a porta com um enorme sorriso ao ver Nena.

Entramos num ambiente escuro. Música insuportavelmente alta. Bate-estaca, obviamente.
Nena grita no meu ouvido.
– Vamos pro CAMAROTEEEE.
Chegamos ao tal camarote que, na verdade, não passava de uma mesa isolada por aquelas fitas amarelas, sabe?
Já tinha umas 10 pessoas no “local do crime”. kkk
Nena começa a me apresentar.
Meus olhos já adaptados à escuridão começam a perceber onde e com quem estou.
Oh my God!!!
Xóveeeenssss
São todos xóvensssssss.
Ela me apresenta para duas meninas. Acho que Tati e Ju. Ou Ale e Gio,tanto faz.
Saias do tamanho de minha clutch e pernas compatíveis!!
Regata? Que nada. Sabe aqueles trapinhos de seda presos por fios que deixam as costas inteirinhas de fora?
Queridaaaa!!! Sutiã, pra que??????????
Aí, os meninos… Ro, Bru, Gui, Rafa, Dani..
Gente, todos eles quase da idade de meus filhos!!
NENAAAAAAAA!!! O que nos estamos fazendo aqui??????
Quando ia para o meu segundo berro de desespero, Nena me dá um copo de sei lá o que e diz:
– Bebe, minha querida. Bebe que tudo vai fazer mais sentido.

Era um drink. Bonito!! Colorido!!! Numa taça linda!!
Experimentei.
Uma delíciaaaaaaa

– Nena o que é isso? O que? Não consegui entender.
– Fala mais alto. GIM COM O QUE???

 

Bom, e foi assim que eu me apaixonei.
Eu estava apaixonada pelo tal Clover Club e suas amoras .
Hipnotizada pelo encarnado de seu drink, comecei a achar a música mais divertida.
Já não me soava tão irritante.
– Gennnteeee e não é que dá pra dançar esse negócio??
Nena chegou pertinho e falou no meu ouvido.
– Carlinha, a noite é sua. Seja a pessoa mais importante, mais bonita, mais desejável, mais desejada desta balada hoje. Nem que seja só para você.

É impressionante o que umas frutinhas vermelhas num drink podem fazer por nossa autoconfiança! Ou seria a clara de ovo?
Bom, fato é que o sorriso apareceu.
A música entrou em meus poros e eu dancei deliciosamente.
Sozinha.
Na verdade, muito bem acompanhada, comigo mesma.
E de meu segundo Clover Club drink, é claro! Cheio de amoras…

Eu não sei dizer ao certo o momento em que eu já não estava mais dançando sozinha.
Deus grego, manja?
1m80 pra mais.
Braços fortes, músculos definidos.
Rosto quadrado.
Nariz de homem, sabe como é?
E colega, cabelo!!!!
Muiiiiito Cabelo!!!
Dançamos muito.
Num determinado momento, aquele Adonis se aproximou e bem pertinho de meu ouvido, perguntou o meu nome.
– Maia. MAIA. – Resolvi brincar. Mesmo que eu comigo mesma em uma piadinha que só eu entenderia.
– Que nome bonito, Maia.
Resolvi também que não perguntaria o nome dele.

O tempo foi passando.
É impressionante a intimidade que a música confere a pessoas que escutam juntas, numa mesma sintonia, não?
Esta intimidade duplica ou triplica se esta música estiver sendo dançada.
Ou seria o álcool o responsável?
Ahh. Sei lá.
Tanto faz.
O fato é que naquela noite, naquela madrugada, Maia e Adonis formaram um casal.

Só naquela noite, eu sabia bem.
Quer dizer. Eu sabia mais ou menos.
– My God. O que eu estou fazendo? – Me perguntei diversas vezes
– Você está se divertindo muitoooooooo, respondia  Maia, meu alterego temporário.

Adonis segurava o meu corpo com a segurança de um Zeus.
Aiiii, como era bom isso.
Aquele toque.
Aquela pele.
Aquele cheiro.
Aquela força.

Naquela pista eu já tinha saído do comando fazia algum tempo.
Deixei-me conduzir na dança e madrugada afora.
Tive medo que alguém ouvisse meus pelos se levantando, arrepiados cada vez que Adonis respirava perto de meu pescoço.
Eu sentia a respiração dele. Estava ofegante muitas vezes.
Quando, enfim, fomos para a saída da boate, eu não ofereci nenhuma resistência.
Vi apenas a Nena piscando, para sinalizar que não esperaria por mim. Eu já tinha arrumado carona.

Daí pra frente, as coisas foram acontecendo como toda a naturalidade e simplicidade que o sexo de boa qualidade merece!!
As brincadeiras no carro.
A entrada no apartamento dele.
O começo.
As brincadeiras na cama.
As muiiitaaasss e deliciosas brincadeiras.
A visão do Olimpo.
O banho.
A volta ao Olimpooooooo.
Tudo com muita intimidade.
Inclusive o soninho nos braços de Adonis.

Acordei meio assustada, mas possuidora de 100% da minha memória recente.
Assustada, mas muitooo feliz.
Quando estava me levantando para pegar minhas coisas e chamar um Uber, ouvi:
– Por que a pressa? Ainda é tão cedo. Vem cá, gatinha.
– Ahhh, Adonis. Eu preciso ir pra casa. Não avisei ninguém…
– Posso fazer uma pergunta? Por que você me chamou de Adonis a noite toda? Este não é o meu nome.
– Ahh querido… Não foi por mal.
Dei um beijinho. Saí da cama e rapidamente me vesti. Não via a hora de ir embora.

Já sozinha no Uber, na segurança da minha solidão e meu silêncio, abri um largo sorriso de prazer pela noite vivida.
Consegui viver uma noite de sonhos.
Não perguntei o nome do meu Adonis.
Não perguntei nada, na verdade.
Desta maneira, evitei a pergunta seguinte.
Sem nomes. E, principalmente, sem idades.
Ao sair do Uber, propositalmente deixei lá o papel onde Paulo anotou seus telefones e contatos com beijos carinhosos para Maia – a Deusa grega da fertilidade.

Você quer saber o que aconteceu com Maia? Leia aqui o episódio 2

Mais Episódios da Série:

Eliane Cury Nahas

Economista, trabalha com tecnologia digital desde 2001. Descobriu o gosto pela escrita quando se viu Dominique. Na verdade Dominique obrigou Eliane a escrever. Hoje ela não sabe se a economista conseguirá ter minutos de sossego sem a contadora de histórias a atormentá-la.

1 Comentário
  1. Gostei. Corajosa, há se eu tivesse metade da corage dela. Amei a história. . Parabéns Dominique de todas nós mulheres. …

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Menopausa is a bitch. E mais cedo ou mais tarde ela virá

Menopausa is a bitch.

Só quem ja passou por ela ou está passando entende. fiz um video blaster bem humorado contando todos os meus dissabores e calores deste momento.

Se você procurar aqui no site, vai ver que ja escrevi um monte sobre esse tema.

Mas sempre com muito bom humor e dicas para lidarmos com esta fase da vida de maneira leve, muito leve, porque de peso já chega o que ganhamos.

Ficha técnica do vídeo – Menopausa is a bitch.

Dominique de hoje : Regina Bittar
Direção : Cris Mariz
Roteiro : Eliane Cury Nahas
Produção executiva : Rita Urcioli E Claudio Odri
Figurino : Tigresse

Esta semana falaremos um bocado dela… Bem e mal! Veja aqui

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Dominique

Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!

10 Comentários
  1. A dominique acho qie estou entrando nesta faze! E posso falar? Não estou gostando nadinha… Muito choro calores horrivei a noite… O que faço? Obrigado por me ouvir

    1. REjane, passa…Eh ruim pra caramba..Mas passa. Procure seu/sua gineco, pq tem um monte de maneiras de aliviar os sintomas. Mas vai logo..Por que sofrer???

  2. A gente briga com todo e como a memória está ruim também, esquece… kkkk Essa foi ótima. (E o pior é que é verdade!)

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E agora, José? Somos eu e tu e tu e eu

Dominique - Eu e tu
Mesa posta para dois.
Naquela copa que por muitos anos 4 jantaram.
Hoje, somos só dois.
Aliás, não sei nem porque ainda ponho a mesa.
Seria tão mais fácil jantarmos na bandeja.
Em frente à TV.
Mas algo em mim diz que tenho de manter este ritual.
Tenho que fazê-lo para que tentemos nos olhar e nos enxergar.

Verdade é que, depois que os meninos saíram de casa, eu e o meu companheiro de jornada de mais de 30 anos estamos tendo de nos readaptar.
Seria esta a palavra?
Readaptar?
Ou reencontrar?
Ou reconhecer?
Ou redescobrir?
Não sei.

Foram tantos anos de correria, trabalhando, lutando, educando.
Sempre com ele. Sempre com o meu único e amado parceiro de vida.
Mas, pra falar a verdade, nem sempre o mesmo.
Tenho a certeza de que ele e eu mudamos muito ao longo destes anos.
Casamos e descasamos várias vezes.
Mas sempre um com o outro.
E sempre, além da vontade de estar com ele, do amor, do carinho, foram os projetos em comum que nos traziam de volta para a união.
E o maior destes projetos foram os nossos filhos.

Filhos estes que alçaram voo de tão bom que foi o trabalho que fizemos.
Sempre tivemos os nossos projetos individuais.
Mas os projetos conjuntos é que fazem os laços do casamento serem refeitos pelo tempo.
Muito fácil embarcar em algum sonho pessoal e ir navegando, deixando o outro a ver navios.
Difícil mesmo é voltar e atracar no mesmo cais.
Os filhos sempre são um motivo a mais para que voltemos.
Mas, cada vez que voltamos, voltamos diferentes. E encontramos pessoas diferentes.

Assim é a vida.
Aí, um belo dia ao chegarmos em casa, encontramos o silêncio.
As camas arrumadas.
As almofadas no lugar.
As luzes apagadas.
O fogão desligado.
O que vemos é aquele parceiro ou parceira de tantos anos sentado na poltrona, ansioso nos esperando, perguntando por que demoramos tanto.
Pergunta nunca antes perguntada.
Preocupação?
Não…Solidão.

Aí, olhamos um para o outro.
A mesa posta para dois.
E percebemos que daqui pra frente o que teremos serão grandes vazios e silêncios.
Ou não.

Eu e tu. Tu e eu.

Vem me conhecer.
Vou te descobrir.
Tenha paciência.
Não sou mais uma menina.
Mas tenho meus encantos.
Sei que você também, apesar dos anos, continua um rapagão.
Ambos faremos uma forcinha.
E reaprenderemos.
Só não podemos é deixar o silêncio e o vazio vencerem.

Você já viveu ou esta vivendo está fase da vida? Conta a sua experiência aqui.

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Dominique

Nasceu em 1964. Ela tem 55 anos, mas em alguns posts terá 50, 56, 48, 45. Sabe porque? Por que Dominique representa toda uma geração de mulheres. Ela existe para dar vida e voz às experiências, alegrias, dores, e desejos de quem até pouco tempo atrás era invisível. Mas NÓS estamos aqui e temos muito o que compartilhar. Acompanhe!

15 Comentários
  1. É a vida que segue…
    Calma e sossegada, sem pressa rsrs
    Por entre flores e pássaros não vejo o dia passar, só escuto uma vos baixa me chamando para o almoço,pois agora trocamos as preferências. ..ele vai cozinhar e eu cuidar do Jardim.Ah!quanto tempo esperava por isso.
    Não Hã filhos pra cuidar, não ha horários a cumprir, a melhor idade chegou, e por que não aproveitar o que temos de melhor.TEMPO…

  2. Lindo ! Bom momento para se redescobrirem e criarem novas expectativas! Novos objetivos? Conhecer aquele país que só os dois gostam…. infinitas possibilidades e quem sabe descobrirem novos gostos e cheiros? Fantástico texto!

  3. Há muita felicidade e alegria em cada ciclo e momento da vida! Não devemos deixar desperdiçados por falta de um olhar de amor!!

  4. A doçura existe em cada diferente fase da vida, a sensação de feliz percurso permanece e a eterna alegria de descobrir e se encantar com o novo!!

  5. É, a vida do casal é mesmo assim começa a dois, daí vem os filhos que crescem vão cada qual para a sua nova moradia e o casal volta ficar a dois.!!! É o ciclo normal.

  6. Não é mais eu e tu. Tu e eu. Você se foi, para outra mesa, para outros braços. Ficamos somente alguns dos nossos filhos e eu. O mais velho casou… A caçula foi trabalhar e morar em outro Estado … Criaram asas e voaram. O ninho não está vazio, ficaram dois filhos. Não coloco mais os pratos à mesa – cada um tem horários diferentes de sairem para o trabalho, de almoçarem, de voltarem para casa, inclusive eu – a não ser quando os quatro filhos estão em casa, em visitas rápidas, e são tantos os assuntos conversados, os papos colocados em dia… As promessas de se passar mais tempo juntos… As recordações da infância, as lembranças de momentos passados na companhia uns dos outros… Aí chegamos à conclusão que não valorizamos o tempo que os tivemos junto a nós, que hoje só temos as migalhas de seu tempo – escassos, corridos, sempre na azáfama de novos caminhos, novas rotas, que eles hoje percorrem sozinhos…

  7. Belo texto e reflexão, estamos também nesse exato momento passando por esses períodos de silêncio em casa e a mesa posta para nós dois, eu e minha esposa.

    E pior também é a distância que estamos, pois moramos em Manaus e temos uma filha que mora no RJ e o filho morando em SP, ainda bem que temos uma filha casado, que mora em Manaus.

    Mas creio que é assim mesmo que a vida faz conosco, outro dia eram todos crianças que estavam sob nossas responsabilidades, e o tempo passa e cada um vai seguindo seu caminho.

  8. Nesse momento também ! Os silêncios são tão tristes…parece que não sabemos mais o que dizer…não tem mais boletim para ser discutido , broncas para serem dadas, noites para levar e buscar na balada…sobre o que vamos conversar ? Alguém por favor me dá uma dica? Parece que a copa ficou enorme e estamos cada qual em um cômodo separado, olhando para seu próprio celular e falando com pessoas que o outro não conhece…triste, muito triste.

    1. Ana querida, projetos. Projetos em comum. Do mais simples ao mais…
      Quem sabe combinar um cineminha num dia fora de rotina?
      Ou convidar uns amigos para uma caminhada num parque ou trilha com caipirinhas e petiscos depois? Os projetos nao precisam ser grandiosos. Basta que sejam a dois. Combinados, planejados e executados a dois…

      1. Adorei as sugestões. Aqui somos eu e eu. E para piorar, pedi demissão da empresa onde fiquei por 10 anos. Me mudei para uma cidadezinha com 19 mil habitantes, onde ñ conheço ninguém. Ha dias, que penso que fiz a maior loucura da minha vida, e em outros me sinto uma aventureira

        1. Geane,

          Eu acredito que você tomou a melhor decisão. A chave está em aproveitar o tempo juntos, seja numa metrópole ou numa cidadezinha do interior. Reencontre seu amor, namore, morra de rir…pode ser no coreto da pracinha!

  9. Estou passando por isso neste exato momento. E a expectativa de redescobri-lo e ser redescoberta está enorme!

  10. Já me acostumei com este silêncio.
    Estranho a família separa e multiplica.
    Os filhos criam asas e acham outras asas pra acompanhá-los.
    Ai vem genro, nora e mais tarde as asinhas mais lindas os netos.
    Acho q este período de silêncio e para reaprendermos a viver a dois e se fortalecer pras novidades q a vida nos prepara.
    Afinal de contas fizemos estes mesma caminhos, e como pensamos na época?
    Vida q segue…

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